Ararinha-azul desaparece no sertão da Bahia, diz ONG; animal fazia parte de grupo que nasceu em viveiro e foi solto

Ararinha-azul desaparece no sertão da Bahia, diz ONG; animal fazia parte de grupo que nasceu em viveiro e foi solto
Ararinha não aparece na estação de alimentação desde a semana passada — Foto: ONG ACTP

Uma das oito ararinhas azuis que ganharam vida livre em Curaçá, no sertão baiano, em junho deste ano, está desaparecida. A informação foi divulgada pela ONG alemã Association for the Conservation of Threatend Parrots (ACTP), nesta quarta-feira (7), através das redes sociais. O gênero do animal desaparecido não foi informado.

De acordo com a ONG, a ararinha saiu do grupo e não volta para a estação de alimentação desde a semana passada. A ONG, juntamente com o Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio), tentou localizar a ave de diversas formas, mas não teve sucesso.

O ICMBio informou que as todas as ararinhas soltas usam uma espécie de coleira de identificação. No caso da ave desaparecida, há duas possibilidades: ou o aparelho está danificado ou foi destruído.

A ACTP também afirmou que a comunidade local já foi avisada sobre o sumiço da ave. Além disso, as equipes da ONG e do Instituto procuraram por sinais de predadores nos locais onda as ararinhas costumam ficar, mas nada foi encontrado.

Soltura das ararinhas

Ararinhas foram soltas em curaçá em junho deste ano — Foto: Divulgação/ACTP
Ararinhas foram soltas em curaçá em junho deste ano — Foto: Divulgação/ACTP

As cinco fêmeas e os três machos nasceram em viveiros e foram soltas em Curaçá no dia 11 de junho deste ano. Os animais eram considerados extintos da natureza há 22 anos.

A soltura foi uma das etapas do Plano de ação Ararinha-Azul, coordenado pelo ICMBio, em parceria com a ONG ACTP e instituições privadas que apoiaram o projeto.

Com elas, foram soltas oito araras maracanãs, que também ocorrem caatinga baiana, e que tiveram a missão de “treinar” as ararinhas-azuis dentro do viveiro para ensiná-las como sobreviver em vida livre.

Desde então, os pesquisadores acompanham a adaptação das ararinhas em vida livre por meio de um rádio colar que foi instalado em todas que foram soltas. Além disso, eles realizam o monitoramento constante área em que elas devem circular, que tem muitas árvores caraibeiras, as preferidas das ararinhas-azuis para dormir.

Uma outra soltura está programada para dezembro desse ano, quando outras 12 ararinhas-azuis que vivem na Unidade de Conservação em Curaçá devem ganhar vida livre. Até lá, os pesquisadores esperam já ter bons resultados da soltura experimental.

O projeto prevê que ararinhas sejam soltas na natureza em Curaçá nos próximos 20 anos. Para isso, elas vão continuar a reprodução em viveiros na Alemanha e no Brasil, e espera-se que logo se reproduzam no habitat.

Extinção na natureza

Último macho visto na natureza junto com fêmea maracanã. Registro de 1995. — Foto: Arquivo TV Bahia
Último macho visto na natureza junto com fêmea maracanã. Registro de 1995. — Foto: Arquivo TV Bahia

Endêmica de Curaçá, a última ararinha-azul foi vista na zona rural da cidade há mais de 20 anos, na companhia de uma fêmea de outra espécie, a arara Maracanã, e depois sumiu.

Até hoje não se sabe ao certo o que aconteceu com a última ararinha-azul vista em Curaçá, no sertão baiano, único lugar de ocorrência da espécie em vida livre.

Os pesquisadores atribuem a extinção da espécie principalmente ao tráfico de animais e à destruição de parte do bioma da Caatinga.

Ambientalistas e pesquisadores trabalham juntos desde 2009 no projeto de reintrodução das ararinhas na natureza. Em 2012, foi criado o Plano de Ação para Conservação da Ararinha-Azul (PAN), que inclui a reintrodução dessa rara ave brasileira no território de origem.

“É um ato simbólico que representa muita coisa. Representa um progresso muito grande de conservação, que a gente acredita que a gente pode recuperar as espécies em extinção e a ararinha-azul ela representa isso. Esse projeto representa o que a gente biólogo e os amantes da natureza fazem em prol da conservação, que a gente faz isso com paixão, isso é o mais gratificante”, disse Eduardo Araújo Barbosa, coordenador do PAN Ararinha-Azul (ICMBio).

O trabalho do plano de ação começou com o rastreamento das últimas ararinhas-azuis que existiam no mundo, todas em cativeiros. A maior parte dela, segundo os pesquisadores, foi encontrada no Catar.

Mais de 100 foram resgatadas e levadas para o viveiro da ONG alemã ACTP, no país europeu. Na instituição, as ararinhas passaram por um processo de reprodução natural e também reprodução artificial, para então alguns exemplares serem trazidos para o Brasil. Hoje, existem pouco mais de 200 ararinhas-azuis no mundo, a maior parte delas na Alemanha.

Fonte: g1

Os comentários abaixo não expressam a opinião da ONG Olhar Animal e são de responsabilidade exclusiva dos respectivos autores.