Jockey e Prefeitura do Rio acertam parceria para cuidar de gatos após pressão de campanha na web

Jockey e Prefeitura do Rio acertam parceria para cuidar de gatos após pressão de campanha na web
Paula Burlamaqui e Paolla Oliveira fizeram posts em redes sociais (Foto: Reprodução/Facebook)

Lar do hipódromo da Gávea, o Jockey Club da Gávea, na Zona Sul do Rio, abriga uma população estimada de mil gatos. Os felinos são motivos de denúncias costumeiras de abandono e de que se reproduzem de forma descontrolada. Nos últimos meses, a situação ganhou visibilidade depois que uma campanha de pessoas que se identificam como protetores dos gatos nas redes sociais denunciou que os animais estão em más condições. Uma parceria entre a Prefeitura e o Jockey apresentou um plano para tentar dar melhores cuidados a multidão de bichanos.

De um lado, os protetores se queixam de que o Jockey estaria deixando faltar ou impedindo que a comida levada chegue para os animais. Do outro, o Jockey alega que gasta R$ 30 mil por mês com cuidados com os felinos e que mantém uma equipe para cuidar deles.

A campanha com as denúncias ganhou força depois que, através de posts em suas redes sociais, a atriz Paula Burlamaqui convocou admiradores e colegas de trabalho como Marina Ruy Barbosa, Tatá Werneck, Paolla Oliveira e Carol Castro para pressionar o presidente do clube, Luiz Alfredo Taunay, a recebê-la para uma conversa. O encontro aconteceu depois que a atriz procurou Suzane Rizzo, subsecretária de Bem-estar Animal da Prefeitura do Rio, que conseguiu a primeira reunião com o jurídico do Jockey. Agora, segundo Rizzo, as partes esboçam um projeto para resolver a questão.

“Fiquei desesperada com a situação caótica que existe lá e que tinha sido relatada pelas protetoras que resolvi levar a questão à mídia e a amigos famosos. Graças a Deus deu certo. Ele me recebeu e parece que agora está aberto ao diálogo… Estou otimista, achando que vai dar tudo certo e que tudo isso foi válido! Agora é esquecer o passado e seguir em frente. O importante é o bem-estar dos bichinhos”, afirma a atriz.

Desde que entrou em campo para cuidar da situação, há pouco mais de duas semanas, Suzane Rizzo já conseguiu quatro reuniões com o Jockey e acerta os detalhes da parceria que fará com o local. “Estou extremamente otimista. Eles estão dispostos a colaborar e a aderir ao nosso programa. O próximo passo é mapear as áreas das colônias. Nós vamos castrar os animais, tratá-los e fazer grandes campanhas de adoção”, detalha.

Acusações de maus-tratos

O último dos encontros da subsecretária e de Paula com os representantes do Jockey promoveu o diálogo entre eles e os principais protetores que atuam no local e foi acompanhado rapidamente pelo G1. O clima era de conciliação, bem diferente do que se via há pouco tempo atrás.

Reunião entre Suzane Rizzo (à direita), protetores e representantes do Jockey (Foto: Juliana Maselli/G1Rio)

Ana Yates, que mora próximo ao Jockey e cuida dos gatos de lá há nada menos do que 28 anos, fará a ponte dos colegas com o clube. “Eu sou a única que percorre muitas colônias, diariamente. Além de alimentar com ração de qualidade superior, retiro para castrar, tratar e conseguir doação responsável. Minha história com gatos do Jockey é muito longa e com altos e baixos. Eles dizem que fazem isso e aquilo, mas estão usando um programa da presidência anterior para mascarar as reais ações. Estavam avançando na subtração da alimentação e ‘cuidados’. O próprio presidente já abordou uma protetora aos gritos”, destaca.

Mariza, outra das protetoras, confirma o relato da colega: “O Jockey mascara muito. Eles mostram uma coisa quando a reportagem vem e a realidade é outra. Eles falam que alimentam, fazem e acontecem, mas sempre que eu chego não tem nada nos potes. Eu boto comida e água e eles tiram tudo e jogam fora. A coisa aqui é muito complexa, a briga é antiga”.

Protetoras registram problemas em fotos: potes sem ração, água e casinhas sujas; proibição no mural e local perigoso para os gatos (Foto: Arquivo Pessoal)

Jockey se defende

Do lado oposto, os funcionários do Jockey que lidam diretamente com os cuidados com os gatos se defendem. Andrea Olimpio, coordenadora de eventos que também trabalha diretamente com a situação há cinco anos, admite que eles tiveram que remanejar algumas colônias devido a obras que precisavam ser feitas ou espaços que foram alugados, mas garante que toda esta movimentação foi planejada junto com uma ONG e que os gatos nunca ficaram sem comida.

“A ‘guerra’ começou porque, depois da morte da Paula Boeckel, uma protetora que atuava aqui há muitos anos e centralizava tudo, cada uma delas adotou uma colônia e começou a cuidar dos gatos como achava certo. Elas querem colocar a ração em qualquer lugar, não nas casinhas que existem para isso… O Jockey gasta R$ 12 mil por mês só de ração, tem um funcionário que alimenta todas as colônias duas vezes ao dia! Elas reclamam que às vezes chegam e não tem ração nos potes, mas estávamos enfrentando um problema de roubo de ração que agora foi controlado porque pegamos três funcionários em flagrante e os demitimos. O que precisamos é de diálogo”, acredita.

Em nota oficial, o presidente do Jockey afirmou que a instituição gasta mais de R$ 30 mil por mês única e exclusivamente com o bem estar dos gatos.

“O JCB procura uma solução para o enorme número de gatos que habitam sua área, contando inclusive, com sugestão das pessoas que muito elogiosamente se preocupam com os animais”, acrescenta o texto.

Catarina Bernardo, veterinária que cuida dos gatos desde o ano passado, se emociona ao falar sobre o problema. “Chega a ser um pouco de inocência, eu acho, pensar que o Jockey vai pagar uma equipe de seis pessoas, comprar comida, areia e remédios para fazer mal aos gatos. Não tenho dúvida que as pessoas têm boa vontade, mas o problema é que cada um quer ajudar a seu modo e não consegue ver isso como uma questão maior. Queremos o bem deles. Eu sou muito feliz de fazer esse trabalho, sou realizada! Mas a situação é muito difícil, é como enxugar gelo”, declara ela, chorando.

Quem quiser ajudar o Jockey e os gatinhos de lá, pode fazer doações ou visitá-los para dar um pouco de carinho. O local é aberto ao público e remédios, sachês, caminhas e outros itens podem ser entregues na portaria para serem encaminhados ao gatil e à equipe de Catarina.

Fonte: G1


Nota do Olhar Animal: Lamentável é a existência de jockey clubs e a exploração de cavalos para corridas, atividade em que ocorre não só o evidente abuso (a exploração em si), mas também situações de maus-tratos. Escondem-se sob o argumento de que os equinos são  tratados muito bem, “como atletas”, mas já há amplo material disponível comprovando o sofrimento imposto aos cavalos explorados nesta atividade. E ele não é pouco. O Jockey do Rio e outros clubes que promovem esta prática medieval serão banidos pelo processo civilizatório.

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