SP: Moradores da Cantareira se unem para ‘salvar’ macacos após mais de 100 mortes por febre amarela

SP: Moradores da Cantareira se unem para ‘salvar’ macacos após mais de 100 mortes por febre amarela
Vizinhança em Mairiporã também recebe visitas frequentes de outras espécies de macaco (Foto: Elcinei Spinelli/Arquivo Pessoal)

Moradores de Mairiporã (SP), no entorno da Serra da Cantareira, criaram uma campanha para que o poder público tome providências em relação ao crescente número de macacos mortos pela febre amarela. Segundo o grupo, mais de uma centena de corpos de animais foi encontrada na área só na última semana. A Prefeitura da cidade fala em 22 óbitos pela doença.

VÍDEO: Moradora encontra macaco bugio morto no quintal de casa na Grande SP

Batizada de “Um sonho de bugio”, a campanha teve início no fim de novembro. Os moradores confeccionaram e distribuíram camisetas para chamar a atenção para o problema, e também produziram vídeos informativos sobre contaminação e como proceder ao encontrar um macaco morto. De acordo com os ativistas, a Defesa Civil do município não consegue recolher todos.

“Tem lugar que as pessoas reclamam que já não aguentam o cheiro. Não tão recolhendo. Tem uma viatura única, que não dá conta. Eles também não informam a população, não dão informações básicas para quando a pessoa encontrar um animal morto. Nós que estamos fazendo uma cartilha de como agir”, afirma Adriana Homem, idealizadora do projeto.

VÍDEO: Macacos eram vistos com frequência em casas no entorno da Cantareira e do Horto

Mairiporã é a cidade com a maior concentração de Mata Atlântica da Grande São Paulo. Não à toa, além dos 95 mil habitantes, conta com uma grande população de macacos. A vacinação dos humanos avançou. Conforme a Prefeitura, mais de 70 mil pessoas já foram imunizadas. A reclamação é que os primatas foram esquecidos no processo.

“Moro aqui há 20 anos e isso nunca aconteceu. Já perdemos mais de 250 animais, segundo informações que obtivemos com a comunidade. Semana passada, só no meu condomínio, foram seis animais mortos. Só aqui dentro. Imagine em uma área maior, como a da Cantareira”, pondera a professora Elcinei Spinelli, também envolvida na campanha.

Uma das sugestões que os moradores querem levar ao governo estadual é inspirada na África. Para enfrentar as moscas tsé-tsé, transmissoras da “doença do sono”, países africanos espalham bandeiras banhadas de inseticida em áreas verdes. Elas possuem cores características que são irresistíveis aos olhos do inseto e os atraem até a armadilha.

“Aqui não foi feito nada disso. Podia ter sido feito de forma preventiva, mas eles sabiam da epidemia e não mexeram nenhuma palha para a prevenção. Agora estamos pensando em fazer por contra própria por causa dessa situação de emergência. Olha o absurdo que chegamos pelo descaso do Governo do Estado”, diz Adriana Homem.

Procurada, a Secretaria Estadual do Meio Ambiente não havia se posicionado sobre o tema até a última atualização desta reportagem.

A Prefeitura de Mairiporã também foi procurada para comentar a denúncia em relação ao não recolhimento dos animais mortos, mas também não respondeu aos questionamentos ainda. A administração municipal adiantou, porém, que recolheu ao menos 90 corpos de macacos. O número pode ser maior, já que carece de atualização.

Moradores de Mairiporã se acostumaram a conviver com primatas no quintal (Foto: Elcinei Spinelli/Arquivo Pessoal)
Moradores de Mairiporã se acostumaram a conviver com primatas no quintal (Foto: Elcinei Spinelli/Arquivo Pessoal)

Por Will Soares

Fonte: G1

Os comentários abaixo não expressam a opinião da ONG Olhar Animal e são de responsabilidade exclusiva dos respectivos autores.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *