Descobertos casos de maus-tratos a cavalos na Galícia, Espanha

Descobertos casos de maus-tratos a cavalos na Galícia, Espanha
Lugar onde o homem investigado despelava os animais em Boiro (Foto: Guarda Civil)

A Guarda Civil investiga ao tutor de um cavalo que sofreu uma grave lesão causada por armadilha metálica. Os agentes o responsabilizam por um suposto crime de maus-tratos e abandono de animais, e outro contra a saúde pública, porque se suspeita que vendesse carne de forma ilegal. Além disso, a policia autonômica também está investigando a outro homem, de Mondoñedo, mas residente em Castro de Rei, por suposto maus-tratos de equinos.

No primeiro caso, a Guarda Civil teve conhecimento da existência de um cavalo que sofria com uma ferida na pata dianteira esquerda em Monte da Graña Cures-Boiro através de ligações telefônicas de particulares, associações de proteção à natureza e redes sociais. A lesão teria ocorrido ao prender a pata em uma armadilha metálica daquelas usados para javalis ou outros animais, provocando ataxia – perda do controle muscular durante movimentos voluntários, inflamação, rompimento dos tendões e articulações na extremidade do animal, o que poderia ter causado sua morte caso não tivesse sido resgatado e tratado por profissionais veterinários a tempo.

Para localizar o proprietário do animal, a Guarda Civil teve que realizar trabalhos de busca, pois o indivíduo em questão fugia cada vez que percebia a presença da policia. Até finalmente, ser localizado no interior de um galpão próximo de seu domicilio, onde foi intimado a acompanhar os agentes até o local onde se encontrava o cavalo ferido. Uma vez ali, J.G.R. reconheceu ser o tutor do animal e confessou não ter procurado nenhum tipo de ajuda veterinária.

Durante a operação realizada pela Guarda Civil para localizar o tutor do animal, encontraram galpões nas proximidades de casa do indivíduo, foi descoberta uma carcaça animal pendurada sem as vísceras, peles de animais com sal, utensílios para sacrifícios de animais e evisceração e até mesmo uma geladeira desligada, evidenciando o forte cheiro nauseante que provinha da má conservação dos restos de animais.

As condições para o abate de animais, a que tudo indica era praticado pelo suspeito, não cumpria os requisitos de bem-estar animal, nem higiênico-sanitárias exigidas, sendo proibidos pela administração MER (Materiais Específico de Risco). Também foram encontrados outros animais sem identificação, exatamente três bezerros, duas cabras, duas ovelhas, uma porca, dois leitões, uma égua e um potro marrom. E para tanto, será investigado pelos trabalhos de venda ilegal de carne.

Por outro lado, no município de Castro de Rei, agentes da Policia Autonômica investigam a outro homem, natural de Mondoñedo, por outro suposto crime de maus-tratos animal. Em 4 de setembro, os agentes receberam uma chamada telefônica anônima denunciando a situação de dois cavalos em uma fazenda de Azumara, com as patas amarradas por cordas e diversas feridas. Uma vez no local, os policiais comprovaram as “graves lesões” apresentadas pelos animais devido à força com que foram amarrados. Devido a estes fatos, a denuncia já está sendo tramitada tribunal de Lugo.

Tradução de Flavia Luchetti

Fonte: El País


Nota do Olhar Animal: Você concordaria em se submeter a um confinamento e nele receber todo tipo de cuidados que desejar, ser atendido em tudo lhe dê de prazer para, finalmente, após prazo pré-determinado, receber uma anestesia e ser assassinado? Dificilmente você aceitaria esta situação, mas mesmo que concordasse, seria uma escolha sua, o que não ocorre com os animais não humanos, para os quais o confinamento e a morte são compulsórios. Eles sempre querem viver e isto é inegável. Esta ideia de “cuidar bem” antes do abate é aproximadamente o que chamam “requisitos de bem-estar animal”. São técnicas de produção focadas na melhoria da “qualidade” dos produtos de origem animal e no aumento do consumo. O foco são as vendas, não o animal. Estas técnicas não oferecem ao animal, nem de longe, as condições indicadas acima no hipotético confinamento humano, e sequer é dado aos bichos o que “prometem”, como a falaciosa “morte indolor”. Sem contar que, mesmo que as técnicas fossem eficientemente aplicadas, são observadas por uma parte ínfima da indústria legalizada e fiscalizada, e por nenhum dos abatedouros ilegais, responsáveis por mais da metade da carne consumida no país. Aliás, quem consome carne mal sabe o que está consumindo, talvez cavalos. Mas pouco importa, pois não há diferenças moralmente relevantes entre eles, bois, cães ou sapos.

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