Animais são sacrificados em seminário de Toledo, PR; não restou nada de sangue

Animais são sacrificados em seminário de Toledo, PR; não restou nada de sangue
Foto: Radar BO

Um caso macabro foi registrado na madrugada de sexta-feira (23) na cidade de Toledo (região oeste). Vários animais foram sacrificados, supostamente para a coleta do sangue para algum tipo de ritual, já que, embora cortados, os animais não apresentavam uma gota de sangue.

O caso ocorreu nas dependências do seminário localizado no Jardim Porto Alegre. De acordo com as informações apuradas pelo site Radar BO, o fato ocorreu por volta das 3h da madrugada, quando pessoas invadiram um galinheiro e um cercado onde eram criados patos, marrecos, peru, coelhos e galinhas. Foram sacrificados todos os coelhos, várias galinhas, um pato e um peru.

A cena presenciada pelos freis foi chocante e chamou a atenção que as aves foram feridas no pescoço e os coelhinhos no pescoço e alguns na barriga, sem que nenhuma gota de sangue tenha ficado no local, levando a crer que o sangue dos animais foi coletado com alguma finalidade ritualística. Um viveiro de pássaros teve um dos animais retirado e sacrificado também.

Esta é a segunda vez que os animais do Seminário são atacados. A primeira vez ocorreu há cerca de 20 dias, também numa sexta-feira e no mesmo horário, fato que pode ter alguma explicação ainda a ser investigada.

A Polícia Civil de Toledo foi acionada e investiga o caso e conta com a denúncia da população para ajudar no esclarecimento deste episódio.

Por Jaqueline Mocelin

Fonte: Radar BO via Obemdito


Nota do Olhar Animal: O sacrifício ritualístico de animais ocorre em diversas religiões. E de todas elas deve ser banido, inclusive os sacrifícios ocorridos nas celebrações cristãs, como os que acontecem no Natal e Páscoa. O que é justo é que animal algum tenha o destino que lhe é dado em práticas religiosas, sem exceção. Porém, quem explora os animais para rituais se esconde atrás de argumentos como o da isonomia em relação ao tratamento dispensado a outros grupos religiosos. Escondem-se também atrás da “liberdade religiosa”, preceito constitucional que jamais se aplicaria se as vítimas fossem humanas.

Infelizmente, parte do ativismo animalista “comprou” esse discurso, mas não o sustenta quando o tema são outras áreas da exploração animal. Por exemplo, ativistas jamais se posicionaram contra a aprovação de leis estaduais de proibição ao uso de animais em circos, ainda que em outros estados a atividade continuasse liberada. Jamais alegaram algum tipo de discriminação contra os povos de Alagoas, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraíba e Pernambuco, pelo fato de nestes estados terem sido aprovadas leis que proíbem animais em circo, mesmo que baianos, amazonenses, goianos, potiguares, sul-matogrossenses e outros não vivenciem a mesma restrição. Por conta desta falta de simultaneidade, a proibição ao uso de animais em circos não deveria ter ocorrido em 12 estados? Esta abrangência parcial e circunstancial representa alguma forma de discriminação? Fôssemos considerar este raciocínio, não seria justo querer que uma outra pessoa se torne vegana sendo que a maioria dos humanos não o é e não se tornará vegana simultaneamente. O ativismo sustentar que, se a proibição não alcançar todas as religiões, a interrupção NÃO deve ocorrer, é tudo que quem explora quer ouvir de quem, a princípio, deveria defender os interesses dos animais. Quando estes protetores tratam de rituais, tiram o foco dos interesses dos animais e passam o foco para os interesses humanos. Interesses egoístas, diga-se de passagem, pois os rituais se destinam à obtenção de benesses para quem os pratica, às custas do sofrimento e morte dos bichos. Por isso, é lamentável ver ativistas defendendo que o fim das mortes em rituais de religiões de matriz africana só deve ocorrer quando acabarem nas demais religiões. Desconhecemos que estes ativistas tenham lançado alguma campanha ampla pelo fim do uso de animais em rituais para todas as religiões nas vezes em que o tema veio à tona (aprovação de lei sobre o assunto no RS ou por ocasião do julgamento da questão pelo STF, por exemplo). Estes ativistas se restringem a proteger os rituais destas religiões e se omitem sobre a defesa de suas vítimas. Não querem ficar “mal na fita” e serem acusados de racismo, etnocentrismo e outros “ismos”. Assim, optam por um “ismo” socialmente mais aceito: o especismo. E, defensivamente, imputam os outros “ismos” a quem se mantêm firme na defesa incondicional dos animais. Não há dúvidas de que esta é uma posição vergonhosamente especista e que colabora para o prolongamento do sofrimento e a morte impostos aos animais.

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