Cachorro de 2 anos morre em sala de cargas durante viagem de barco; tutor joga corpo no rio

Cachorro de 2 anos morre em sala de cargas durante viagem de barco; tutor joga corpo no rio
Jimmy tinha 2 e quatros meses (Foto: Arquivo Pessoal)

Um cachorro da raça Pug, conhecido como Jimmy, de 2 anos e quatro meses, morreu após ficar quatro horas na sala de cargas do navio motor Leão de Judá 2. A embarcação fazia trajeto do município de Parintins para Manaus. O caso aconteceu na última terça-feira (18). Um boletim de ocorrência (B.O) foi registrado na Delegacia Especializada Contra Crimes do Meio Ambiente (Dema).

O tutor do animal, Dennick Pinheiro, 24, comentou que viajou para o município no inicio de junho na companhia de Jimmy. A viagem de ida foi tranquila, mas na hora da volta os problemas apareceram. O cachorro não foi bem tratado e precisou ficar horas em um local fechado, quente e com barulho.

“Cheguei ao barco cedo para evitar problemas. Na entrada lá em Parintins encontrei um tripulante e ele me falou que o animal não podia ficar comigo na embarcação. Mas outro funcionário apareceu e disse que o Jimmy poderia ficar na sala de carga até que o navio saísse do porto”, lembrou.

Dennick topou deixar o animal no local por pelo menos trinta minutos. “A viagem já tinha começado e desci para pegar o Jimmy. Mas a caixinha dele foi colocada por trás de várias cargas. Tinha um freezer, uma moto e uma mesa, enquanto o cachorro lá no fundo. Logo o peguei e quando estava subindo um funcionário me disse que o animal precisava permanecer ali na sala. Acabei o deixando novamente, mas dessa vez em um local na frente das cargas para que ele conseguisse respirar”, explicou.

Na hora do almoço, Jimmy resolveu descer novamente para encontrar o cachorro. Mas quando chegou ao local, o animal já estava sem vida. Depois Dennick precisou abandonar o corpo no meio do rio para que os passageiros não fossem prejudicados com o forte odor de cadáver.

“Chamei o Jimmy, mas não me respondeu. Olhei e vi que ele estava morto. Foi horrível demais. Depois perguntei aos funcionários se tinha algum lugar para deixar o corpo, mas o capitão só apenas disse: o cachorro é teu, faz o que tu quiser. Para não atrapalhar a viagem dos outros, resolvi jogar o corpo no rio, porque já estava fedendo muito. Essa parte para mim foi a pior”, destaca o rapaz.

Corpo no rio

Após jogar o corpo do animal no rio, Dennick se revoltou com o que viu. Outros animais estavam no local e ao lado dos respectivos tutores. “A partir disso. Comecei a tentar encontrar provas. Não me deram assistência. Não souberam como me conduzir. Tinha outros cachorros no local com os tutores na sala, não sei porque não deixaram o Jimmy viajar comigo”, completa o tutor.

O rapaz também acrescenta que jamais teria viajado com o cachorro se soubesse que ele iria morrer. Ele também afirma que Jimmy era seu amigo e companheiro. “Não sou daqui de Manaus e moro sozinho. O Jimmy era meu filho, meu parceiro. Mas esse caso não ficará impune. Registrei um boletim de ocorrência e vamos levar o caso adiante sim”, disse Dennick, acrescentando que recebeu denúncias que outros animais já tinham passado por situações parecidas na mesma embarcação.

“Conversei com outras pessoas e elas me relataram que os funcionários dessa embarcação já tinham deixado outros animais nessa mesma situação. A sala onde o Jimmy foi colocado era muito pequena com pouca ventilação. Ficava por cima da sala de máquinas. Tenho certeza que ele morreu por isso”, completou.

Maus-tratos

A vice-presidente da Comissão Especial de Proteção ao Animais da Ordem de Advogados do Brasil Secção Amazonas (OAB-AM), Goreth Rubim, afirmou que a morte de Jimmy pode ser considerada como maus tratos. “O fato de terem deixado o animal em um local impróprio, quente e sem ventilação, configura-se maus tratos. Sabemos que essa sala que o Jimmy ficou é uma das mais quentes das embarcações aqui do Amazonas. Fica perto dos motores. Isso é totalmente errado”, afirma.

Sobre o descarte do corpo do animal feito pelo tutor, a representante da OAB destaca que no momento não tinha outro lugar para o cadáver ser jogado. “O animal era para ter viajado com o tutor. Ele estava dentro da casinha e não representava nenhum perigo. Depois da morte, o tutor jogou o animal já sem vida no rio e isso não se considera maus tratos. Claro que o descarte precisa ser feito em uma área apropriada, mas naquele hora não tinha outra opção”, ressaltou.

Agora, segundo Goreth, já que foi registrado um B.O na Dema, a polícia investigará o caso. “Eles vão averiguar a situação de maus tratos. O funcionário que determinou que o animal ficasse dentro da sala pode responder por isso ou até mesmo a empresa da embarcação”, completou.

Marinha responde

Procurada pela reportagem, a Marinha do Brasil informou que até a publicação desta matéria não houve denúncia na Capitania Fluvial da Amazônia Ocidental (CFAOC) sobre o ocorrido.

O órgão também destacou que de acordo com o Art. 4º da Lei de Segurança do Tráfego Aquaviário (LESTA) n.º 9.537, de 11 de dezembro de 1997, não faz parte das atribuições da Autoridade Marítima fiscalizar ou normatizar a acomodação de animais de estimação a bordo de embarcações.

Por Amanda Guimarães

Fonte: A Crítica

Os comentários abaixo não expressam a opinião da ONG Olhar Animal e são de responsabilidade exclusiva dos respectivos autores.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *