A verdade obscura por trás do Kopi Luwak, o café mais caro do mundo

A verdade obscura por trás do Kopi Luwak, o café mais caro do mundo
Foto: Nicky Loh/Flickr

Uma xícara de Kopi Luwak, o café mais caro do mundo, pode ser vendida até por US$ 80 nos Estados Unidos. Se isso não for capaz de te despertar como uma xícara de café forte, este fato pode: Kopi Luwak é também conhecido como café do cocô de felino. Mas não saia do teu emprego e comece a colocar grãos de café na ração do seu gato doméstico. Este café vem dos grãos que são parcialmente digeridos e então expelidos com as fezes pelo musang, ou civeta de palmeira asiática. A enzima digestiva dentro do trato gastrointestinal do musang muda a estrutura da proteína dos grãos de café, o que diminui sua acidez e faz com que o café seja, podemos dizer, mais suave.

As origens do Kopi Luwak são inocentes; as pessoas procuravam as fezes do felino na natureza, deixando os musangs em segurança e em paz para continuar nas florestas. Mas um aumento na demanda deste café “luxuoso” agora está prejudicando milhares de musangs inocentes. Ao invés de permitir que eles vivam em seus habitats naturais, empresários inescrupulosos capturam os musangs para produzir o Kopi Luwak em massa. Infelizmente para os consumidores, não tem como saber se um pacote de kopi luwak foi recolhido no chão da floresta de forma responsável, ou coletado de musangs cativos e explorados. Esses animais (Paradoxurus hermaphroditus) são nativos do sul e sudeste da Ásia.

Foto: Xevi V/Flickr

Estas criaturas naturalmente tímidas e solitárias sofrem imensamente de estresse por estarem em cativeiro e mantidos tão próximos uns dos outros. Sua saúde declina catastroficamente, já que sua dieta é reduzida para frutos de café. A dieta forçada e o ambiente claustrofóbico fazem com que os musangs briguem, mordam suas patas e expilam sangue em suas fezes. Em muitos casos, estes animais noturnos são realocados pelo tráfico para áreas cheias de turistas. Como resultado, os musangs morrem de forma prematura e dolorosa.

Apesar de os musangs comerem os frutos de café na natureza, essa não é sua única fonte de nutrição. Eles são criaturas onívoras e gostam de bagas, frutas suculentas, assim como pequenos mamíferos e insetos. Eles também ajudam a manter o ecossistema das florestas tropicais com a dispersão de sementes. Para a produção incessante do café, esses musangs são torturados ao se alimentarem somente com os frutos de café. Eles têm que ficar em seu próprio excremento e urina por dias em gaiolas tão pequenas que não há espaço nem para eles deitarem. O chão de arame onde os musangs são obrigados a ficar causam feridas e abrasões que são uma fonte constante de desconforto e dor.

Pesquisadores da Unidade de Pesquisa de Conservação da Vida Selvagem da Universidade de Oxford e a ONG de Londres World Animal Protection verificaram as condições de vida de cerca de 50 musangs mantidos em cativeiro em 16 plantações em Bali. Eles observaram o tamanho e a sanitização das gaiolas para a habilidade de seus ocupantes agirem como musangs normais. Cada plantação que visitaram falharam nas exigências básicas de bem-estar animal. Eles viram musangs severamente abaixo do peso (o resultado de uma dieta restrita a frutos de café) e observaram musangs obesos, o resultado de nunca serem capazes de se mover livremente. Em todos os casos, os pesquisadores encontraram os musangs muito ansiosos e inquietos pela grande quantidade de cafeína que são forçados a consumir.

Uma investigação recente da organização Moving Animals também revelou outra dimensão perturbadora na indústria: incapazes de lidar com o cativeiro, estes musangs chegam ao ponto de automutilação, e mordem suas caudas até quase o osso em ansiedade e tédio.

Tony Wild, o executivo responsável por levar o Kopi Luwak para o mundo ocidental, declarou que não apoia mais seu uso devido à crueldade animal. Ele lançou uma campanha chamada “Kopi Luwak: Cut the Crap” (Kopi Luwak: Corte o Lixo) para acabar com o uso do infame café luxuoso.

Antes de tomar um gole de Kopi Luwak, pare por um segundo e pense sobre isso. Vale a pena?

O que você pode fazer?

Não compre esse café. Até mesmo Kopi Luwak promovido como vindo de fontes 100% “livre de gaiolas” normalmente não vem. Não visite fazendas de musangs em Bali. Não apoie operadores que oferecem passeios nesses locais. Escreva para vendedores de Kopi Luwak e peça que eles parem com essas vendas e assine esta petição que pede para as empresas de viagens pararem de promover este comércio cruel.

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Por Suvidha Bhatnagar / Tradução de Alice Wehrle Gomide

Fonte: One Green Planet 

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