Altruísmo animalesco

O cerne da questão ética pode ser identificado com o conceito de altruísmo, indicando ações que visam ao bem dos afetados, o contrário de egoísmo, que indica atendimento dos interesses daquele que age. Não existiria ética se não existisse a capacidade de agir para beneficiar o outro. Embora os filósofos, desde Aristóteles, tenham pensado a ética prioritariamente na perspectiva antropocêntrica, o ser humano é capaz de agir para atender interesses e preservar as condições da vida de outros seres vivos, ainda que não sirvam para quaisquer propósitos humanos.

Apesar de os humanos serem capazes do altruísmo ético, os padrões mentais e morais nos quais somos formatados estão estruturados em conceitos que ainda dividem os seres vivos em grupos distintos: de um lado, os humanos, considerados dignos de respeito moral; de outro, os animais, desprezados moralmente. Na sociobiologia, os cientistas costumam explicar a origem do senso ético a partir da consciência que os animais têm do risco ao qual expõem sua própria sobrevivência, caso abandonem seus parceiros, descendentes e grupo social.

Há três tipos de altruísmo animalesco: o de parentesco, o de parceria e o tribal. Nenhum deles pode ser considerado genuinamente ético. Para ser ético, o altruísmo precisa visar ao bem de qualquer ser vivo que possa ser afetado pela ação humana, não importando a natureza desse ser, e muito menos sua configuração anatômica ou habilidades específicas. Se um animal possui inteligência, sensibilidade, e cuida de si buscando seu próprio bem a seu modo específico particular, não há por que excluí-lo da comunidade moral humana.

Se a racionalidade é o que permite a expansão da mente humana, a ética fundada em princípios racionais deve levar-nos à frente da moral tradicional. Maltratar, explorar e matar animais, costume milenar, deixou de ser eticamente defensável, num momento em que a violência não é mais considerada moralmente legítima. Se queremos ser éticos, precisamos ser altruístas: adotar a perspectiva do bem próprio de qualquer ser que possa vir a ser afetado por nossas ações, decisões e interesses.

Fonte: ANDA – Agência de Notícias de Direitos Animais


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