Após morte de quarta girafa, Ministério Público pede acesso irrestrito aos animais; cinco estão doentes

Após morte de quarta girafa, Ministério Público pede acesso irrestrito aos animais; cinco estão doentes
Girafas trazidas da África do Sul para Mangaratiba, no RJ, estão em espaço do BioParque Hermes de Paula / Agência O Globo

Após a morte de mais uma girafa do BioParque, o procurador José Schettino, do Ministério Público Federal, pediu acesso irrestrito do Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal, atuante na defesa, aos animais. O pedido, feito na quinta-feira, é direcionado às autoridades públicas ambientais e sanitárias envolvidas no caso. Das 14 girafas que seguem no resort, cinco estão doentes, conta o BioParque.

Na manifestação, o procurador também fez outras recomendações, como a perícia judicial das condições onde se encontram as girafas, que deverá ser feita pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa).

À Polícia Federal, o MPF pediu a disponibilidade de informações sobre as investigações da recente morte da quarta girafa, como a cópia de toda documentação referente a possíveis relatórios e laudos de necrópsia produzidos.

Causa da morte

O médico veterinário Daniel Guimarães Ubiali, responsável pelo laudo de necrópsia da girafa que morreu no último sábado no BioParque, explicou que a morte foi provocada por uma doença chamada “acidose láctica ruminal”, provocada pela ingestão de uma quantidade excessiva de carboidratos presentes em grãos, como milho. A falha no manejo dos alimentos causou um distúrbio no metabolismo que foi fatal para o animal.

No dia da morte do animal, o zoológico divulgou uma nota, informando que a girafa morta e outros cinco animais estavam infectados pelo parasita Haemonchus sp. Segundo nota, os animais receberam medicação como forma de tratamento, porém “um deles apresentou resistência ao medicamento”.

No entanto, o laudo da necropsia realizada pela equipe de patologistas da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e divulgado nesta quinta-feira apontou que a infecção pelo parasita não esta relacionada com a causa da morte e nem mesmo a resistência parasitaria aos medicamentos.

— O que causa acidose láctica ruminal é a sobrecarga de carboidratos — apontou Daniel Guimarães Ubiali, professor de Patologia Veterinária da UFRRJ que assina o laudo da necropsia com Asheley Henrique Barbosa Pereira, doutorando em Patologia Veterinária.

O professor disse que não sabe como aconteceu isso. Ele explicou que grãos, como milho e soja, fazem parte da dieta de girafas mantidas sob cuidados humanos — assim como feno, capim e alfafa — , mas precisam ser ministrados em porções que variam conforme idade e peso.

Em nota, o BioParque do Rio informou que investiga o que pode ter ocasionado a acidose láctica ruminal, apresentada como causa mortis no laudo de necropsia emitido pela UFRRJ, e que “como a dieta dos animais é equilibrada e acompanhada pelos órgãos de controle, também é investigada a possibilidade de que outras causas possam ter provocado a acidose láctica ruminal que não seja a alimentação”.

Por Bruna Martins e Geraldo Ribeiro

Fonte: Extra

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