Área rural de cidade vizinha a Curitiba (PR) vira ponto de abandono de cachorros

Área rural de cidade vizinha a Curitiba (PR) vira ponto de abandono de cachorros
Cadela abandonada com filhotes na estrada do bairro Marmeleiro, em Almirante Tamandaré.

O problema de abandono de animais, especialmente cachorros e gatos, é latente em áreas menos habitadas de Curitiba e Região Metropolitana. A Sociedade Protetora dos Animais (SPAC) não tem números oficiais, mas estima que ao menos um cão é deixado nas ruas por dia na Grande Curitiba. Se a questão não é tão comum em áreas mais centrais, algumas vizinhanças convivem praticamente todos os dias com o problema, e até cogitam espalhar placas para tentar amenizar a situação.

Moradora do bairro Marmeleiro, na área rural de Almirante Tamandaré, a analista de marketing digital Ane Caroline Balmant convive periodicamente com tal realidade. “A gente quer colocar as placas na estrada para ver se serve de alerta, para não deixarem os animais lá. É o que podemos fazer, queremos algo que comova, porque as pessoas precisam ter ciência de que isso é crime, que não pode ser feito”. Semana passada, foram dois abandonos de cachorros em frente à sua casa, a última, na sexta-feira (25), uma cadela com seis filhotes.

Abandonar animais é crime, previsto pelo artigo 32 da Lei 9.605/98, a Lei de Crimes Ambientais. A punição para quem comete tal delito é de detenção de três meses a um ano, além de multa. As sanções podem ser aumentadas em caso de morte do animal.

Ane Caroline conta que ela e o marido vivem há cinco meses no local e já adotaram cinco animais abandonados perto de casa. “A situação é bem complicada. Além do abandono, é perigoso o bicho solto na rua, pode causar acidentes, incomoda os moradores, pode trazer doenças”, afirma.

Segundo a SPAC, de fato os casos mais comuns são de pessoas procurando áreas isoladas, com baixa densidade populacional e baixa circulação de pessoas, para deixar os bichos. Para a Rede de Proteção Animal da prefeitura de Curitiba, existe uma impressão de segurança em abandonar o animal em locais assim. “As pessoas têm a falsa sensação de impunidade em áreas mais afastadas. Locais mais isolados e com pouco movimento favorecem o abandono”, relatou Vivien Midori Morikawa, chefe da rede.

Tem gente em situação mais complicada no bairro Marmeleiro em Almirante Tamandar. Tia e vizinha de Ane, a agricultora Gracilia Krizizanovski já recolheu 15 animais abandonados. A analista de marketing digital afirma que a vizinhança se reúne para cuidar dos animais, mas que adotar todos é inviável. “O pessoal cuida, até para os animais não procriarem, mas é um incomodo. Eles simplesmente jogam os bichinhos lá. Os animais degradados a gente cuida. Mas é difícil, porque a gente acaba virando acumulador e gera muita despesa”.

Falta de informação

Ane reclama da falta de informação, já que acredita que muitos abandonam os animais por não saberem o que fazer com eles. E cobra mais atuação do poder público. “Deveria ter uma educação social, as administrações municipais precisam informar sobre os transtornos, não só empurrar o problema. É preciso informar o que as pessoas devem fazer. Falta informação para a sociedade”, reclamou.

Segundo Vivien, não existe um procedimento estabelecido para quem não pode mais ficar com o animal. A Rede orienta as pessoas a aproveitarem as formas de comunicação por redes sociais para encontrar pessoas engajadas com esse tipo de necessidade. Existem também ONGs e associações que ajudam na doação. A própria Rede de Proteção Animal pode dar indicações às pessoas, por meio do telefone 156.

Por Felipe Raicoski

Fonte: Gazeta do Povo

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