Acusado de maus-tratos, idoso lutava pela vida de cavalo e até colchão deu ao animal em MS

Acusado de maus-tratos, idoso lutava pela vida de cavalo e até colchão deu ao animal em MS
Cavalinho adoecido recebeu colchão de idoso que lutava para manter o animal confortável - Foto: Reprodução/PMA

Um idoso de 79 anos tentava cuidar do seu cavalo em fase terminal de saúde. O bicho, no entanto, ao deitar-se no quintal parecia estar abandonado à sorte, o que levou moradores da cidade de Três Lagoas, no interior de Mato Grosso do Sul, a acionar a Polícia Militar Ambiental (PMA) até a casa do idoso, sob a acusação de maus-tratos, no entanto, ao a PMA chegar no local, constatou-se que tratava-se na verdade de uma luta do idoso para ajudar o animal doente.

O caso aconteceu na tarde do dia 11 de dezembro.

Segundo a PMA, o idoso comprovou que alimentava o animal e providenciava água e sombra, além de remédios, quando necessário e até um pequeno colchão. Ele foi orientado a levar  o bicho ao veterinário e posteriormente a remover o cavalo à zona rural, onde é permitida a criação de animais de grande porte.

O denunciado afirmou que usou o animal muito tempo para o transporte de recicláveis, mas que ele adoecera, no entanto, estava fazendo o que podia para dar conforto ao animal, embora soubesse que o cavalo estivesse em fase terminal.

Diante da situação, a equipe solicitou um atendimento com uma veterinária da Prefeitura Municipal de Três Lagoas que, com a ajuda do Policiais, medicou o cavalo para reduzir o seu desconforto até o atendimento definitivo.

Como o animal não estava abandonado e o idoso demonstrou que estava fazendo o que podia, dentro de suas condições, ele não foi autuado por maus-tratos, pois tratava-se de uma situação que fugia ao seu controle, porém, ele foi orientado e notificado a providenciar todos os cuidados necessários ao seu cavalo, bem como sua remoção da zona urbana.

Por Tero Queiroz 

Fonte: MS Notícias


Nota do Olhar Animal: A verdadeira expressão de sensibilidade do Poder Público se manifestará com a implementação de políticas públicas para que situações como esta não ocorram mais. Explorar cavalos invariavelmente resulta na precariedade do atendimento às suas necessidades, em muito sofrimento e na morte do animal. O rendimento da exploração nunca é suficiente para o carroceiro sustentar sua família e simultaneamente dar os mínimos cuidados que o cavalo necessita (veterinário, alimento de qualidade, vitaminas etc.). E mesmo que os recursos fossem suficientes, a escravidão destes animais não se justifica do ponto de vista moral. Os carroceiros devem ser capacitados para outras atividades ou terem seus veículos substituídos por outros, de tração não animal. É ótimo para os cavalos e também para os carroceiros, como mostram experiências em outras cidades (na ilha de Paquetá, no Rio, por exemplo), onde a qualidade de vida dos próprios carroceiros melhorou quando deixaram de explorar os bichos. E um senhor de quase 80 anos sequer deveria estar trabalhando, exceto em algo adequado às suas condições físicas para continuar a ter uma atividade se assim desejasse. Um projeto de renda mínima ajudaria.

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