Animais silvestres precisam ser resgatados por especialistas, alerta veterinária; saiba o que fazer

Animais silvestres precisam ser resgatados por especialistas, alerta veterinária; saiba o que fazer
Veterinária Raissa Nalali explica os cuidados ao resgatar animais silvestres ou exóticos (Divulgação/ Hospital Veterinário Taquaral)

O crescimento das áreas urbanas resulta cada vez mais no aparecimento de animais silvestres nas cidades. Muitos deles acabam sendo feridos pelo contato com o homem ou até mesmo com os bichos domésticos. A veterinária Raissa Nalali, especialista em animais não convencionais do Hospital Veterinário Taquaral, em Campinas, no interior de São Paulo, explica o que se deve fazer ao encontrar uma espécie exótica.

“Primeiramente a pessoa deve acionar os órgãos competentes, seja ele a Polícia Ambiental, alguma ONG [organização não-governamental] ou mesmo algum veterinário. O ideal é que tente manter o animal seguro, mas sem fazer contato físico com ele. Nem sempre isso acontece, mas é importante ter cuidado para evitar lesões tanto no bicho quanto na própria pessoa”, esclarece.

Segundo Raissa, após o contato, existem alguns sinais que indicam que o animal em questão é silvestre.

“É preciso avaliar o comportamento, já que aquele bicho normalmente é mais agressivo, ele demonstra mais medo, quer fugir. Existem alguns, como as maritacas, por exemplo, que muitas pessoas tentam se aproximar achando que se tratam se pássaros domesticados. Outro exemplo são os macacos-prego que, mesmo aqueles que têm contatos regulares com humanos, não perdem esse comportamento agressivo”, explica.

A veterinária diz que, infelizmente, a maioria dos animais silvestres resgatados em cidades acabam apresentando algum tipo de lesão. “Eu atuo no Hospital Veterinário de Taquaral há três anos e já atendi inúmeros casos de bichos feridos. Um dos mais exóticos foi um cachorro-do-mato que tinha sido atropelado em Paulínia [interior de São Paulo]. Normalmente, quando esse tipo de animal é resgatado pode sim estar ferido e esse é mais um sinal da necessidade de atendimento especializado.”

Saruês estão entre os animais silvestres mais encontrados em áreas urbanas (Divulgação/Hospital Veterinário Taquaral)
Saruês estão entre os animais silvestres mais encontrados em áreas urbanas (Divulgação/Hospital Veterinário Taquaral)

Raissa conta, ainda, que o animal mais comum resgatado em áreas urbanas são as fêmeas de saruês, ou gambás brasileiro. Eles têm hábito noturno e, em época de reprodução, acabam saindo em busca de alimentos.

“Esses animais se reproduzem em alta escala e acabam sendo muito encontrados nas cidades. Muitos deles que recebemos aqui em Campinas são tratados e posteriormente enviados para cuidados de fiéis depositários, que são pessoas com conhecimentos veterinários, já que a maioria não têm mais condições de voltar ao habitat natural. Estão acostumados a serem alimentados e não sobrevivem mais sozinhos.”

Diferente do gambá preto de listra branca, como o personagem famoso do desenho animado – que é carnívoro, solta um odor fétido e vive no México e no Canadá – o gambá brasileiro é um marsupial, não exala um cheiro tão ruim e se alimenta de frutos e pequenas presas, como filhotes de roedores. Por acabarem circulando muitos por áreas urbanas, acabam muitas vezes feridos em cercas elétricas ou mesmo atacados por cachorros.

“Quando se trata de animal silvestre é importante ressaltar que nem sempre ele fará mal ao ser humano, mas em alguns casos sim podem transmitir alguma doença. Hoje em dia se fala muito da varíola dos macacos e a transmissão que ocorre é entre humanos. Mas muita gente já pode reagir mal ao encontrar algum macaco por achar que ele está doente. Sendo assim, ao avistar qualquer animal exótico, o ideal é recorrer às autoridades que sabem como manuseá-lo em segurança”, concluiu.

Em São Paulo, informações sobre animais silvestres e crimes ambientais podem ser feitas à Polícia Militar Ambiental, por telefone ou pela internet. Clique aqui e saiba mais.

Por Fernanda Borges

Fonte: Metro Jornal


Nota do Olhar Animal: O maior problema é haver “autoridades competentes” disponíveis para o atendimento e equipadas. O sucateamento da estrutura pública voltada ao meio ambiente é notório, em especial durante o governo Bolsonaro e com destaque (negativo, claro) para a gestão de Ricardo Salles à frente do Ministério do Meio Ambiente passando suas boiadas.

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