Ativista cria vaquinha para construir abrigo de animais em Belo Horizonte, MG

Ativista cria vaquinha para construir abrigo de animais em Belo Horizonte, MG
Atuante na causa animal há 42 anos, Franklin Oliveira já resgatou milhares de animais, entre eles silvestres, cães, gatos, cavalos e até leão maltratado em circo (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)

O defensor das causas de proteção animal Franklin Soares de Oliveira, de 53 anos, criou uma vaquinha on-line para obter recursos que viabilizem a construção de um abrigo para os 48 animais (cães e gatos) que ele cuida.

O ativista atualmente mora de aluguel em uma casa no Bairro Céu Azul, na região de Venda Nova, em Belo Horizonte, mas precisará entregar o imóvel na próxima terça-feira (28/6), pois a filha da proprietária irá se casar e morar no local com o futuro marido.

Envolvido na causa há 42 anos, o protetor já resgatou milhares de animais, entre eles silvestres, cães, gatos, cavalos e até leão maltratado em circo.

“É uma estrada longa na defesa dos animais. Durante esse tempo, precisei renunciar muitas coisas para poder financiar os tratamentos e cuidados com esses bichinhos. Além disso, sempre tive meus apoiadores, que me seguem e me socorrem quando necessário”, disse.

Oliveira divide o seu tempo entre os cuidados com os animais e o trabalho na banca de jornais e revistas da qual é proprietário. “Eu tenho um ajudante que fica na parte da manhã na banca, enquanto eu trato dos bichos. Após o almoço, eu vou para lá e faço meu plantão até a noite”.

Resgate de animais

Segundo Franklin Oliveira, os 48 animais sob sua responsabilidade foram resgatados nas mais diversas situações. “Tem cães e gatos que resgatei de rapel no Arrudas, animais atropelados, abandonados e até alguns que foram apreendidos pela Polícia Ambiental, por conta de maus-tratos. Como era fim de semana ou feriado, muitas vezes esses não conseguiam atendimento na Zoonoses ou nas clínicas conveniadas. Então, acabaram vindo para cá”.

Os bichos são tratados com vacinas, vermífugos e passam pelo atendimento veterinário. Isso somente é possível por conta do apoio de pessoas que se solidarizam com a causa. “Temos os nossos parceiros que são as clínicas Cão Viver, Cães e Amigos e o Hospital Santo Agostinho. Além disso, três veterinários nos oferecem muita assistência, cobrando só o preço de custo”, disse o ativista.

Franklin afirma que, em casos de cirurgias e internações, a situação se torna mais delicada e, por isso, precisa arrecadar dinheiro. “Desse modo, fazemos vaquinhas, bazares e bingos, para poder arrecadar o dinheiro. No entanto, as despesas são muito grandes e não tenho condições, já acumulo uma dívida de mais de R$ 32 mil”, completou.

Construção do abrigo

Ao todo, já foram arrecadados, pela vaquinha, R$ 19,3 mil, e ainda é necessário R$ 130,7 mil (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Ao todo, já foram arrecadados, pela vaquinha, R$ 19,3 mil, e ainda é necessário R$ 130,7 mil (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)

Com a entrega do imóvel onde mora, Oliveira está angariando fundos para poder construir um abrigo para os animais que vivem com ele. “Era para eu sair da casa no dia 28 do mês passado, mas pedi o prazo de um mês para a proprietária, porque estava negociando outro imóvel. Porém, não deu certo, pois este foi alugado por outra família, que conseguiu a liberação da ficha cadastral mais rápido. Por isso, o desespero é grande, já que preciso deixar o imóvel na próxima terça”.

Conforme o ativista, ele e seus amigos localizaram um lote à venda por R$ 150 mil na Região Leste de Belo Horizonte, no limite com o município de Sabará. Ao todo, já foram arrecadados R$ 19,3 mil, porém ainda são necessários R$ 130,7 mil.

“Tivemos a ideia de criar essa vaquinha para poder levantar recursos para arrematar o lote, que já tem um barracão construído. Também será uma forma de não ter mais problemas com o aluguel”.

Adoção responsável

Oliveira conta que todos os animais estão disponíveis para adoção, mas por causa da pandemia da COVID-19 as demandas diminuíram bastante.

Em contrapartida, a quantidade de abandonos de bichos cresceu. “Essa realidade não é somente minha. Vários ativistas, como a Isabela Freitas, Darlem Lemos, e Tereza Vieira, que também acolhem dezenas de animais abandonados, percebem essa situação”, disse.

Segundo ele, outra questão que dificulta a adoção é o fato das pessoas preferirem os filhotes, em vez de animais mais velhos ou que possuem alguma deficiência. “Infelizmente, esses animais que já estão mais velhos e possuem alguma deficiência, como cegueira, costumam ficar nos abrigos até o final de suas vidas. As pessoas, quando me procuram, buscam animais mais novos ou de raça para adotar”.

Franklin ressaltou que a adoção só é concedida caso a pessoa tenha condições de tratar bem desses cães ou gatos, não deixando de vaciná-los regularmente e levá-los ao veterinário, se necessário. “Essa última semana consegui duas adoções muito especiais, onde os animais serão muito bem cuidados. É isso que procuramos: pessoas que tenham o compromisso de cuidar do animal até o final da vida dele, com responsabilidade de dar alimentação, ter um bom espaço e levar ao veterinário sempre que preciso”.

A cachorrinha Gisele Bündchen é um dos animais que podem ser adotatdos. (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
A cachorrinha Gisele Bündchen é um dos animais que podem ser adotados. (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)

Além disso, conforme Oliveira, os animais não são doados para atuar como guardas, pois estes ficam muito renegados, e sim para serem cães ou gatos domésticos. “Os interessados em adotar são submetidos a uma entrevista, devem assinar o contrato de adoção e responsabilidade e também pedimos o reembolso de uma vacina. Este é importante, pois ajuda outros animais que estão no esquema vacinal e dá um suporte para o nosso trabalho, que é totalmente gratuito”, afirmou.

Essa não é a primeira vez que o ativista promove uma campanha com tantos animais. Em 2017, ele contou com a participação do elenco da novela das sete da Rede Globo, Haja Coração. “Por meio da nossa amiga, atriz e mineira Eunice Bráulio, que estava na novela, e outros atores do elenco, consegui a adoção de 89 animais. Mas, com a pandemia e as dificuldades, as doações estão praticamente estagnadas”.

Saiba como ajudar

Para os interessados em ajudar com algum valor na vaquinha on-line, promovida pelo ativista da causa animal, é só acessar o site.

Já para adoção, é preciso entrar em contato exclusivamente pela Página no Facebook ou pelo telefone/WhatsApp (31) 9 9676-0099.

Neste domingo (26/6) haverá um mutirão para iniciar a pintura e reforma da casa que será entregue. Para ajudar é só contatar o número de telefone já mencionado.

Por Ana Magalhães (supervisão do subeditor Rafael Arruda)

Fonte: Estado de Minas

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