Tutores optam por alternativas para diminuir estresse em animais durante queima de fogos em Maceió, AL
A tradicional queima de fogos reúne multidões na orla de Maceió e no Brasil inteiro, mas o show de explosões e cores que dura em média 10 minutos acaba atrapalhando a vida dos animais e dos seus tutores que, por causa da quantidade de barulho provocado pela queima dos artefatos, procuram alternativas para diminuir o estresse dos bichos na virada de ano.
Dona de três cachorros chamados de Hug, Pudim e Bono, e um gato chamado de Sushi, a estudante de medicina veterinária Juliana Prieto, que mora com os pais no bairro de Jatiúca, contou que há vários anos ela e a família assistem ao show pirotécnico da varanda de casa, quando não tem que ficar dentro do quarto tentando acalmá-los.
“Se ele [o animal] ficar muito assustado, a gente usa calmante prescrito por um veterinário, uma dose baixa, só para ele ficar mais relaxado. Dentro do quarto, a gente liga o ar-condicionado e fica com eles para ver como vão se comportar. Se eles ficarem com muito medo, a gente conversa e faz carinho”, contou Juliana.
Entre os bichinhos, o gato Sushi tem que ter um cuidado especial durante os minutos da queima de fogos.
“O meu gato fica muito assustado, e a gente tem que tomar muito cuidado porque o gato tem uma propensão muito grande de morrer subitamente por conta de susto”, falou.
A dona de casa Geira Soares, que mora no bairro do Vergel, disse que já tem local para ir com o gato de estimação, o Ninho, antes da queima de fogos para evitar que o animal adoeça.
“Vou para casa do meu filho este ano [no bairro do Feitosa], pois antes ficava em casa trancada com ele. Meu gato vai para debaixo da geladeira e, depois quando passa os fogos, ele fica doente, triste e estressado”.
Também em busca de ter um réveillon tranquilo, a empresária Ana Luíza e a publicitária Mariana Dowsley, que moram no bairro de Cruz das Almas, encontraram um hotel com atendimento apropriado para as suas cadelas, Maria Clara e Lexie, após tentarem diminuir o estresse usando medidas caseiras.
“Eu já coloquei algodão no ouvido, fiz uma amarração na barriga e no peitoral que dizem que alivia. A gente tenta ficar perto, fazer de tudo um pouco para diminuir o impacto, mas, da mesma forma, elas ficam assustadas”, disse Ana Luíza.
O hotel para onde vão Maria Clara e Lexie é o Cão de Luz, que fica na praia do Francês, em Marechal Deodoro. O espaço deve receber 20 animais para passar a virada de ano.
“Tivemos a ideia de criar um ambiente acústico, que tranquiliza os animais no momento dos fogos. Além dessa proteção acústica, vamos ter um som ambiente, uma luz azul que é usada como terapia, conhecida como cromoterapia, para os animais mais agitados”, disse a proprietária Rayanne Oliveira.
Para os minutos da queima de fogos, três salas foram reservadas para receber os animais do hotel. Em cada uma delas, um monitor vai acompanhar os bichos e a programação durante o dia é de brincadeiras e diversos passeios.
“É a primeira vez que elas vão para lá. A gente tem todo o cuidado e toda atenção com o ambiente que elas vão ficar e lá eu vejo que eles cuidam muito em questão de água, brinquedo; o ambiente é aberto. Assim, o ambiente fica mais agradável, a festa fica muito mais legal tanto para gente quanto pra eles, né?”, comemorou a empresária Ana Luíza.
Reações e técnicas caseiras
O médico veterinário Alecy Amorim explicou ao G1 que isso acontece porque os animais têm uma audição muito sensível.
“Eles escutam cerca de cinco vez a mais que nós humanos e por isso eles ficam muito atordoados. Algumas medidas podem ser tomadas para ajudar os animais; a primeira delas é conversar com um médico veterinário e ver a recomendação. Jamais utilizar tratamento medicamentoso sem a prescrição de um veterinário”, disse.
Para minimizar o estresse, Amorim falou que o uso de sons que imitem os fogos de artifício no ambiente ajuda o animal de estimação para que ele se acostume com o barulho.
“O tutor deve brincar com o animal nesse momento para que ele entenda que é um momento de diversão e não de atordoamento. Caso o tutor não esteja em casa na hora em que os fogos vão ser queimados, o uso da televisão e dos ventiladores, de algo que abafe o barulho, vai ajudar esses animais. É sempre bom lembrar que, sempre que possível, não deixar os animais sozinhos em casa nos dias que tenham fogos de artifício”, explicou.
Em relação as técnicas caseiras citadas pela entrevistada, o médico contou ainda não há nada científico que aprove e comprove a utilização de algodão nos ouvidos do animal, assim como a amarração no peitoral e na barriga.
Fonte: G1