Associação Mata Ciliar de Jundiaí (SP) envia profissionais para resgate de animais vítimas do fogo no Pantanal

Associação Mata Ciliar de Jundiaí (SP) envia profissionais para resgate de animais vítimas do fogo no Pantanal
Mesmo quando se apresentam sem queimaduras, os animais no Pantanal apresentam desidratação, insuficiência respiratória e fraqueza causada pelo ausência de alimentos — Foto: Associação Mata Ciliar/Divulgação

Biólogos e veterinários da Associação Mata Ciliar de Jundiaí, uma entidade sem fins lucrativos que desenvolve ações para a conservação da biodiversidade no interior paulista, se deslocaram há pelo menos duas semanas para o Pantanal. Na bagagem carregam a experiência de anos de cuidados com o resgate de animais vítimas de atropelamentos, vulneráveis à devastação ambiental e explorados pelo tráfico de animais, mas se engajam em uma missão muito mais assustadora.

Veja vídeo dos trabalhos dos voluntários da Associação Mata Ciliar de Jundiaí no Pantanal.

A proposta de que a equipe se tornasse voluntária surgiu por parte da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) do Mato Grosso. O foco do trabalho é o resgate e tratamento dos animais encontrados feridos, além da oferta de ajuda, água e alimentos para os sobreviventes. Para isso, cinco membros da Associação foram selecionados para atuar na linha de frente, mas a população também sustentou a ação.

“Para conseguir fazer a viagem e levar todos os recursos necessários como medicamentos e equipamentos, abrirmos uma campanha nas nossas redes sociais e contamos com o apoio de alguns dos nossos parceiros para viabilizar esse projeto”, descreve a coordenadora Cristina Harumi Adania. No local, a equipe se desloca em grupo para atender aos animais machucados e se deparou com um cenário desolador. “Quilômetros de áreas queimadas e tanques secos no maior delta do planeta, além de inúmeros corpos de animais silvestres espalhados pelo chão, incluindo espécies ameaçadas de extinção. Certamente, uma imagem terrível que jamais será esquecida”, relata.

Impressiona o tamanho gigantesco da área queimada e o calor insuportável. Realmente não tem mais água e não tem nada para os bichos comerem a não ser o que disponibilizamos nos comedouros. O fogo queimou tudo
— Ana Beatriz (funcionária da Associação voluntária no Pantanal)

Dos cinco voluntários, apenas dois já haviam visitado o bioma. A convivência com os guardas-parque, brigadistas da Reserva Particular do Patrimônio Natural do Sesc e pantaneiros dá a dimensão do desastre aparente: eles relatam nunca ter visto uma tragédia como esta. Cristina Adania está entre os que não conheciam o Pantanal anteriormente e agora conserva uma memória dura. “Estamos trabalhando muito para encher os bebedouros de água para os animais não morrerem de sede, mas mesmo assim é uma gota no oceano”, relata.

Os voluntários da Associação dispõem bebedouros de água com “poleiros” para que pequenos anfíbios, por exemplo, também possam acessar. — Foto: Associação Mata Ciliar/Divulgação

Em meio ao trabalho árduo e exaustivo a equipe também se impressionou com alguns recursos que o bioma tem para sobreviver em tempos difíceis. “Há peixes que se refugiam na lama seca dos leitos dos rios em época de seca e, quando vêm a oportunidade de saírem em virtude de uma chuva, alimentam os jacarés que atravessaram o período de estiagem. A flora também surpreende, algumas árvores resistem surpreendentemente ao fogo”, descrevem os voluntários.

Apesar da atividade constante realizada em Jundiaí, a experiência no Pantanal agregou força ao trabalho da equipe. Os biólogos e veterinários descrevem ter aprendido nesse ambiente formas de cuidar uns dos outros, já que o perigo do fogo está sempre presente. Até pelo desgaste que esse tipo de ação impõe, o planejamento é que os voluntários sejam substituídos de quinze em quinze dias. Assim, uma nova equipe da Associação assumirá o posto com forças renovadas até que esse auxílio prestado seja necessário.

Tamanduá com ferimentos nas patas e outros danos causados pelo fogo foi encaminhado para o tratamento da equipe de voluntários no Pantanal — Foto: Associação Mata Ciliar/Divulgação

A quantidade assustadora de carcaça de animais mortos, nunca tínhamos visto isso antes
— Jéssica Paulino (funcionária da Associação voluntária no Pantanal)

Por Gabriela Brumatti

Fonte: G1

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