Adoção de galos de rinha gera bate-boca na Câmara de Joinville (SC); vídeo

Adoção de galos de rinha gera bate-boca na Câmara de Joinville (SC); vídeo

A discussão sobre o que fazer com dez galos apreendidos em uma rinha gerou bate-boca na Câmara de Joinville. No abrigo animal para onde eles foram levados não há um local apropriado, e uma ONG decidiu fazer uma mobilização para que os galos fossem adotados. A medida gerou polêmica entre os vereadores, como mostrou o Jornal do Almoço desta quinta-feira (13).

A discussão no plenário ocorreu no último dia 3 e começou quando a vereadora Ana Rita (PROS), resolveu expor na tribuna a situação dos animais. “Eu usei o meu tempo livre para falar sobre isso. Essa nota havia saído no jornal e eu tentei explicar um pouquinho como seriam essas adoções”, explicou a vereadora.

Depois disso, seis vereadores falaram na tribuna sobre a situação dos galos. Alguns defenderam que os animais deveriam ser sacrificados. O primeiro foi o vereador Rodrigo Coelho (PSB). “Já começou a faltar merenda nas escolas, fora as pessoas que vivem na rua, que ganham sopa… Fora adoção de crianças, que acho que está acima da adoção de um galo. Acho que a gente não deve adotar galo, com todo respeito. Cachorro, tudo bem. Mas se a gente encontrar um galo de rinha, devia cortar a cabecinha dele e fazer um ensopado para dar pra esse pessoal. Com certeza vai ser muito melhor”, disse.

A vereadora Ana Rita rebateu. “E para quem acha que cortar a cabeça do galo e fazer uma canja, ou sei lá qual foi o termo que o senhor usou, é uma boa, eu lhe digo que não é a sua cabeça que está sendo cortada, certo? Por isso é fácil dizer”.

‘Matar a fome’

“Com todo respeito que lhe tenho, com todo respeito que tenho pela causa animal, antes a vida humana. Vamos, sim, preservar a vida animal, mas antes vamos matar a fome daqueles que têm fome”, disse o vereador Rodrigo Fachini (PMDB).

“No meu tempo, porque eu ainda sou pequeno, mas quando eu era criança, lá no sítio, vovó criava galinha, e tinha galo de briga também lá. Vovô chegava, prende e aqui, ó, tuf”, disse Mauricinho Soares (PMDB), fazendo o gesto de matar o galo com as mãos.

“E eu gostaria que os senhores levassem a sério isso que eu falei da questão dos galos”, disse a vereadora Ana Rita. “Não serão esses dez galos que serão responsáveis por matar a fome dessas crianças”.

Outros vereadores poderaram sobre a necessidade da discussão. “Aqui nós estamos criamos uma dicotomia que não existe, que é a defesa da causa animal e a defesa dos excluídos socialmente. Uma coisa não impede a outra”, disse James Schroeder (PDT).

“Antes eu tive um tema bastante importante que trata da segurança da nossa comunidade, que trata do bem estar de quem defende segurança pública. E não ganhou eco, ninguém discutiu o assunto “, afirmou Richard Harrisson (PMDB).

Debate levou quase uma hora

Por conta da demora da discussão sobre os galos, que levou uma hora, a sessão foi prorrogada em 40 minutos para que todos os assuntos que estavam em pauta fossem votados.

“Nós poderíamos ter nos dedicado a discussões mais produtivas”, disse James Schroeder (PDT). “A cidade demanda solução para saúde, educação, violência. Esses temas precisam de tempo e de espaço para discussão”.

O presidente da Câmara explicou que, pelo regimento interno, os vereadores podem discutir qualquer assunto durante o uso da palavra livre e que não houve prejuizos na tramitação dos projetos. “Não caberia eu interromper porque todos têm o direito, tanto de falas como líderes, de bancada, de governom partido, e também fals de questões de ordem, referentes a temas abordados no plenário”, disse Fernando Krelling (PMDB).

Ele disse, no entanto, que considerou a discussão “nem um pouco interessante”. “A cidade tem problemas muitos maiores, não acho que é assunto para discutir em Câmara de Vereadores”.

A RBS TV procurou os vereadores que se posicionaram na tribuna. Rodrigo Coelho não quis se manifestar. Fachini disse manter o mesmo posionamento do momento em que se manifestou na Câmara, e que defende em primeiro lugar a vida humana. Já o vereador Mauricinho Soares disse que defende a causa animal, mas que não considera a adoção dos galos uma prioridade.

Fonte: G1

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