Abrigos de animais em Fortaleza (CE) sofrem queda de doações e sentem efeitos da crise durante a pandemia

Abrigos de animais em Fortaleza (CE) sofrem queda de doações e sentem efeitos da crise durante a pandemia
Abrigos pedem ajuda para manter animais abandonados em Fortaleza — Foto: Divulgação

A crise causada pela pandemia do novo coronavírus tem afetado diretamente abrigos que acolhem animais abandonados, em Fortaleza. Os responsáveis pelos projetos tem sentido a diminuição de doação e também a baixa do número de adoções, no decorrer desses quatro meses de isolamento social. Em alguns casos, abrigos em Fortaleza, chegaram até mesmo a ficar sem ração e outros seguem superlotados, como é o caso do Abrigo São Lázaro.

O Ceará registra 147.566 diagnósticos positivos do novo coronavírus, e já 7.185 pessoas perderam a vida para a Covid-19. Os números são da plataforma digital IntegraSUS, atualizada às 14h07 do último sábado (18). A taxa de letalidade no Estado é de 4,9%.

Durante esse período de isolamento social, o Abrigo São Lázaro mudanças latentes em sua rotina, pois o local que é casa de cerca de 1.200 animais, entre cachorros e gatos, não pôde contar mais com um grande número de voluntários, devido aos protocolos de segurança sanitária, dificultando assim o dia a dia das atividades no local.

Crise durante a pandemia de coronavírus reduziu doações em abrigos de animais em Fortaleza. — Foto: Divulgação

“Hoje só contamos com nove voluntários e a gente sabe que é pouco para dar conta de mais de mil animais. A gente limpa de 10 em 10 minutos, tem animal para dar remédio, tem animal para fazer curativo, tem que levar cães para passear, então esse foi o maior impacto”, detalha Apollo Vicz, representante do Abrigo São Lázaro.

A voluntária e social media do Abrigo São Francisco, Beatryz Ketlyn, conta que o local também sentiu esse impacto, principalmente com o cancelamento de eventos promovidos para receber doações de alimentos e medicamentos e realizar doações dos animais.

“Através desses eventos as pessoas iam conhecer o abrigo e ganhavam mais confiança, porque muitos ficam com aquele receio de doar. Antes já era muito difícil, agora está quase impossível”, relata. O local abriga cerca de 170 cães, que consomem 50 quilos de ração por dia, e 30 gatos,que chegam a consumir 100 quilos de ração por semana. Há uma semana o abrigo chegou a publicar nas redes sociais que estava sem ração para os cães. 

Dificuldades
 
Para Viviane Lima, fundadora do Lar TinTin, que passou a cuidar sozinha de 350 cães, 3 ovelhas e 1 cavalo, com necessidades especiais, ao longo desses quatro meses, tem sentido diversas dificuldades para manter os cuidados dos animais. As doações em dinheiro, chegaram a cair 80%. “Hoje a gente tá precisando de tudo: ração, material de limpeza, curativo, doação financeira, porque a gente tem dívidas nas clínicas, tudo”, completa.

O Abrigo São Lázaro, maior da capital, apesar do reconhecimento também tem enfrentado dificuldades financeiras. Hoje, com a queda nas doações, o local já acumula uma dívida de R$ 30 mil em clínicas veterinárias. “Complicou muito nessa parte financeira. Além disso tem a ração, sai em torno de mil reais diários, porque são mais de mil animais, então são 300 quilos de ração por dia”, aponta o representante do Abrigo São Lázaro.

Já a representante do Abrigo São Francisco, que há uma semana chegou a publicar nas redes sociais que os cachorros estavam sem ração, lamentou o receio de doar de muitas pessoas. “Infelizmente muita gente tem receio de doar. Só os cães consomem 50 quilos de ração, por dia. Os gatos, que comem em menor quantidade, chega a cerca de 100 quilos por semana. Além disso a demanda por remédio subiu bastante”. 

Abandono
 
Enquanto acontece uma diminuição nos números de adoções de animais e doações para esses abrigos, outro número negativo é somado a esse cenário, o aumento no abandono. “O abandono aumentou muito e os maus tratos também. Percebi que teve um aumento. A gente percebeu mais coisas cruéis”, relata Viviane.

O representante do Abrigo São Lázaro, que tem sofrido com a superlotação, também observou esse aumento no número de abandono de animais. Ele acredita que a principal causa é a falta de conhecimento quanto ao novo coronavírus. “O nível de abandono aumentou, porque existem muitas pessoas que são ignorantes, com pouca informação e estavam achando que os animais transmitiam o novo coronavírus, e isso não é verdade”, lamenta Apollo.

Serviço

Por Isabella Campos

Fonte: G1

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