Acusações de filhotes e cães vivendo em condições desumanas em lojas de animais em San Diego, EUA

Acusações de filhotes e cães vivendo em condições desumanas em lojas de animais em San Diego, EUA

Duas cidades do Condado de San Diego, nos EUA, com lojas de animais vendendo cães, gatos ou coelhos, não possuem leis proibindo a venda de animais de criadores comerciais, e algumas lojas nessas cidades estão sendo acusadas de condições desumanas dentro das mesmas.

As lojas estão localizadas em Escondido e National City. Em uma loja, o programa NBC 7 Investigates descobriu entre 20 e 30 filhotes de cães vivendo em pequenas jaulas.

“20 filhotes estavam sendo tratados de condições de saúde de seriedade pequena a média. E os funcionários disseram que seis deles estavam em condições críticas”, a Agente de Controle Animal de National City, Jane Gordon, explicou durante uma reunião do Conselho dessa cidade em 2016, após ter inspecionado a National City Puppy.

De acordo com Gordon, havia 86 filhotes de cães e três gatinhos na loja naquele dia.

“Eu estou um pouco preocupada. Alguns dos filhotes de porte grande… havia cerca de três a quatro por jaula”, ela contou ao Conselho.

A National City Puppy nunca foi citada e seu proprietário contou ao NBC 7 Investigates que um veterinário checa todos seus filhotes e dá o tratamento médico caso algum deles esteja doente.

Na reunião de 2016, Gordon continuou descrevendo as práticas questionáveis que algumas lojas seguem para receber os cães. Ela explicou que eles normalmente vêm do Centro-Oeste. Eles vão do criador para um canil, depois para o vendedor e então para o pet shop.

“Criadores reputáveis nunca, jamais vendem para uma loja de animais”, disse a ativista de direitos dos animais, Andrea Cunningham. “Eles não vendem para alguém às escuras. Eles querem te conhecer e que você os conheça e veja onde o cão será criado”.

Cunningham é líder do “Not One Animal Harmed” (Nem Um Animal Prejudicado), um grupo de defesa animal. Ela contou ao NBC 7 Investigates que condições como estas levantam preocupações para um número de cidades ao redor do contado, fazendo com que várias aprovem uma lei proibindo lojas de animais, com exceção dessas duas cidades: National City e Escondido.

David Salinas é proprietário de lojas nas duas cidades: Broadway Puppies, em Escondido, e National City Puppy.

O NBC 7 Investigates falou com Salinas pelo telefone. Ele não disse de onde os filhotes vinham.

“Não digo para esta entrevista, mas certamente para nossos clientes que vêm até à loja”, Salinas disse.

Ele acrescentou que suas lojas exibem o criador e as informações básicas do filhote abertamente, algo que não é exigido por lei.

Quando o NBC 7 Investigates visitou Broadway Puppies, cerca de 20 filhotes exibidos na loja não possuíam as informações do criador.

“Eu tenho certeza que você nos visitou em uma hora onde os filhotes estavam sendo colocados nas jaulas ou sendo deslocados”, Salinas disse.

Rio Quinn e seu marido contaram ao NBC 7 Investigates que eles se lembram do momento quando viram um filhote de Vizsla (Braco Húngaro) pela primeira vez, o Scotter, dentro de um jaula em outra loja, a Carlsbad Pets.

“Ele estava tossindo, foi horrível, absolutamente horrível”, Quinn disse. “Eu simplesmente não o podia deixa-lo lá. Então eu entrei e o comprei”.

Após consultas com dois veterinários diferentes, Scooter foi diagnosticado com tosse dos canis, pneumonia severa e testou positivo para cinomose, uma doença viral prevenida com uma vacina.

“Foi tudo absolutamente horrível e ele acabou vivendo conosco menos de 30 dias e teve que ficar hospitalizado por quase duas semanas nesse período”, Quinn disse.

O casal foi obrigado a dar Scotter para um grupo de resgate de Vizslas, que determinou que suas doenças eram muito graves. Ele teve que ser eutanasiado.

“Não havia nada que eles pudessem fazer”, Quinn explicou. “Seus pulmões estavam falhando. Ele precisava de um tratamento que custaria quase US$ 26.000.”

Seu amado filhote foi embora.

“Scotter veio de uma fábrica de filhotes em Iowa, com mais de 300 cães nas instalações na época da sua última inspeção pelo USDA (Departamento de Agricultura dos EUA), ao que se sabe”, disse Cunningham.

De acordo com Cunningham, Scotter foi comercializado como um filhote oriundo de um criador caseiro.

“Eu não sei sobre você, mas eu não consigo colocar 300 cães em minha casa”, ela acrescentou. “Você consegue?”

Quinn processou a Carlsbad Pets após a morte de Scooter para conseguir de volta o dinheiro que tinha gastado com o animal. Um juiz decidiu em seu favor, exigindo que a loja pagasse a Quinn mais do que os US$ 3.000. Ela ainda está esperando pelo pagamento completo.

No ano passado, a Cidade de Carlsbad votou pela proibição da venda no varejo de cães e gatos vindos de criadores comerciais, fazendo com que a Carlsbad Pets fechasse.

Em National City, após terem ouvido sobre as constatações da agente de controle animal Gordon, o conselho votou contra uma lei similar. Em Escondido, nenhuma lei foi proposta, apesar de alguns membros da comunidade estarem exigindo uma.

O NBC 7 Investigates descobriu documentos mostrando contribuições de campanha no valor de US$ 3.000 de Salinas para o membro do conselho de Escondido, Mike Morasco.

Salinas disse ao NBC 7 Investigates que sua justificativa para os pagamentos é simples.

“Nós não temos nenhum problema em apoiar qualquer candidato que nos apoie. E não somente Morasco, mas qualquer outro membro do conselho da cidade”, Salinas disse.

Morasco disse ao NBC 7 Investigates que ele acha que uma lei para regulamentar lojas de animais não é um problema legislativo local, é estadual ou federal.

Enquanto isso, Salinas e outra loja, a Escondido Pets, disseram ao NBC 7 Investigates que eles estão trabalhando com lobistas em Sacramento para tentar impedir essa legislação, a AB 485, que proibiria os donos de lojas de animais de venderem cães, gatos ou coelhos nas lojas, a menos que eles venham de um abrigo.

“Nós somos uma loja que vende filhotes, não somos uma loja que vende produtos para animais de estimação”, Salinas disse. “Quando você remove o direito de vender cachorrinhos, gatinhos e coelhos da venda no varejo para o consumidor, então isso nos coloca fora dos negócios”.

O projeto de lei está atualmente no âmbito da Assembleia e precisará ser votado até o dia 2 de junho, ou terá que ser reintroduzida no ano que vem.

Por Ashley Matthews e J. W. August / Tradução de Alice Wehrle Gomide

Fonte: NBC Sandiego


Nota do Olhar Animal: Não importa se o criador é de “fundo de quintal” ou legalizado, todos transformam os animais em meras mercadorias quando os comercializam, com a cumplicidade de quem os compram. Neste sentido, incentivar a venda de animais, mesmo os oriundos de abrigos, é um fenomenal equívoco, um contrassenso. As autoridades e ONGs que apoiam a medida acabam por reforçar a ideia de que os animais são coisas, são objetos, incentivando assim que sejam tratados como tal. Além disso, várias situações de maus-tratos são comumente relacionadas a esta atividade. Vão desde forçar as matrizes a reproduzir constantemente até manter elas e suas crias em condições precárias, passando por descartar (abandonar ou matar) animais fora dos padrões estéticos estipulados, por não se importarem/verificarem a aptidão do comprador para tutelar o animal (pagou, levou), etc. Não seja cúmplice disto. Não compre, adote. Há milhares de cães e gatos esperando por um lar amoroso. Preencha um Formulário de Adoção, que ajudaremos você a encontrar um animal para adoção.

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