Abandonado, cão tetraplégico é resgatado em meio às fortes chuvas que caíram no Recife, PE
Em 72 horas, caíram 89% das chuvas esperadas para todo o mês de abril na Região Metropolitana do Recife (RMR). Isso gerou um volume de água considerável nas vias, deixando algumas áreas completamente alagadas. No bairro do Ibura, um cão sem raça definida (SRD), tetraplégico e abandonado, ficou ilhado, correndo risco de morte.
A situação de abandono dele vinha sendo compartilhada nas redes sociais há alguns dias, até que, no final de semana, com o agravante da chuva, ganhou uma proporção maior. O protetor Esdras Andrade, de São Paulo, tomou conhecimento do caso e acionou o protetor Douglas Brito, no Recife.
“Todo resgate tem uma história. E este foi muito especial por toda a situação”, conta Douglas, que saiu do bairro de Casa Amarela, na Zona Norte da cidade, distante cerca de 16 quilômetros de onde o cão, que ganhou o nome de Zeus, se encontrava. “Saímos às 23h, eu e mais três pessoas, e só conseguimos chegar próximo a ele por volta das 2h. A cidade toda estava alagada.”
Zeus estava abrigado embaixo de um conteiner, em uma área de difícil acesso por conta do volume de água. “Não tinha como passar. Vimos que os moradores das proximidades estavam pagando uma charrete para atravessar até a área mais seca e falamos com o rapaz para ele buscar Zeus”, explica Douglas.
O grupo pagou R$ 50 e deu as coordenadas de como o homem chegaria até o canino, que já se encontrava extremamente debilitado e com muitas dores. Ele foi imediatamente levado a uma emergência veterinária, onde segue internado.
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Dada a gravidade do caso, Zeus teve um princípio de trombose, além de apresentar muitas dores. Por enquanto, Zeus não tem condições sequer de usar uma cadeira de rodas, recurso comumente usado em animais com limitações de locomoção.
Ele ainda está passando por uma série de exames na tentativa de observar a condição óssea e muscular para fechar um diagnóstico sobre a lesão. Nesta quarta-feira (14), fará também exames neurológicos, para checagem dos reflexos.
“Ele observa, acena com o rabo, mas não consegue responder com o resto do corpo, ficar em pé. É triste ver um animal relativamente saudável em uma situação assim”, desabafa Douglas, contando que o canino deve ter aproximadamente três anos.
Ainda não se sabe a condição que levou Zeus ao quadro de tetraplegia e nem como ele chegou ao local onde se encontrava, no Ibura. “Como ele não se movimenta sozinho, imagino que tenham abandonado ele na área”, opina Douglas.
Os custos do internamento e tratamento de Zeus estão sendo arcados por Esdras Andrade, que se comprometeu a concluir esse etapa. A partir do momento em que ele receber alta médica, a responsabilidade passará a ser de Douglas, que já está em contato com a profissional que confecciona cadeiras adaptadas para quando ele tiver condições clínicas.
Como não tem somente Zeus para assistir, Douglas espera poder contar com a ajuda de outros protetores, ativistas e simpatizantes da causa animal para dar conta desses próximos passos.
“A gente sabe que um animal na condição dele tem chances reduzidas de adoção. É um lar temporário que pagaremos continuamente, além das medicações, sendo que temos outros animais também em tratamento e precisando de assistência”, explica Douglas, que, apesar de saber das dificuldades, não deixa de torcer para que Zeus ganhe um lar.
Por Irce Falcão
Fonte: Folha PE