135 mil assinaturas são recolhidas contra festa espanhola onde pessoas arrancam cabeças de gansos

135 mil assinaturas são recolhidas contra festa espanhola onde pessoas arrancam cabeças de gansos

A cada dia 25 de julho a localidade toledana de El Carpio de Tajo, na Espanha, celebra a festa “Correr los gansos”. A prática vem da época medieval, onde durante a festa dois paus bem altos são colocados no centro da praça a uma distância de cerca de seis metros e são unidos por uma corda grossa. Ali se amarram uma série de gansos, que previamente foram sacrificados (apesar de que até alguns anos atrás as aves eram penduradas vivas) para que vário cavaleiros em cavalos possam “competir” em corridas que têm como objetivo arrancar o maior número de cabeças possível.

Em 2016, uma cidadã de Alicante, Carmen Córdoba, lançou uma petição para impedir que continue se celebrando essa festa. “Consegui muitas assinaturas, não esperava tantas. Mas não pude entregá-las e, além disso, liguei ao prefeito e ele não atendia”. Quase um ano depois, ela foi até Toledo para entregar as 135 mil assinaturas que conseguiu perante a Subdelegação do Governo central em Toledo. “Espero uma resposta para que este ano substituam esta parte cruel, porque viola muitos direitos, em particular da liberdade das crianças”.

Carmen Córdoba, a promotora da iniciativa contra “Correr los gansos”.

Carmen reconhece que, de acordo com a atual legislação da Espanha, “a festa pode ser legal”, mas mantém que “é uma questão de consciência nos tempos atuais”. Ela crê que “é uma das dez festas mais cruéis da Espanha. Em nosso país somos campeões nos maus-tratos e, enquanto isso exista, não há progresso”. Ela qualifica esse tipo de prática de “arcaicas e grotescas” e quer recolher as assinaturas como cidadã particular, apesar de ter recebido o apoio de grupos animalistas como Voices of Animals, Somos Manada e Gladiadores de la Paz.

Ela se pergunta onde está a diversão: “A única coisa que isso propicia é a violência. É uma vergonha que não sejamos suficientemente inteligentes para divertirmo-nos sem maltratar a um animal e não se importar se ele está morto ou vivo”.

Caso sua iniciativa não prosperar e ela não consiga eliminar a prática, Carmen garante que “continuará pressionando”, porque ela acredita que “[isso] acabará e deve acabar por seu próprio peso”.

O prefeito do município, o socialista Germán Jiménez, defendeu em declarações que essa é uma festa legal e que a prefeitura se limita a patrocinar outros aspectos do evento, como as orquestras, os fogos de artifícios e as atividades das crianças, já que “Correr los gansos” é realizada pela Irmandade do Apóstolo Santiago.

“A única coisa que facilitamos é a preparação da praça para que os cavalos desfilem e o convite para experimentar um vinho por cortesia institucional. No fim das contas, são eles que fazem a festa”. Um evento que atrai uma multidão de visitantes e deixa dinheiro para o povo, ele defende. “A população se triplica nesses dias”, em um município que não passa dos dois mil habitantes.

Por Carmen Bachiller / Tradução de Alice Wehrle Gomide

Fonte: El Diário

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