Litoral Paulista tem redução de 84% nos encalhes de baleias-jubarte
Pelo menos 97 baleias encalharam no litoral brasileiro em 2017, número considerado recorde desde o início dos registros, em 2002, pelo Projeto Baleia Jubarte. O balanço vai na contramão dos dados relacionados ao Litoral Paulista, que teve redução de 84% no número de animais da espécie encalhados, na comparação com 2016.
Neste ano, foram quatro encalhes de baleia jubarte, todos registrados no mês de agosto e em três cidades: Bertioga, Itanhaém (dois casos) e São Sebastião.
Já em 2016, o número de casos no Litoral Paulista chegou a 26 nos 12 meses do ano, segundo informações divulgadas pelo Projeto Baleia Jubarte. O total registrado na costa do Estado de São Paulo equivale a um terço, ou seja, 33% do 78 registros em todo o litoral brasileiro.
Em ambos os anos, as baleias que compõem a estatística já foram encontradas sem vida na faixa de areia.
Ainda não há uma resposta comprovada do que teria motivado a queda expressiva no número de encalhes no Litoral Paulista.
A bióloga Rosane Farah, do Instituto Gremar – Pesquisa, Educação e Gestão de Fauna, afirma que não é possível analisar “com profundidade” a diferença no número de casos tanto no Estado quanto nas demais costas do País. “Temos essa dificuldade porque os laudos das necrópsias dos animais já encontrados ainda não estão concluídos”.
Interações com rede de pesca, intoxicações por conta da ingestão de lixo e até mesmo causas naturais, como doenças, são alguns fatores que podem ter ligação com os dados do balanço apresentado pelo Projeto Baleia Jubarte.
“Os números também podem ter relação com variações do volume populacional, devido ao trabalho de conservação da espécie, ou ainda por busca por alimento mais perto da costa, já que fenômenos climáticos podem afetar a oferta de krill (espécie de invertebrado, similar a um camarão, que serve de alimento para as baleias). Há ainda eventos de maré vermelha (que podem influenciar), por exemplo”, explica a bióloga.
Rosane ressalta ainda que, no período de julho a novembro, é comum avistar esses animais na região, por conta do período de migração para sua reprodução na costa brasileira. “O que nos preocupa, porém, é o fato delas estarem aparecendo cada vez mais próximas da área de arrebentação e até entrando em alguns canais onde há circulação de embarcações, podendo colidir com navios”.
Por Gabriela Lousada