Abandonado após fortes chuvas, cachorro recebe cuidados de vizinhos e ganha casa nova no Recife, PE

Um cachorro passou dois meses circulando sozinho pelas ruas de Jardim Monte Verde, no Ibura, na Zona Sul do Recife, após seus tutores serem atingidos pelos temporais de maio e junho. Abandonado, Galego era alimentado por vizinhos. No sábado (6), ganhou uma casa nova (veja vídeo abaixo).
VÍDEO: Cão abandonado após quedas de barreiras recebe cuidados de vizinhos e ganha nova casa
As fortes chuvas que caíram na Região Metropolitana no meio de 2022 causaram a morte de mais de 130 pessoas e deixaram milhares de desabrigados.
O caso de Galego teve repercussão em redes sociais. Sensibilizada, a cuidadora de animais Kátia Kaenedy resolveu adotar o cão, no sábado, dia do próprio aniversário. Ela administra a ONG Associação Pegadas de Anjos.
Até a adoção, a história de Galego foi acompanhada de perto por Claudemir Lima, de 18 anos, que mora na área.
O cão chamou a atenção dele por sempre circular pelas ruas com um boneco de pelúcia que estava no lixo. Os entulhos ficaram acumulados após os temporais que provocaram deslizamentos de barreiras na região.
“Quem pegou ele foram uns moradores daqui perto de casa. Tiraram ele da barreira e o trouxeram para cá. Então, toda noite eu mandava a ração. Às vezes, ele subia comigo aqui na minha casa para brincar”, conta Claudemir.
O jovem tem um abrigo no terreno da casa onde vive. Lá, cuida de 45 animais. Claudemir diz que não conseguiu acolher Galego por falta de espaço e de estrutura.
Em uma das noites, enquanto levava ração para o animalzinho, Claudemir viu ele brincando e pulando muito em cima de uma pilha de lixo.
Quando se aproximou, notou que ele estava com um patinho de pelúcia verde na boca. Ao perceber a chegada dele, Galego correu para mostrar o novo brinquedo.
Desde então, o jovem conta que o patinho de brinquedo se tornou inseparável do animal. À noite, ele só soltava a pelúcia para comer a ração e, logo em seguida, o pegava novamente com a boca.
Sem casa
O caso do cachorro Galego não é uma exceção. Segundo Claudemir, muitos animais foram abandonados após as chuvas na comunidade. Alguns permaneceram presos dentro de casas desocupadas por causa do risco de deslizamento.
“Ficaram muitos animais abandonados. Eu peguei três cachorros filhotes, que já estavam com pneumonia. Um está comigo, os outros foram devolvidos. Teve também duas gatas filhotinhas, que levei para um gatil. Ambas já foram doadas”, ele lembra.
Alguns animais mais velhos, porém, que são mais arredios, seguem vagando pelas ruas onde ocorreram as quedas de barreiras, muito magros ou doentes.
“Perto da minha casa, há uns 12 gatos abandonados. Cachorro, tem que ir vendo. Na rua principal [de Jardim Monte Verde], deve ter uns três ou quatro, todos esqueléticos”, afirma.
Por Paulo Veras
Fonte: G1