Oscar Horta: “o sofrimento humano é o mesmo que o animal”

Oscar Horta: “o sofrimento humano é o mesmo que o animal”

Oscar Horta é professor de filosofia moral na Universidade de Santiago de Compostela. Ativista em defesa dos animais e membro da Fundação Ética Animal, ele foi investigador visitante nas universidades dos Estados Unidos, Suécia, Finlândia, Itália, Portugal e Dinamarca, assim como na Fundação Espanhola de Ciência e Tecnologia. No ano de 2007 obteve o Prêmio de Ensayo Ferrater Mora e no dia 11 de julho apresentou, na Casa do Livro (Catalunha), seu ensaio “Um passo à frente em defesa dos animais”. A obra começa com as peripécias de Teresa, que depois de correr durante quilômetros ao escapar de uma granja se joga ao mar, chegando a Calábria após nadar durante três horas. Ela acaba sendo capturada e, como apresentava sinais de brucelose, decidem matá-la.

A história é real e as pessoas ficaram tão surpreendidas com sua fuga desesperada que isso gerou uma comoção social, o que acabou salvando-a.

Teresa era uma vaca.

O livro chama atenção para que?

Apesar de muita gente seguir pensando que os animais são coisas a nossa serviço e não precisamos nos preocupar muito com eles, existe um movimento social que está se preocupando e tem crescido cada vez mais. Eu tento explicar quais são as razões pelas quais deveríamos respeitar os animais e quais são essas consequências. Minha intenção é fazê-lo de uma maneira amável e fácil de entender, mas sem esconder nenhuma das questões existentes, indo fundo em temas que parecem ter sido superados.

Como por exemplo?

A situação na qual vivem os animais que são explorados. Muitas pessoas desconhecem e pensam que eles vivem felizes nas granjas, quando na verdade a realidade é que eles estão passando por maus bocados. Existem milhares amontoados, reclusos em jaulas onde nem conseguem se mexer. Sua vida é assim e a morte nos matadouros é assustadora. Isso faz com que muitas pessoas deem o primeiro passo em direção ao veganismo para não ter mais nada a ver com isso. No livro, exponho razões não só para não maltratá-los, mas também em sua defesa.

O que você expõe é que não é uma questão de gosto, se não de caráter?

Sim. É mais importante do que se você gosta ou não. É que o que fazem com os animais é algo que tem a ver com injustiça. Se pensássemos e nos colocássemos em seu lugar nunca aceitaríamos essa situação.

Estamos mais sensíveis, sabemos mais dos horrores que desconhecíamos ou é moda?

São mudanças históricas na forma de pensar, como o questionamento sobre a situação da mulher, por exemplo. Não é moda, é mudança e consciência social.

O livro destaca que as pessoas que se preocupam pelos direitos dos animais não o fazem por amor…

Claro. Quando nos preocupamos por pessoas que morrem de fome ou sofrem uma guerra não é porque você gosta dela. É porque você considera que é uma causa justa. O natural é defender os animais mesmo que você não goste deles. Argumentos como de que os seres humanos valem mais que os animais já estão superados. Se ainda aceitássemos, seria legítimo discriminar as pessoas menos inteligentes. O ponto está na dor, o sofrimento dos humanos não é maior que o dos animais por nós sermos mais inteligentes. A dor é a mesma.

Por Xoán A. Soler / Tradução de Alejandra Mendoza

Fonte: La Voz de Galicia

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