Após resgate de 80 cães em casa, moradoras são investigadas por maus-tratos em Ribeirão Preto, SP
Após voluntários resgatarem cerca de 80 cães em situação de maus-tratos em uma casa no bairro Jardim Califórnia, na zona Sul de Ribeirão Preto (SP), o Ministério Público de São Paulo (SP) abriu um procedimento para investigar possíveis ilegalidades cometidas pelas moradoras da residência.
A informação foi confirmada ao G1 pela Promotoria nesta segunda-feira (5). Segundo o órgão, as moradoras são investigadas por suspeita de exposição de adolescente a situação vexatória, maus-tratos contra animais, vias de fato e ameaça.
VÍDEO: Cães são resgatados em suposta situação de maus-tratos em Ribeirão Preto, SP
O processo corre em segredo de Justiça por envolver um menor de idade. Ainda de acordo com o Ministério Público, um procedimento no âmbito cível também foi instaurado para apurar o caso.
O órgão aguarda a finalização das investigações conduzidas pela Prefeitura e pela Polícia Civil. Caso seja comprovado o crime de maus-tratos, a pena é de até cinco anos de reclusão, segundo a Promotoria.
Retirada de animais
O Ministério Público também requisitou à Prefeitura a retirada dos demais animais que permaneceram na residência. À época do resgate, voluntários estimaram que ao menos outros 120 animais, entre cães e gatos, tenham ficado na casa.
Os resgatados, a maioria filhotes e fêmeas prenhas, foram levados a uma clínica veterinária — uma parte foi entregue a vizinhos que se disponibilizaram a cuidar dos animais.
Em nota, a Prefeitura afirmou que a Secretaria do Meio Ambiente ainda não foi oficiada pelo Ministério Público, mas “assim que houver a comunicação oficial, todas as medidas necessárias serão devidamente tomadas”.
“Foi realizada a avaliação física dos animais na data da ocorrência, 8 animais foram recolhidos para castração e colocação de microchip. Esclarece ainda, que no momento da chegada da equipe do DBEA, muitos animais haviam sido levados por protetores”, complementou a administração.
Denúncia e ação
Segundo a sitiante e voluntária Daniela Bertalo Azevedo, moradores vizinhos à casa, que fica na Avenida Benedito Rodrigues Pinheiro, denunciavam o caso há mais de um ano, mas a situação piorou com o tempo por causa do aumento do número de cães.
“Do lado de fora, você via os animais gordos, achávamos que eram uns 30 [cachorros]. Levamos caixas de transporte, mas, quando entramos, a situação era horrível.”
As imagens feitas pelos voluntários mostram fezes espalhadas dentro e fora da casa, além de animais por todos os cômodos e no quintal. Um dos cães estava morto na piscina.
Segundo Daniela, a mãe, que tem 80 anos, e a filha ficaram nervosas com o trabalho de resgate e tentaram agredir os voluntários.
“Elas foram para cima, tentaram esconder os cães. Tinha cachorro dentro das gavetas, dentro do guarda-roupa. Elas não aceitam que limpem, não aceitam ajuda. Mas elas também precisam de assistência médica, psiquiatras, precisam de socorro”, diz.
Fonte: G1