Ativista “anônimo” salva animais em meio à Guerra da Ucrânia

Ativista “anônimo” salva animais em meio à Guerra da Ucrânia
Ativista “anônimo” salva animais em meio à Guerra da Ucrânia

Ele não quer ser identificado, pede para que o chamem apenas de Tom. O ativista pelos direitos dos animais está em guerra na Ucrânia, mas uma guerra diferente: uma guerra pela vida. Tom já salvou mais de 3 mil animais nas últimas semanas. Cães, gatos, vacas, cavalos e até mesmo animais silvestres.

Ele e sua equipe vão até às zonas mais remotas para salvar os animais que foram deixados para trás e transportá-los até áreas seguras. Tom deixa claro que não consegue salvar todos, então leva água e alimento para que os animais resistam até receberem atendimento.

O grupo tem oito veículos e até agora mais de 300 toneladas de alimentos e produtos médicos foram distribuídos. As espécies de maior porte, como vacas e cavalos, foram as que mais sentiram os efeitos da guerra, pois foram as primeiras a serem abandonadas e as que precisam de mais alimento para sobreviver. Todos os animais encontrados por Tom estão debilitados e muito estressados.

Tom, que é veterano do exército britânico, espera poder salvar “dezenas de milhares de animais”. “No início da guerra, minha equipe e eu, vimos repetidas vezes, abrigos e zoológicos serem pegos atrás das linhas russas com pouca comida, água e suprimentos. Não quero ver isso acontecer novamente. Partiu meu coração”, disse Tom.

Recentemente, ele salvou 25 cães e gatos que estavam gravemente feridos em Sorokivka, no leste de Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia. Tom também salvou cães que estavam presos em um prédio em chamas. Muitos animais estavam com queimaduras graves e foram encaminhados para atendimento veterinário.

Além de sua equipe ele conta com a ajuda de voluntários ucranianos e de outros países que arriscam as próprias vidas para proteger esses animais. O ativista explica que, apesar dos perigos, ele não se recusaria a ajudar. “Eu, sendo quem sou, não poderia simplesmente sentar e não fazer nada. Se eu tiver a capacidade de ajudar, com certeza o farei. Minha área de especialização são as zonas de conflito e sou treinado para atuar em campos de batalha. Trouxe para a Ucrânia toda a minha experiência. Ver animais antes feridos se recuperando e reencontrando a vontade de viver é o maior agradecimento que eu poderia ter”, disse em entrevista ao Daily Mail.

Tom fundou o grupo Breaking the Chains em 2021 e já resgatou animais, domésticos, silvestres e selvagens, em várias partes do mundo, apesar de atuar com mais força na Grã-Bretanha.

Em uma ação mais recente, os ativistas salvaram 120 cachorros que estavam presos embaixo de escombros após um abrigo ter sido atingido por bombas em Kharkiv. Ele conta que o cenário era de terror e tensão. “Era um abrigo que foi explodido duas vezes. Estava a 900 metros da linha de frente russa. Houve disparos de artilharia aterrissando na área enquanto retirávamos os animais. Os cachorros estavam latindo e chorando em desespero”, disse.

Com apenas 34 anos ele diz que nunca deixará de ajudar os mais vulneráveis, seja onde for. “Há pessoas gritando à esquerda, à direita e ao centro. Não são apenas os animais de abrigo que precisam de nossa ajuda, você tem resgates, pessoas que acolhem animais em situação de rua e abandonados, deve haver pelo menos 1.000 civis com mais de 30 cães. Há milhares deles”, descreve a situação que encontrou na Ucrânia. Ele acredita que ainda existe muita coisa a ser feita e não há tempo de ter medo.

O ativista esclarece que transportou os cães do abrigo alvo de bombardeios em uma grande van com a ajuda do administrador do abrigo, que sabia como alocar os cães em caixas de transporte de maneira harmônica. Após 30 horas de viagem, eles chegaram a um refúgio seguro, onde os animais receberam cuidados veterinários, água e alimento. Os animais também ganharam um bom banho e, agora, serão encaminhados para abrigos na Romênia. Ele espera com o fim da guerra, arrecadar recursos para reconstruir novos centros de acolhimentos para animais na Ucrânia.

Por Amigo Fiel

Fonte: Tribuna

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