Animais, futebol e ética: a “bola fora” das torcidas

Animais, futebol e ética: a “bola fora” das torcidas

Por Luh Pires

A humanidade está chegando no mais profundo colapso, não há mais senso do ridículo, noção daquilo que é extremamente errado, uma agulha num palheiro encontrar um homem de honra e moral ilibada. No meu tempo, até bandido tinha código de ética: não fazia mal para crianças, nem idosos, nem animais.

O que faz torcedores ensandecidos de clubes de futebol irem muito além do objeto de torcer para o seu time? No ápice da embriaguez pelo desejo de “vencer”, surgem condutas imorais tão estapafúrdias que, não raro, levam indivíduos a expor animais – seres extremamente sensíveis ao barulho, â gritaria, ao ambiente grosseiro das arquibancadas -, a serem usados como alegorias de torcida.

Os clubes devem ser responsabilizados a cada vez que um torcedor fanático promover maus-tratos; e entenda-se por maus-tratos, o simples ato de retirar um animal de seu ambiente natural e levá-lo a um estádio.

Em Goiana, a história se repete sem represália dos clubes: Lúcio Nunes, um torcedor conhecido por levar galos nos jogos do Anápolis no estádio Jonas Duarte, desta vez, chocou o país, levando um porco, na verdade, um filhote de aproximadamente 4 meses para as arquibancadas do Olímpico na partida entre Atlético-GO e Palmeiras, neste domingo (15), pela 28ª rodada da Série A do Brasileiro.

Me pergunto: “Por que uma criatura dessas não pendura uma melancia no pescoço enquanto dança ‘Robocop Gay’, se quer manchete nos jornais?

Não precisa ser protetor, não precisa nem ser lá muito inteligente ou sequer gostar de animais, a questão aqui é não maltratar, é respeitar o direito dos seres sencientes.

A esses clubes, falta a consciência de que animais não são só cães e gatos (muito embora há histórias contumazes de violência aos gatos nos estádios). Animais são todos os seres sencientes que sentem dor, frio, medo e que têm direito à vida.

Levá-los para fomentar entretenimento é o último estágio da degradação humana. Clubes e estádios que permitem essa atrocidade promovem a dessensibilização, violência e a estupidez.

Ao homem de moral ilibada que citei lá em cima, que tinha a honra na ponta do bigode, que se via até no bandido ralé que mantinha um código de ética de não fazer mal aos vulneráveis, parecia fácil o entendimento: há uma linha que separa o certo do errado e a graça perde a força quando atravessa essa linha.

Não faz sentido, já que o “porco” é o mascote do Palmeiras desde 2016, ser maltratado. Aliás, mascote deve ser amado, protegido. Morrer a pauladas, facadas e sofrer todo tipo de violência é uma desgraça tão grande, ainda mais para uma criatura que não pediu para ser mascote, nem peça de uma atração dantesca, nem para virar churrasco. E isso vale para o porco, para o gato, para o galo…

Fonte: Olhar Animal


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