Policial Militar é acusado de ameaçar e espancar cadela no Guará, DF

Policial Militar é acusado de ameaçar e espancar cadela no Guará, DF
A border colie ferida: parte interna da boca rasgada (Foto: Arquivo pessoal)

Um policial militar é acusado de sacar a arma e ameaçar matar uma cadela que passeava com sua tutora na Quadra 18 do Guará I, por volta das 20h da segunda-feira (7/8). De acordo com testemunhas, o incidente aconteceu após o cão do agente ter atacado a border colie da mulher. “Mesmo depois da briga ser separada, ele continuou chutando a minha cadela, e ela rolou umas três vezes no chão”, afirma a tutora do animal, que prestou queixa.

Há contradição nas versões dadas no boletim de ocorrência, registrado na 1º Delegacia de Polícia (Asa Sul). De acordo com a narrativa do policial acusado, ele estava em casa quando ouviu gritos vindos da rua. Não distinguindo o que ocorria no momento, o agente disse ter pensado que o filho dele, de 8 anos, estivesse na rua envolvido em uma briga entre os cachorros.

Ao ver a briga, o policial afirmou ter dado um chute contra os animais, mas isso não teria sido suficiente para separar a briga. Ainda segundo o PM, quando os bichos pararam a luta, ele mandou seu cão entrar em casa, para onde também foi, sem conversar.

Já a tutora da cadela, que não quis se identificar, contou outra versão. “Quando o cachorro entrou para a casa dele, o policial continuou ameaçando a minha cachorra. E, quando ela já estava tentando se aproximar de mim, ele deu outro chute nela”, recorda.

Testemunha questiona policial 

Uma mulher, que assistiu à cena pela janela, confirma que o PM continuou a agredir a border colie mesmo depois de a briga entre os animais ter sido apartada. “Ele já saiu da casa dele com a arma em punho direcionada para a cachorra. E, mesmo depois de acabada a briga, ele ainda deu vários chutes na cabeça dela, que saiu cambaleando.”

A testemunha, que também não quis se identificar, disse também que o policial apresentava sinais de desequilíbrio emocional e questiona sua capacidade para reagir em situações de tensão. “Um outro agente me disse na delegacia que apontar arma não é crime, mas sou bacharel em direito e sei que essa atitude não foi correta, porque ninguém estava correndo risco de morte”, completa.

A tutora da cadela conta ainda que se sentiu intimidada na hora de prestar queixa. “Na delegacia, percebi um corporativismo forte. Tentaram me convencer a não fazer o registro. Depois, o escrivão disse que não ia dar em nada, porque não houve crime. Um outro policial disse que era normal andar armado e que era para eu relevar”, relata.

Desdobramentos

Julie, nome da pet, de 15 anos, foi levada para uma clínica veterinária, onde constataram ferimentos na cabeça, no pescoço, além de um rasgo por dentro da boca. Após avaliação clínica e radiográfica, foi descartado risco de morte. “A Julie ficou muito estressada e assustada, mas agora está bem”, garante a tutora.

O Centro de Comunicação Social da Polícia Militar do Distrito Federal (CCS/PMDF) reconhece a divergência nas versões registradas no boletim de ocorrência e afirma que elas precisam ser apuradas para saber qual é a verdadeira. No entanto, essa investigação só vai ocorrer se a parte interessada denunciar o suposto abuso de autoridade empregado. Somente após o término desse processo é que se saberá o que poderá suceder judicialmente com os envolvidos.

Por Wenderson Oliveira

Fonte: Correio Brazilense

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