Diretora do antigo zoológico de Mendoza, na Argentina, é denunciada por maus-tratos a animais

Diretora do antigo zoológico de Mendoza, na Argentina, é denunciada por maus-tratos a animais

O diretor da Ministério Público Federal em Assuntos Ambientais (UFIMA), Ramiro González, solicitou à justiça de Mendoza, na Argentina, a imputação penal da diretora do antigo zoológico provincial, hoje transformado em Ecoparque, Mariana Caram. As denúncias contra a funcionária incluem o não cumprimento dos deveres de funcionário público, pelo que poderia resultar na condenação de até dois anos de prisão, e maltrato animal.

O procurador federal sinalizou que os relatórios periciais oficiais realizados pela Divisão de Delitos Ambientais da Polícia Federal Argentina e pela Direção de Fauna Silvestre do Ministério de Agricultura e Desenvolvimento Sustentável, com a intervenção da Faculdade de Ciências Veterinárias da Universidade Nacional de La Plata, indicaram que “os animais do zoológico de Mendoza tinham sofrido maus tratos, ao não estarem alojados em ambientes adequados, não receberem alimentação em qualidade e quantidade suficientes, nem terem os cuidados sanitários necessários, situação que levaram à morte de espécimes”.

Na denúncia criminal, o procurador explicou que “é inexorável que a diretora tinha sido prontamente informada pelos veterinários do zoo (em mais de 10 ocasiões) da necessidade de adotar medidas em caráter de urgência para salvaguardar da vida dos animais, entretanto ela não teria realizado as mudanças recomendadas, levando à morte de diversas espécies”. Além disso, indicou que a omissão de Caram levou à mortes que poderiam ter sido evitadas.

A funcionária denunciada, uma engenheira industrial de extração ambientalista, entrou no cargo em dezembro de 2015 como parte da gestão do governador Cornejo. Desde o início, sua atuação se viu envolta em diversos escândalos que incluíram denúncias cruzadas com a equipe e mortes de animais emblemáticos do zoo, entre eles o urso polar Arturo, a pantera negra e a arara Madonna.

Fontes próximas de instituição estimaram que a quantidade de animais mortos durante 2016 foi em torno de 340. Isso significa 17% dos 2.000 animais presentes, um número considerado desproporcional para qualquer zoológico do mundo.

O histórico zoo, localizado no Cerro de la Gloria, fora da capital provincial, chamou a atenção da mídia em maio de 2016 com a morte massiva de 63 cervos e outros herbívoros, e pelo suposto ataque com armas de fogo a um hipopótamo.

Tais incidentes foram atribuídos pelas autoridades como sabotagens e um mal desempenho dos funcionários, o que gerou a denúncia perante o UFIMA por parte do Secretário de Ambiente provincial, Humberto Mingorance, que finalmente conseguiu resultados adversos aos mesmos denunciantes.

De acordo com a investigação preliminar do UFIMA, foi demonstrado que “a falta de rapidez na tomada de decisões por parte da funcionária foi claramente a causa das mortes”.

Na vistoria, os peritos veterinários oficiais foram contundentes ao relacionar as mortes com a má administração, a falta de higiene, o alto nível de estresse e o “grave estado de abandono” das instalações.

No relatório consta que por falta de comedouros e limpeza dos recintos, os animais “se viam obrigados a consumir os alimentos misturados com seu próprio excremento”. Ao se referirem ao hipopótamo, a investigação descartou a hipótese de que ele tinha sido baleado.

A chimpanzé Cecília e tuberculose no zoológico

Também pesaram sobre os responsáveis do atual Ecoparque outras causas na justiça provincial. Uma delas, de índole criminal, se refere ao traslado da célebre chimpanzé Cecília para um zoológico do Brasil, ocorrido em abril deste ano. As autoridades estão investigando graves irregularidades sobre esse caso, que incluem o ocultamento de resultados positivos para tuberculose no animal, um dado chave que teria impedido sua exportação pelas normas internacionais.

Tradução de Alice Wehrle Gomide

Fonte: Junin al Minuto

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