Associação que resgata animais tem mais de R$ 20 mil em dívidas e pede ajuda

Associação que resgata animais tem mais de R$ 20 mil em dívidas e pede ajuda
Juliana Alves/CMT

Uma chácara localizada em Cuiabá (MT), logo após a Fundação Bradesco, Rodovia Emanuel Pinheiro, estrada de acesso a Chapada dos Guimarães, é refúgio para pelo menos 170 gatos e mais de 30 cachorros. O local é a sede da Organização de Proteção Animal de Mato Grosso (OPAA MT), uma associação sem fins lucrativos, que começou como abrigo aos animais e sem ajuda já acumula uma dívida de mais de R$ 20 mil e necessita de todas as formas de doações, como dinheiro, remédios, rações, materiais de limpeza e outros, para se manter e dar uma vida digna aos pets resgatados.

Ivone Galindo é a responsável pela associação e contou ao Circuito Mato Grosso que desde sempre resgatou animais de rua. Ela, que é investigadora de polícia, chegou a ter mais de 100 animais apenas em sua casa, se mudou, vizinhos reclamaram, os animais resgatados receberam diversas ameaças de vida e ela resolveu conquistar um lugar apropriado e registrar há cinco anos a OPAA em cartório, acreditado que conseguiria mais ajuda. Um engano.

Como associação sem fins lucrativos, Ivone acreditou que conseguiria alguma ajuda do poder público, mas tudo sempre fica na promessa e possibilidades, nada concretizado, segundo ela

“Nós temos aproximadamente 200 animais. São mais de 50 gatos em tratamento na minha casa. Algumas são fêmeas que estão no cio, não tenho como castrar e elas ficam lá esse período. Aqui tem cerca de 40 cachorros e mais de 170 gatos”, relatou Ivone.

A investigadora disse que o espaço não tem estrutura pra nada. “Só eu que cuido, alguns amigos tentam ajudar, eu trabalho o dia inteiro e tem dias que penso em desistir”. Com tantas dificuldades, ela explica que se sente cansada, tem problemas de saúde que vai sempre deixando para depois, pois não tem quem fique cuidado do abrigo enquanto ela se cuida.

Ivone mostrando onde ficam os filhotes e as fêmeas, que inclusivem adotam filhotes sem mãe.

“Eu não posso deixar de vir. Eles (os animais) estão aqui me esperando, só tem a mim. Eu trabalho o dia inteiro, chego aqui de noite e às vezes fico até as 02h da manhã, cuidando, limpando…”.

Ela afirmou, ainda, que as pessoas levavam seus animais resgatados para ela com o compromisso de ajudar a mantê-lo com medicamento e ração, mas muitos simplesmente não tinham o comprometimento e a abandonava com o pet.

Atualmente, Ivone paga R$1.500 de aluguel na chácara que conseguiu localizada na estrada que leva até Chapada dos Guimarães. Ela deve mais de R$20 mil em consultas veterinárias, medicamentos e ração, entre outros produtos e serviços que os seus animais precisam.

“Esses animais aqui não têm nada. Eles só têm a mim e as poucas pessoas que se importam com eles. Eu já cheguei aqui, sentei e chorei. Eu não consigo deixar eles passarem necessidades. Venho trazendo na marra”.

Sócios e doações

A investigadora conta que sempre tem animais com algum tipo de problema e há, por agora, pelo menos 15 gatos e três cachorros com otite, inflamação no ouvido, e necessita de remédios.  Ivone busca ajuda voluntária, qualquer tipo de ajuda.

Doações em dinheiro, em ração, em medicamento, produto de limpeza ou voluntários que ajudem na limpeza da chácara são bem vindos.  Inclusive, quem puder buscar doações em regiões da cidade que ela não consegue por falta de tempo e locomoção, podem ajudar.

As despesas mensais da OPAA passam de R$10 mil. Ivone relatou que todo dia gasta pelo menos um saco de ração de 20 quilos para os gatos e 10 quilos diários para os cachorros. “São quase R$300 por dia só de ração seca. Isso fora os animais que precisam, por exemplo, de ração pastosa. E tudo isso depende basicamente de todo o meu salário e mais um pouco”.

Ivone ressalta que seus planos são tornar a OPAA autossuficiente em 2019. Ela está providenciando conta jurídica e realizando cadastro de pessoas que possam se associar e doar mensalmente qualquer valor para a associação.

“Nessa conta é para entrar todo o valor necessário para a manutenção dos animais, até para outras ações que planejamos. A OPAA depende basicamente do meu salario. E seu não puder mais? O que será disso aqui?”, se preocupa.

Com a urgência na falta de dinheiro da associação, por enquanto, as doações estão sendo depositadas na conta pessoal dela, como sempre foi, pois ainda não tem a conta jurídica.  Pelo menos 30 pessoas já se comprometeram e Ivone garante que pode ser qualquer valor, mas quem doar pelo menos R$20 reais terá alguns descontos em lojas parceiras.

Vai ser possibilitada a compra de ração mais em conta, medicamentos, consultas veterinárias e até mesmo castrações. Quem tiver interesse em colaborar pode entrar em contato com ela através do telefone (65) 9 9641-0879.

A OPPA precisa de doações e busca cadastrar sócios para ajudar mensalmente.

Parte do gatil.

As doações voluntárias podem ser depositadas nas seguintes contas: Banco do Brasil, agência 2128-8, Conta Corrente 8963-X. Ou na Caixa Econômica Federal, agência 1496, Conta Poupança 9553-5, operação 013. Todas em nome de Ivone da Costa Galindo, CPF 474.581.191-87. Os animais precisam do dinheiro com urgência.

Adote um pet resgatado

Quase 200 animais estão disponíveis para adoção. Ivone só não doa os idosos e os que já foram adotados, mas devolvidos por não conseguirem se adaptar.

“Os idosos não, pois eles já estão mais tempo no abrigo. Cada animal tem um nome, uma personalidade, uma individualidade, seus hábitos, sua turminha e na cabecinha deles aqui é o lar deles, não um abrigo. Muita gente vê isso aqui e pensa que é apenas um monte de bicho e não é assim”.

Ela explicou que alguns não se adaptam ao novo lar e acabam até mesmo entrando em depressão. “Os animais que estão na rua, em sofrimento, às vezes se adaptam mais fácil já que não tinham uma referência de lar”.

Como existem muitas pessoas que adotam e não são responsáveis. Por isso analisa alguns critérios antes de dar um animal para uma pessoa. Entre os critérios para adoção, o que ela leva mais a sério é o acesso do pet à rua.

“As pessoas acham que eu sou muito chata, mas é um risco muito grande. Eu já perdi gato envenenado, que sumiu ou que cachorro matou. E não é difícil evitar, da para telar janela, portão Bichinho seguro é bicho dentro do seu quintal”.

Por Juliana Alves

Fonte: Circuito Mato Grosso

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