Animais descartados nas e coletados das ruas

Por Sônia T. Felipe

Estava lendo as notas dos amigos e dei com a do Márcio Linck sobre o lixo jogado nas ruas pelos cidadãos que depois xingam a prefeitura por não recolhê-lo. Foi inevitável a associação com o descarte de animais nas ruas por pessoas irresponsáveis e a coleta por outras, compassivas.

O que fazem com o lixo descartado é o mesmo que fazem com os animais jogados fora como lixo. Os irresponsáveis os descartam sem dó nem piedade. As compassivas os recolhem com o coração se esvaindo de dor pelo animal e raiva de quem faz isso a ele. Um jogo que há décadas é levado a efeito em todas as cidades do nosso e de outros países. Não vi mudança alguma de atitude até hoje. Nem dos descartadores de animais, nem das socorristas e protetoras. Mas há que mudar tudo.

Não vejo saída para esse jogo de descarta-coleta, a menos que as protetoras e socorristas mudem sua postura frente àqueles que descartam animais como se fossem matéria abjeta. A única saída que vejo é uma manifestação em todas as cidades do nosso país, para mostrar a toda a sociedade e aos governantes que milhões de cidadãs estão praticamente indo à falência para dar socorro, abrigar e adotar animais, tidos como de estima, jogados fora nas ruas como lixo.

Enquanto houver protetoras compadecidas dos animais (algo louvável), haverá quem os descarte, crente de que as protetoras e protetores adoram coletar animais descartados. É preciso mudar a forma de luta. É preciso que as protetoras se organizem e digam um basta à coleta de animais descartados. Pelo país afora. Está mais do que na hora.

Cada dia aumenta o número de animais jogados fora. Aumenta a dor de quem os coleta. Diminui o poder aquisitivo de quem os coleta. E os que os jogam fora continuam livres do ônus e de qualquer responsabilidade, sacudindo os ombros e esfregando as mãos para se limparem do que fizeram.

E as protetoras aflitas tentam consertar o erro. Mas, porque não protestam, não o consertam. Não mostram nos jornais o total de gastos anuais com animais coletados das ruas. Não fazem nada além de deixarem seu coração sangrar e sangrar. Sofrem por si e no lugar dos que abandonam os animais e não se compadecem. É preciso dar um basta na irresponsabilidade de quem descarta animais nas ruas. E na impotência emocional e financeira de quem os coleta.

Precisamos organizar uma grande passeata nacional para mostrar o número de animais que hoje estão sob responsabilidade de pessoas que não os compraram nem os rejeitaram quando nasceram de uma mãe comprada. É preciso que se crie um site onde cada protetora ou protetor que socorreu, deu abrigo e adotou um animal ou vários deles possa postar a foto de cada animal, o nome, o estado em que o recolheu das ruas, o gasto que teve para recuperar a saúde do animal e que continua tendo para mantê-lo vivo e saudável.

É preciso que o total dos gastos das pessoas que socorrem e adotam animais descartados por outras seja uma vez publicado pelo Brasil afora. É preciso que o governo estabeleça políticas públicas para coibir o ato de jogar animais fora. Seja proibindo sua fabricação e venda, seja exigindo de quem os adota um registro completo de adoção para que a responsabilidade civil e penal seja definida.

Se alguém não quer mais o animal que comprou ou adotou, que pague pensão alimentícia para a pessoa que o acolher após o recolher. Sim. O dinheiro das socorristas está no limite. Pensão alimentícia, sim. Não quer cuidar? Então pague para que alguém possa cuidar do animal sem empobrecer.


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Olhar Animal – www.olharanimal.org


 

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