Apesar de proibição, populares prendem touro a poste e ateiam fogo aos seus cornos em Portugal
Tendo tomado conhecimento de que estava prevista uma “Picaria de Touros/Picaria à Vara Larga” no dia 24 de junho, pelas 12h, e um espetáculo de “Touros de Fogo”, para o dia 22 de junho pelas 0h30m, no âmbito da “Festa da Amizade”, a Associação ANIMAL apelou ao envio de mensagens ao presidente da Câmara Municipal de Benavente e ao comandante do Posto Territorial de Benavente da Guarda Nacional Republicana, que figuram, inclusive, entre os apoios da Festa da Amizade, por forma a impedir estas práticas.
Na missiva sugerida pela ANIMAL, é sinalizado que “as ‘picarias’ são eventos tauromáquicos que não fazem parte da tradição tauromáquica portuguesa” e que “consistem na utilização de varas para picar os animais usados nestes eventos”, provocando “aos animais um sofrimento tão grande quanto aquele que lhes é infligido na sorte de varas”, que é uma prática proibida.
Neste contexto, a associação defende que, “as ‘picarias’, por se equipararem a esta prática, estão, por implicação, igualmente proibidas”, pelo que o evento anunciado para Benavente não devia ser permitido.
Por outro lado, a ANIMAL refere que os “Touros de Fogo” são “festas tauromáquicas próprias apenas de algumas localidades espanholas, nomeadamente Valencia, nas quais os touros são presos pelos cornos a postes, sendo-lhes colocados, através de hastes, bolas de alcatrão ou pez, às quais, como material inflamável que são, é pegado fogo”.
“Segundo testemunhos de médicos veterinários e especialistas em comportamento animal, o sofrimento físico que os touros experienciam quando os seus cornos ficam a arder é muito grande”, alerta a organização não-governamental (ONG), que acrescenta que “a isto acresce o sofrimento psíquico que resulta de estarem nestas circunstâncias, querendo libertar-se do fogo que arde nos seus cornos e não sendo capazes de o fazer”.
Programa da “Festa da Amizade”, que conta com os apoios da Freguesia de Benavente, da Câmara Municipal de Benavente, da Guarda Nacional Republicana e da Associação Humanitária Bombeiros Voluntários de Benavente.
A ANIMAL lembra ainda que, no seguimento de uma providência cautelar requerida em 2006 a propósito de um evento de “touros de fogo”, o mesmo foi impedido por ordem de um Juiz do Tribunal de Santarém.
Mediante a adesão massiva ao apelo da ONG, com o envio de milhares de cartas para a GNR e para a Câmara de Benavente, bem como os inúmeros protestos publicados na página de Facebook da autarquia, liderada pela CDU, o espetáculo “touros de fogo” acabou por ser proibido. A confirmação final foi recebida a partir do Comandante do Destacamento de Coruche da GNR, passada através do oficial de serviço do Comando Territorial de Santarém da GNR: “Não está autorizada a prática que denunciámos como ilícita, conhecida como “touros de fogo”.
Ainda assim, a iniciativa concretizou-se: “Como testemunharam, ao longo dos últimos dois dias fizemos absolutamente tudo que estava ao nosso alcance para impedir a barbaridade extrema em Benavente. Ainda assim, e mesmo com a confirmação de que não poderia acontecer, aconteceu. De forma ainda mais torpe do que seria suposto, mas parece que aconteceu mesmo”, informou a ANIMAL na sua página de Facebook, garantindo que já acionou “todos os meios legais que são possíveis para que ninguém saia impune”.
“As pessoas não podem continuar a pensar que vivemos numa ‘República das bananas’ e as autoridades a assobiarem para o lado”, escreveu a ONG.
De facto, um conjunto de populares amarrou um touro a um poste, para que o mesmo ficasse praticamente imobilizado e sem qualquer margem de defesa, e colocou fogo-de-artifício nos seus chifres, como mostra um vídeo publicado no Facebook pelo grupo IRA (Intervenção e Resgate Animal).
Assista ao vídeo clicando aqui.
Questionada pelo Jornal de Notícias, a GNR de Benavente confirmou o sucedido e assegurou que está a “tomar diligências no sentido de identificar os responsáveis pela iniciativa”.
Fonte: Esquerda.net