Com mais de 20 mil assinaturas, petição online pede cancelamento de rodeio em Vila Velha, ES

Com mais de 20 mil assinaturas, petição online pede cancelamento de rodeio em Vila Velha, ES

Uma petição online contra a realização de um rodeio no Parque da Prainha, em Vila Velha, marcado para ter início nesta quinta-feira (16), tem causado polêmica nas redes sociais. Criado pela coordenadora de marketing e ativista Cris Michalsky, de 56 anos, o pedido já conta com mais de 23 mil assinaturas e chama a atenção para possíveis maus tratos que possam ocorrer durante a prática competitiva.

De acordo com Michalsky, o rodeio possui características que podem ser consideradas agressivas e danosas aos animais. “Existe uma série de torturas [em rodeios]. Eles [os animais] são instigados para que fiquem estressados, saem com fraturas. Há animais que saem retirados a guincho”, reclama a ativista.

Foto: Reprodução
Foto: Reprodução

Considerada uma prática esportiva tradicional dos Estados Unidos e de países latino-americanos, o rodeio é uma competição que utiliza animais como o touro e o cavalo como atrações principais. O evento possui uma série de modalidades, sendo as mais conhecidas a “sela americana” e o “bareback”. O objetivo principal é manter o peão o maior tempo possível em cima do animal, que se movimenta de forma intensa em uma arena.

Regras e cuidados

Para a ativista e criadora da petição, os objetos utilizados na competição para estimular as ações do animal são o principal problema. “Os maus tratos começam já quando é colocada a cilha no animal. A pressão que causa nos órgãos é imensa”, exclama Michalsky sobre a cinta de couro presa na parte traseira do touro ou do cavalo, geralmente utilizada como suporte para a sela.

De acordo com o responsável pelo evento, Emerson Mineiro, as regras exigidas pela legislação para a realização do rodeio foram cumpridas pelos organizadores. Perguntado pela reportagem do Folha Vitória se alguma atitude seria tomada em relação à abertura da petição e os pedidos dos ativistas, Mineiro alega não ter motivação.

“Não tem motivo para tomar alguma providência. O que estou fazendo está abrangido pela lei federal. O evento foi aprovado pela Prefeitura, as exigências dos veterinários estão sendo cumpridas. Se tiver que tomar alguma atitude, não sei por quem será”, diz o organizador do evento.

Saúde animal

Roseanne Abrante, presidente da Comissão de Ética e Bem-Estar Animal do Conselho Regional de Medicina Veterinária (CRMV), esclarece que é possível a realização de um rodeio sem que os animais sejam prejudicados. Para isso, seria necessário seguir algumas regras.

“Toda vez que você transporta um animal e ele tem contato com outros animais, ele é exposto a estresse e doenças. Nós temos leis e resoluções sobre esse assunto. Para que o evento aconteça ele precisa ser registrado no Conselho de Medicina Veterinária e precisa registrar um técnico médico veterinário adequado”, diz a conselheira.

Segundo Roseanne, as acomodações devem ser preparadas conforme definido por lei, os animais precisam estar vacinados e o manejo precisa ser feito de forma adequada. “Todo o material utilizado deve ser acolchoado para diminuir o impacto. As esporas não podem causar injúrias nos animais e as barriqueiras não podem causar dano ao animal”, aponta.

De acordo com a conselheira, o CRMV vai enviar uma fiscalização para o local e um médico veterinário para orientar os organizadores sobre o que pode e o que não pode ser feito. A fiscalização deverá ocorrer antes do evento, para verificar as condições do ambiente, e no momento do rodeio, com a presença do médico veterinário do Conselho.

A equipe de reportagem do jornal online Folha Vitória procurou a Prefeitura de Vila Velha, mas ainda não obteve retorno.

Fonte: Folha Vitória


Nota do Olhar Animal: É uma vergonha que uma veterinária se preste ao papel de defender rodeios e, principalmente, de alegar que é possível realizá-lo sem maus-tratos. Só essa afirmação já mereceria algum tipo de interpelação oficial, especialmente vinda de uma representante da classe. Os maus-tratos são INERENTES à prática dos rodeios, há fartíssimo material comprobatório e esta deturpação manifestada pela veterinária sobre o impacto para os animais pode ser explicada de muitas formas, menos por critérios técnicos médico-veterinários. Triste ver a medicina veterinária a serviço da exploração animal e não da CURA.

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