Sem apoio e com dívidas, ONGS e projetos de proteção animal precisam de doações em Campo Bom, RS

Sem apoio e com dívidas, ONGS e projetos de proteção animal precisam de doações em Campo Bom, RS
Angélica Spengler/AG

Com tantos animais nas ruas de Campo Bom, o trabalho de organizações de proteção animal aumenta. E, com isso, a necessidade de recursos financeiros e materiais também cresce. Neste sentido, algumas ONGs e projetos focados na assistência aos animais abandonados e vítimas de maus tratos precisam constantemente da ajuda dos campo-bonenses para arcar com a alta demanda e os custos do serviço. A Campo Bom pra Cachorro (C.B.C.), por exemplo, tem um débito de, aproximadamente, R$ 9 mil em duas clínicas veterinárias.

A ONG existe há cinco anos e Kayanne Braga, que é uma das fundadoras e presidente da entidade, conta que, inicialmente, a ideia era aumentar os resgastes de animais na rua em situação de vulnerabilidade para tratamento e colocá-los para a adoção, trabalho que ela já realizava há cerca de dois anos antes da criação da ONG. “Além disso, outra questão importante naquele início era a luta por políticas públicas relacionadas à proteção animal e contra os maus tratos. Causa que lutamos diariamente”, comentou Kayanne

As pessoas que dedicam grande parte do tempo para proteger e salvar animais enfrentam dificuldades todos os dias para conseguir manter o trabalho em prol dos animais. Voluntários de ONGs e projetos da causa, afirmam que, além de lidar com os casos de animais que precisam de ajuda, recebem críticas por não conseguirem atender todos os pedidos de socorro. “Como não pensar em desistir todos os dias? Como seguir em frente? Sempre dizem que nunca conseguiremos agradar a todos, mas o nosso trabalho é voluntário. Fazemos o que conseguimos com os poucos recursos que temos. Nós fazemos postagens, fazemos reuniões e convidamos a comunidade a nos juntar (quase nunca vai ninguém), tentamos conscientizar, tentamos ajudar. O que mais podemos fazer?”, desabafou. 

Em muitos casos, os animais que precisam de ajuda sofreram algum tipo de maus tratos ou foram abandonados. Além disto, há pedidos de donos que não têm condições financeiras de custear as despesas dos seus animais. As entidades também realizam castrações de cães e gatos para evitar que os filhotes de animais de famílias com baixa renda sejam abandonados nas ruas, por exemplo. “No ano de 2018, muitos de nossos gastos foram ocasionados por atendimentos realizados para a comunidade, casos de famílias que não tinham recursos para castrar ou atender seus animais, além de cães comunitários, casos de atropelamentos, viroses e castrações”, comentou Driele Severo, presidente do Projeto Cão Sem Lar, que há cinco anos atua no município.

Entre as dificuldades enfrentadas pelos voluntários estão, segundo eles, em primeiro lugar, a questão financeira, seguida da pouca quantidade de voluntários, falta de transporte e abrigo para os animais, que ficam em lares temporários dos próprios voluntários. “A cada ano que se passa, fica mais difícil de trabalhar, o número de voluntários é reduzido, não temos lares temporários e precisamos recorrer aos lares pagos, aumentando muito nossa despesa fixa”, disse Driele.

Centro de Recuperação e Bem-Estar Animal

Previsto inicialmente para inaugurar no último mês de março, o Cempra (Centro de Recuperação e Bem-Estar Animal) – espaço que servirá para cuidados de saúde de cães e gatos – deve iniciar os atendimentos no final do mês de abril. No primeiro semestre de 2018 a Prefeitura recebeu um contêiner de 12m x 2,60m que vai funcionar como um centro de bem-estar animal, adaptado segundo as normativas do Conselho Regional de Medicina Veterinária do RS. 

O container foi instalado junto ao prédio de 5m x 20m no bairro Quatro Colônias. O local deve abrigar salas cirúrgicas para procedimentos mais complexos, atendimentos médicos e castração, com capacidade para até 20 animais. “Contaremos também com um veículo adaptado para fazer pequenos atendimentos emergenciais, resgates, além de contribuir com a conscientização. Já foram construídos centros para o pós-operatório dos animais, onde ficarão até sua completa recuperação. Após, os animais serão devolvidos ao local de origem”, revelou João Flávio da Rosa, titular da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMA), responsável pelo Cempra.

Ainda segundo o secretário, o local também vai disponibilizar serviços para as ONGs e entidades. “Nossa meta é colaborar com o trabalho desenvolvido pelos voluntários. Temos reuniões nos próximos dias onde vamos abordar como irá funcionar essa parceria”. 

A prioridade de atendimentos, em um primeiro momento, será para cães e gatos em situação de abandono. Posteriormente serão estendidos os atendimentos para os animais pertencentes a população de baixa renda. A ação está sendo realizada pela SEMA que, após ter feito um levantamento através do Censo Animal no ano passado, constatou que o município possui mais 1,5 mil animais abandonados.

Fonte: A Gazeta 

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