António fugiu do matadouro e invadiu uma comunidade de vegetarianos. Foi a sua sorte

Parece mentira, mas não é. António tem uma história digna de um filme e por pouco conseguiu sobreviver para a partilhar. Hoje, é no Animal Save & Care Portugal, um santuário para animais em Palmela, que tem a vida dos sonhos: recebe carinho, presentes, tem um abrigo e alimentação disponível sempre que a quer. Mas nem sempre foi assim.
Assim que nasceu, já tinha o seu futuro traçado. O leitão estava entre os milhares de animais que viviam numa fábrica de porcos no Alentejo e com menos de uma semana de vida, foi castrado e teve partes do corpo cortadas sem qualquer tipo de anestesia. António nasceu para ser morto e ter a carne vendida, mas houve um dia em que tudo mudou.
“Ele conseguiu fugir da suinicultura [criação de suínos] e não sabemos bem como”, começa por contar à PiT Alice Basílio, presidente da associação portuguesa. “Ele já veio até nós com tudo feito, já não tinha calda nem dentes e estava castrado. Ele nasceu para ser engordado e morto aos seis meses”, recorda.
O pequenote estava “imundo e com poucas forças para continuar” mas o destino (para quem acredita) tinha outros planos. “Ele foi parar a um terreno de pessoas que eram vegetarianas”, partilha. E o grupo, como é de se esperar, estava disposto a fazer o impossível para salvar o porquinho bebé que estava a lutar pela vida.
“Ele passou por coisas horríveis”
António não teve um início de vida fácil mas depois de encontrado o seu próprio final feliz e receber todos os cuidados, o trauma que viveu já parece um passado distante. Hoje, vive livre ao lado dos 33 porcos resgatados pelo Animal Save & Care Portugal, assim como Joaquim, o suíno mais conhecido do Barreiro.
“Na suinicultura, ele passou por coisas horríveis e inimagináveis mas mesmo tendo vivido tudo isso, nunca se virou contra os humanos. Só tem amor para oferecer”, frisa Alice. E António não esconde a paixão pelos humanos. “É daqueles que se ver um ser humano, é como se estivesse a ver Deus”, brinca.
O leitão “adora toda a gente” e nunca apresentou um comportamento agressivo. “É incapaz de morder alguém”, refere a presidente. “Esses porquinhos são muito confiantes e independentes, quando tiver de morder alguém, mordem. Mas o António não. Se o tiverem fazer mal, ele foge, não reage nunca”, acrescenta.
Além dos porcos, a associação acolhe atualmente cerca de 120 animais. “Todos os que nós temos vieram de situações de maus-tratos”, lamenta. “Muitas delas nós aparecemos para lhes salvar a vida porque ou eram mortos por alguém ou morriam de fome”.
Para ajudar o Animal Save & Care Portugal, pode enviar donativos monetários através do MBWay e IBAN, disponíveis no seu site e redes sociais. Além disso, também pode tornar-se voluntário e doar materiais e comida para os animais. Basta entrar em contacto através do e-mail ([email protected]) ou telemóvel 935403296 para mais informações.
De seguida, veja a galeria para conhecer António e os outros animais a viverem no santuário.
Por Izabelli Pincelli
Fonte: Pets in Town / mantida a grafia lusitana original