Alto custo de vida no Reino Unido aumenta abandono de animais

O abandono de animais de estimação aumentou 24% no Reino Unido no último ano, informou esta terça-feira a principal organização britânica de defesa dos animais.
A Real Sociedade para a Prevenção da Crueldade contra os Animais (RSPCA) informou que existiram 22.908 abandonos nos primeiros sete meses de 2022, face a 18.375 no mesmo período de 2021.
“A ideia de manter o seu gato numa caixa de transporte e levá-lo a um lugar isolado na floresta e depois ir embora, ou lançar o seu cachorro do carro (…) é absolutamente inaceitável e comovente”, afirmou Dermot Murphy, responsável pela RSPCA.
“Mas, lamentavelmente, todos os dias vemos animais abandonados cruelmente desta maneira”, acrescentou. “Entendemos que às vezes podem ocorrer imprevistos – a pandemia e a crise do custo de vida demonstraram – mas nunca há desculpas para abandonar um animal”, acrescentou a associação.
A organização atribuiu o aumento do abandono ao facto de que mais pessoas adotaram animais de estimação durante a pandemia – e depois abandonaram-nos – e ao alto custo de vida que afeta alguns tutores.
O Reino Unido regista uma inflação histórica de mais de 10% que deve superar 13% até o final do ano, somada a uma crise energética que levará às alturas as faturas de gás e luz de milhões de pessoas este inverno.
Um quinto dos tutores de animais estão preocupados em como alimentar os animais, segundo uma pesquisa realizada pela RSPCA.
A organização citou exemplos como o de quatro serpentes – três pítons-reais e uma cobra-do-milho – confinadas em caixas de plástico às margens de uma estrada em Surrey, no sul de Londres.
“As quatro serpentes estavam cada uma dentro da sua própria caixa de plástico forrada com jornal”, explicou a resgatadora de animais Chloe Wilson, afirmando que “algumas das serpentes também tinham frascos de água”.
“Estava a chover muito e a caixa de cima estava a começar a encher de água e a serpente poderia facilmente ter se afogado”, acrescentou.
Os abandonos já haviam aumentado 17% em 2021, até 38.087, depois das restrições contra o coronavírus terem sido levantadas. Os cães (14.462) e os gatos (10.051) foram os mais afetados, mas também houve 3.363 animais exóticos abandonados, entre eles, 685 serpentes.
Fonte: Diário de Notícias