Mistério envolve assassinato de animais em Piratini, RS

Mistério envolve assassinato de animais em Piratini, RS

A reincidência de crimes envolvendo a morte de cães desde meados de 2016 vem aterrorizando o município de Piratini, com pouco mais de 20 mil habitantes, na região sul do Rio Grande do Sul. Assassinados com uma mistura de venenos (inclusive o famigerado “chumbinho”) e cacos de vidros, os animais, tanto os de rua quanto os domiciliados, são encontrados mortos às dezenas quase todas as manhãs por moradores.

A comunidade vem buscando elucidar o caso e os rumores são de que as mortes fazem parte de uma ação de “higienização” na cidade. Revoltados não só pelo descaso com o canil público local, mas também com a onda de assassinatos, os piratinienses vem usando as redes sociais para divulgar os cadáveres e pedidos de ajuda desesperados – mas sem sucesso em obter do prefeito local, Vitor Ivan Gonçalves Rodrigues (PDT), uma manifestação sobre o massacre dos bichos.

A mistura cruel usada para exterminar os animais – que envolve chumbinho (mistura de agrotóxicos) e cacos de vidro – ainda contém doses cavalares de estricnina, um elemento muito tóxico usado como pesticida, principalmente para matar ratos. Porém, devido a sua alta toxicidade, não só em ​roedores​, mas em vários animais e também ​n​o homem, o seu uso é proibido em muitos países; no Brasil é comercializado a granel ilegalmente.

Ao que tudo indica, o veneno tem sido fornecido em altas quantidades e​ acredita-se​ serem comercializados por empresas locais do segmento.

Em nota, algumas pessoas relataram a existência de um vídeo que registra o crime sendo cometido. Essa gravação, segundo moradores da região que têm medo de se identificar, já teria sido entregue ao delegado da Polícia Civil.

Segundo pessoas ouvidas, nem mesmo a Ong Amigo Bicho, ligada à prefeitura da região, se manifestou nas redes sociais sobre o caso.

A aparente resistência da Prefeitura de Piratini em se posicionar diante do apelo da população têm revoltado os internautas; e para piorar, algumas pessoas identificadas como cargos de confiança teriam feito “pouco caso” em comentários do Facebook por se tratar “apenas de animais”.

Indignado com a omissão do Poder Público local, o agricultor Cairo Oliveira resolveu comprar a briga e levar o caso ao Ministério Público. Segundo ele, já passou da hora desta investigação ter o devido andamento, uma vez que o uso destes venenos e a matança de animais se constituem em crime ambiental e de maus-tratos aos animais. Para esclarecer este caso, ele promete levar o ocorrido até mesmo em outras esferas: tanto jurídica quando de comunicação, ainda que tenha que buscar apoio de toda imprensa nacional. “Há​ diversas fotos, vídeos, relatos com dezenas de depoimentos”, comentou. (Publicação do Facebook)

​Para os habitantes, a omissão em elucidar os fatos é mais do que má vontade​ já que a cidade possui câmeras de segurança em locais estratégicos como escolas, prefeituras e​ ​bancos; mas mesmo assim, até agora não houve interesse em ​desvendar a crueldade com os animais que continua acontecendo dia após dia ​na cidade de Piratini.

Procurada por centenas de pessoas da região para levar essa história para fora da cidade, a jornalista Rosane Marchetti não deixou por menos e emitiu na tarde desta quinta-feira (29) através de sua conta no Facebook, diversas notas de repúdio e pedidos de justificativas por parte do prefeito.

​Para a moradora Andréa Boari, deve haver o “dedo” de “peixes-grandes” envolvidos nessa história.​ Outra moradora lembrou em comentário na postagem original da jornalista, que esta mistura fica ao alcance de outros animais, como gatos e até crianças e é uma questão de saúde pública resolver isso o quanto antes.​

A juíza carioca, Rosana Chagas Navega, do Primeiro Juizado Criminal de Niterói (RJ), também demonstrou preocupação com o caso e fez um alerta em sua conta pessoal no Facebook analisando​ o aspecto criminal e as consequências dos crimes que são cometidos por prefeitos e governadores quando ações criminosas são realizadas no território de sua administração e ocorrem sem a devida fiscalização, frisando com contundência que, se houve denúncia por parte da população e não houver fiscalização, isso configura como omissão e crime do poder público​ e cabe até mesmo ação de impeachment​. A magistrada gravou mensagem alertando sobre as possíveis consequências da omissão:

Não encontrada a página oficial nem pessoal do prefeito do município, as manifestações e pedidos de esclarecimento ao Prefeito Municipal, Vitor Ivan Gonçalves Rodrigues, podem ser feitas pelo Fone: (53) 3257-1201 ramal 210. Fone/Fax: (53) 3257-1264 ou através do E-mail: [email protected]

Por Luciane Pires​

Os comentários abaixo não expressam a opinião da ONG Olhar Animal e são de responsabilidade exclusiva dos respectivos autores.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *