Espanha é o país da União Europeia com mais animais enjaulados

Espanha é o país da União Europeia com mais animais enjaulados
Foto: Jo-Anne McArthur / Igualdad Animal

Na Espanha, a cada ano nascem mais de 60 milhões de coelhos, entretanto, somente 48 milhões chegam ao matadouro. Os 20% restantes, 12 milhões, morrem nas fazendas industriais como consequência das duras condições que têm de suportar. Nascem em jaulas com piso de arame, onde passam toda sua vida, nunca saem ao ar livre, nunca respiram ar fresco, nunca correm e, quando crescem, nem conseguem ficar de pé. O espaço com que cada um deles conta é inferior a 1 m². O confinamento gera ocasiões em que uns atacam os outros e, com frequência, padecem de infecções nos olhos e nas vias respiratórias.

A situação das galinhas utilizadas pela indústria dos ovos não difere muito. 41 milhões desses animais passam toda sua vida entre grades. Quando param de pôr ovos, normalmente aos dois anos de vida, são enviadas ao matadouro. Esse é o único momento em que saem ao ar livre.

Dramática é também a situação das porcas utilizadas para reprodução na Espanha. 98% passam parte da gestação confinadas em jaulas de 2,25 m².

Quando dão à luz, as crias caem sobre pisos de plástico ou ferro, e geralmente em cima dos próprios excrementos da mãe. A jaula impede que essas mães mudem de posição e cuidem adequadamente de seus leitões. Passarão juntos 21 dias, mas separados por barras com o espaço suficiente para que possam mamar. O confinamento produz nas porcas lesões físicas como arranhões e úlceras, e psicológicos como estresse e estereotipias (movimentos involuntários repetidos de forma incessante).

O principal objetivo da indústria é conseguir a máxima rentabilidade mesmo que para isso tenham que negar aos animais a possibilidade de desenvolverem comportamentos básicos naturais como, por exemplo, construir um ninho para proteger suas crias.

A Espanha é o país da União Europeia com maior número de animais enjaulados; 92 milhões, quase o dobro do número de habitantes. Além dos coelhos, galinhas e porcos, os patos submetidos à alimentação forçada para produzir foie gras, e os bezerros recém-nascidos são confinados em jaulas. Na Europa há um total de 368 milhões de animais de fazenda que passam toda sua vida entre grades.

A iniciativa Cidadã Europeia “Chega de jaulas” pretende conseguir mudanças legais que proíbam o confinamento. Uma proposta de vital importância para o bem-estar dos animais, considerando que 80% das leis de proteção animal saem da Europa.

A iniciativa, que conta com o apoio de 145 organizações, precisa conseguir um milhão de assinaturas para ser considerada e debatida pelo Parlamento Europeu. Até o momento já conseguiram mais de 800.000 assinaturas e o prazo para apresentá-las acaba em setembro. Patricia de Rada, membro da Compassion in World Farming, organização impulsora da proposta, destaca a existência de alternativas para as jaulas: “Há opções onde os animais não estão enjaulados, contam com acesso ao exterior e podem desenvolver seus comportamentos naturais. Isso é viável tendo em conta que, a princípio, é preciso reduzir o consumo de produtos animais por pelo menos a metade”.

Javier Moreno, diretor da Igualdad Animal, destaca como os animais são considerados meras máquinas de produção para a indústria pecuária: “A palavra compaixão não existe na indústria. A função das jaulas é basicamente confinar os animais para conseguir o máximo benefício econômico ao mínimo custo”.

Se a iniciativa cidadã “Chega de jaulas” conseguir um milhão de assinaturas, o debate no Parlamento Europeu poderia ser feito na primavera de 2020. As expectativas são boas, de fato, de acordo com os dados reportados pelo Eurobarômetro, 94% dos cidadãos da União pensam que o bem-estar dos animais de fazendas é importante e 82% acredita que deveriam ter mais proteção. Por isso, agora é o momento de passar dos pensamentos para ação, de colocar um fim a uma era do passado: a era das jaulas.

Assine aqui a iniciativa “Chega de jaulas”.

Por Irene Rivero / Tradução de Tradução de Alice Wehrle Gomide

Este artigo foi feito em colaboração com a organização Igualdad Animal.

Fonte: Vice

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