Caçador de troféu paga US$ 100 mil para matar a cabra selvagem mais rara

Caçador de troféu paga US$ 100 mil para matar a cabra selvagem mais rara
John Amistoso posa com outra cabra markhor que ele matou em março de 2017. - Foto: Facebook/Grand Slam Clumb

Ele era tão lindo. Com seus deslumbrantes chifres enrolados, que podem ultrapassar cinco metros de altura, as cabras markhor (ou cabra-selvagem-paquistanesa) lembram uma criatura direto de um conto de fadas.

Mas para os caçadores de troféus, este é apenas um motivo a mais para matá-las.

Na semana passada, um caçador americano chamado John Amistoso fez exatamente isso, pagou US$ 100 mil para percorrer as montanhas remotas do Paquistão para atirar e matar o animal ilustre. A espécie não é apenas o animal nacional do Paquistão, mas é também classificada como ameaçada pela Internacional Union for the Conservation of Nature – IUCN (União Internacional de Conservação da Natureza).

Menos de 6.000 destas cabras raras existem na natureza e, segundo a IUCN, a caça continua sendo o principal risco para a espécie.

“[Esta cabra foi] leiloada para a caça de troféus pelo governo de Gilgit – Baltistão, no Paquistão, em  seu programa de preservação da comunitário”, declarou Babar Khan, diretor do World Wildlife Fund (WWF) no Paquistão, ao site The Dodo, o qual trabalhou com o governo paquistanês para ajudá-lo a programar a caça em suas campanhas de preservação. “Esta é uma abordagem de preservação incentivada contra ameaças de caça à vida selvagem em comunidades remotas e desfavorecidas das montanhas do Paquistão”.

O programa de caça que matou esta cabra foi fundado em 1995, pelo WWF e pelo governo de Gilgit – Baltistão, declarou Khan, e visa reforçar as unidades anticaça, melhoria do ambiente e da educação da comunidade. Permitir a caça de troféus também conduziu a um “aumento significativo” na população de cabras-selvagens-paquistanesas, diz o WWF.

Foto: Shutterstock

No entanto, outros grupos de bem-estar dizem que são extremamente céticos quanto aos valores de conservação efetivos que esta caça oferecerá, e quanto à ética. É raro que fundos angariados por meio destas caçadas acabem nas mãos da comunidade, e os críticos alegam que isso promove uma falsa crença de que matar animais ajudará a aumentar suas populações.

Alguns até assemelham esse assassinato com o do leão Cecil, quando em 2015 um caçador de troféus americano pagou US$ 54.000 para matar um leão protegido e causou comoção entre os apaixonados por animais. Na África, onde Cecil foi morto, menos de dois por cento da receita de caça de troféus entra na economia local.

John Amistoso posa com um markhor Suleiman (uma subespécie diferente) que ele matou em janeiro de 2017, no Paquistão. – Foto: Facebook/ Grand Slam Club

Para Iris Ho, especialista sênior em programas e política de vida selvagem da Humane Society International (HSI), esta cabra-selvagem-paquistanesa infelizmente pagou o preço final pelo passatempo do caçador, que provavelmente não beneficiará a espécie integralmente, afirmou.

“O preço elevado, de US$ 100 mil, para este tipo de caçada diz tudo”, declara Ho ao site The Dodo. “Caça ao troféu não é conservação, é matança paga para diversão. É um passatempo dispendioso para uma elite de um por cento matar animais raros e simbólicos pelos direitos de se gabar”.

Foto: Shutterstock

Esta cabra rara une -se a milhares de outros animais simbólicos mortos a cada ano pela caça de troféus, muitos dos quais morrem nas mãos de caçadores americanos. Em vez de apoiar caças como esta, HO e a HSI afirmam que é importante focar em esforços conservacionistas para salvar vidas que protegem a vida selvagem.

“Os Estados Unidos da América são o maior importador mundial de troféus de caça, com os caçadores de troféus americanos deixando um rastro de carcaças para onde quer que vão”, afirmou Ho. “O empreendimento grotesco da caça de troféus às custas de animais selvagens deslumbrantes não tem lugar em uma sociedade moderna”.

Por Kristen Warfield / Tradução de Aline Alves de Amorim

Fonte: The Dodo


Nota do Olhar Animal: Seja a cabras raras, porcos, galinhas, todos são sencientes. Não devem ser mortos porque não é justo e não porque existem poucos.

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