Associação Vida encerra suas atividades em Mogi Mirim, SP

Associação Vida encerra suas atividades em Mogi Mirim, SP
Mais de 900 cães foram doados pela ONG ao longo de oito anos.

Em assembleia realizada no dia 24 de janeiro, a diretoria da Associação Vida decidiu por unanimidade, juntamente com os associados presentes, encerrar as atividades da ONG (Organização não-Governamental) que há oito anos cuidava de animais abandonados em Mogi Mirim. “Nossos sentimentos são de cansaço, frustração e perseguição”, lamentou a presente da entidade, Sheyla Steinmetz.

Um comunicado a respeito dessa decisão foi publicado pela ONG Vida nas redes sociais no dia seguinte à assembleia. No texto, foram elencados alguns dos motivos que resultaram no fechamento da entidade. O principal foi a falta de apoio. De uma parte, do município. A associação informou que nos últimos tempos, a administração municipal vinha rejeitado suas solicitações e dificultando seu trabalho.

“Foi solicitado à prefeitura um local adequado em forma de concessão para que pudéssemos abrigar os animais (não tínhamos abrigo) e não tivemos retorno sobre a solicitação. Em conversa informal, o prefeito chegou a afirmar que não era prioridade no momento. ”, cita a ONG no comunicado.

E acrescentou. “Não acataram nosso pedido para renovar a autorização para estacionar os carros usados para o transporte da feira ao lado da igreja (Igreja Matriz de São José) durante as feiras de adoção realizadas na praça central de Mogi Mirim, acarretando até em multas para os voluntários e dificultando o árduo trabalho de fazer feira todos os sábados”. Também foi apontado a falta de apoio do Bem-Estar Animal, ligado ao Poder Público.

A ONG também citou os processos trabalhistas como causa para essa decisão. No comunicado, a associação lembrou, por exemplo, que em 2018, respondeu a um processo de uma pessoa que ajudava a cuidar dos animais em um dos espaços usados. “Além de já termos dificuldade em manter os animais que resgatamos, depender de um espaço emprestado, que é totalmente improvisado para tal fim, ainda tivemos que pagar R$ 9 mil em encargos trabalhistas”, apontou.

Uma outra ação judicial também foi apontada pela associação. Diz respeito a uma multa por danos morais que ‘supostamente’ foram causados por membros dos e entidade em que caso de maus tratos que que foi denunciado às autoridades pela ONG Vida, inclusivo com a emissão de Boletim de Ocorrência.

“Nos responsabilizam pelo trabalho de proteção animal, mas a Justiça deixa brecha para que nós sejamos os condenados”, acrescentou. Os valores inviabilizaram o projeto, já que nos últimos dois anos, a ONG teve um gasto de R$ 80 mil por ano com a causa animal.

A falta de apoio da população também está entre os motivos do encerramento das atividades. A ONG Vida destacou que diariamente vinha sendo cobrada e até humilhada quando não conseguia ajudar um animal. “As pessoas sempre utilizam expressões como “não acredito que vocês não vão fazer nada”, “mas para que serve a ONG então”, “para onde vai o dinheiro arrecadado”, “vai morrer se vocês não fizerem nada”, dentre outras”, elencou.

Segundo a ONG, ‘a população não entende que somos voluntários, corremos atrás para ajudar, e nem sempre é possível. Temos nossos trabalhos, famílias, contas para pagar’. Ao encerrar o comunicado, a ONG Vida agradeceu a todos que acreditaram em seu trabalho e a apoiaram de verdade, deixando os votos de esperança 1para que um dia os animais sejam tratados com mais respeito e responsabilidade.

E fez uma convocação. “Lembrem-se que existe um órgão em Mogi Mirim que se chama Bem-Estar Animal, que possui um administrador, uma veterinária, uma auxiliar de veterinária, canil, gatil, limpador, que foi reformado pela Pedigree não faz muito tempo, que atendem através de protocolo e que tem seus custos pagos com nosso imposto. Portanto, cobrem deles”, finalizou.

Fundada em 2011, a ONG Vida era uma instituição sem fins lucrativos, qualificada como órgão de utilidade pública e que prestava uma série de serviços, como feiras de adoção, castrações gratuitas, parceria com clínicas e veterinários para a realização de mutirão de castração a baixo custo; resgate de animais em situação de risco e vulnerabilidade; e participação em eventos públicos e particulares buscando a conscientização quanto aos cuidados para com os animais.

Durante os oito anos de atuação na causa animal, a ONG promoveu a doação de mais de 900 cães e mais de 500 gatos. Hoje, ainda mantém mais de 50 cães e cerca de 10 gatos que procuram um lar. Esses animais passaram a ser de responsabilidade de voluntários que os resgataram e continuam para adoção responsável. Esses voluntários continuarão prestando seus serviços à comunidade como protetores independentes.

Fonte: A Comarca

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