Após ser esfaqueado em assalto, morador de rua pede que guardas municipais cuidem de cão até sair do hospital, em Curitiba, PR
Guardas municipais que trabalham no Boqueirão, em Curitiba, se surpreenderam com o amor de um morador de rua por seu cachorro de estimação. Na segunda-feira (26), ele foi esfaqueado e precisou de atendimento, mas só aceitou porque os guardas toparam cuidar do bichinho enquanto ele era levado ao hospital.
Um dia depois de ser atendido, na terça-feira (27), o homem voltou e buscou o cachorro. Ele se emocionou ao agradecer os guardas por cuidarem do seu companheiro de todos os dias.
O guarda municipal Couto contou ao G1 que o pedido de socorro do homem aconteceu logo após sofrer um assalto.
“Ele veio até a minha equipe cambaleando e pedindo ajuda. Disse que tinha sofrido um assalto e que tinha sido espancado e esfaqueado. Colocamos ele deitado, acionamos o Siate”.
Enquanto o homem esperava pelo socorro, o cachorro estava com ele o tempo todo. Quando ele percebeu que seria levado ao hospital, se desesperou.
“Ele começou a chorar e abraçar o cachorro, dizendo que não queria largar o animalzinho sozinho. Só aceitou ser atendido quando percebeu que nós iriamos cuidar do bicho”.
Reencontrou o amigo
O homem foi encaminhado ao Hospital Cajuru, onde recebeu atendimento. Enquanto isso, o cachorro foi bem cuidado pela Guarda Municipal (GM).
“Deixamos o cachorrinho em um cercadinho da quadra de esportes, para que ninguém fosse perturbar. Enquanto ele não voltou, demos água, comida e o bichinho ficou bem tranquilo”, contou a guarda Monique Figueira.
Depois que foi liberado do hospital, o homem voltou ao núcleo da GM para buscar o cachorro.
“Confirmamos que era ele quando o levamos até onde estava o cachorrinho. Os dois se viram e o bichinho começou a pular, todo feliz. Nem tivemos dúvida de que era o dono mesmo”, detalhou Monique.
Amizade verdadeira
Aos guardas, o morador de rua deixou mais do que a mensagem de empatia, mas também a lição do quanto o amor verdadeiro vale a pena, como disse Monique Figueira.
“Ele disse que, durante a tentativa de assalto, levaram o pouco do dinheiro que ele tinha e, além de o agredirem, bateram no cachorro também. Ele não estava preocupado com o dinheiro e sim com o animal, com o amigo. Nessas horas a gente vê que o que precisamos é de alguém ali com a gente”.
Em 30 anos de carreira, o guarda municipal Couto disse que nunca viu tamanho exemplo de amizade.
“Soubemos que ele fica próximo a uma loja no Sitio Cercado. O pessoal da loja contou que todo o dinheiro que ele ganha no dia cuidando de carros, ele comprou a coleira e mantinha os cuidados com o bichinho. Quer melhor exemplo do que esse?”.
Segundo Couto, é comum que moradores de rua se apeguem aos animais, mas no caso deste homem, ficou claro o carinho e a paixão pelo bichinho.
“Muitos dividem o pouco que têm com o bicho. Às vezes até deixam de se alimentar, para alimentar o animal. A gente vê tantas pessoas que têm tanto, mas que maltratam os animais, e quem tem pouco é feliz com o que tem”.
Por Lucas Sarzi
Fonte: G1