Ativistas fazem novo protesto contra abate de animais do Pampas Safari, em Gravataí, RS

Ativistas fazem novo protesto contra abate de animais do Pampas Safari, em Gravataí, RS
Grupo de ativistas fez um protesto no Pampas Safari, em Gravataí, neste sábado (2) (Foto: Jackson Müller/Arquivo pessoal)

Cerca de 50 pessoas, entre voluntários da causa animal e ambientalistas, fizeram um ato na tarde deste sábado (2) no Pampas Safari, em Gravataí, na Região Metropolitana de Porto Alegre. O objetivo era protestar contra o abate de cervos com suspeita de tuberculose.

Os ativistas levaram balões brancos e cartazes, e fixaram cruzes no gramado em frente ao parque. “Pampas Safari, exploram, depois matam”, dizia uma das faixas.

“É um movimento organizado pelos protetores dos animais e pela comunidade de Gravataí contrário à forma como a situação dos animais foi tratada, em especial contra a morte daqueles animais abatidos de forma indiscriminada, mas também pela manutenção do parque. Além dos animais, há toda uma fauna que deve ser preservada”, afirma ao G1 o diretor-presidente da Fundação Municipal de Meio Ambiente de Gravataí (FMMA), Jackson Müller.

Por suspeita de contaminação, 20 animais já foram abatidos, em decisão que gerou polêmica e motivou protestos. Entre os animais sacrificados, estavam quatro fêmeas prenhes.

O abate seria necessário já que a doença representaria riscos para os outros animais e também para seres humanos. No entanto, ativistas cobram a comprovação de que os cervos estavam realmente doentes.

Uma decisão judicial impede novos abates enquanto não houver comprovação da doença. A liminar foi concedida pelo juiz João Ricardo dos Santos Costa, da 16ª Vara Cível do Foro Central de Porto Alegre. O magistrado também determinou que os animais contaminados sejam isolados e separados por sexo para evitar a procriação no local.

O Ministério Público instaurou inquérito civil para apurar o caso. A promotora de Justiça Carolina Barth aguarda o resultado das amostras colhidas das carcaças dos cervos já abatidos, que deve sair na próxima semana.

Segundo ela, porém, um veterinário, ex-funcionário do Pampas Safari, já prestou depoimento e informou que os animais que foram sacrificados não tinham tuberculose.
“Essa questão do abate por doença é muito questionável. Só o fato de haver essa informação, é necessário que se suspenda o abate até que sejam apurados os fatos, uma vez que o processo é irreversível”, afirmou a promotora ao G1.

Exames anteriores apontam resultado negativo

Exames realizados entre outubro de 2016 e janeiro deste ano, validados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), apontaram resultado negativo para tuberculose em cervos do Pampas Safari.

O documento mostra que 257 animais foram examinados no período. Obtidos pela deputada Regina Becker Fortunati (REDE) e pelo diretor-presidente da Fundação Municipal de Meio Ambiente de Gravataí (FMMA), Jackson Müller, os laudos foram assinados pelo veterinário Estanislau da Silva, com carimbo do Mapa.

Segundo o Ibama, o parque recebeu autorização da Secretaria Estadual da Agricultura para o abate, amparado por laudos que teriam comprovado a doença.

As amostras colhidas das carcaças dos animais foram encaminhadas ao Instituto de Pesquisas Veterinárias Desidério Finamor, em Guaíba. Ao G1, o diretor Rogério Oliveira Rodrigues explicou que em um primeiro momento não foram detectadas lesões macroscópicas nos animais, mas que ainda são necessárias novas avaliações para confirmar o resultado.

“Deu negativo macroscopicamente, o que não significa dizer que não tenha a bactéria. Não é um resultado definitivo, ainda está em processamento”, afirmou.
Fundado há 30 anos, o Pampas Safari fica no km 11 da RS-020, entre Gravataí e Cachoeirinha. O local possui uma área de 300 hectares, mas está fechado para visitações desde novembro do ano passado e em processo de encerramento.

Polêmica antiga

Em abril, os donos do parque pediram autorização para abater os cervos e para que a carne dos animais que não tivessem a doença fosse vendida para consumo humano. O exame para comprovar a tuberculose só seria feito após a morte dos animais.

Na ocasião, o Ibama não autorizou, e pediu para o Safari fazer os exames com os animais vivos, para que os saudáveis fossem retirados do rebanho contaminado. Os donos do parque disseram que não tinham dinheiro para fazer os exames e o tratamento dos cervos. Logo, pediram o abate emergencial de todos os animais por suspeita de tuberculose.

Essa não é a primeira vez que casos de tuberculose aparecem no parque. Em 2007, búfalos foram contaminados. Em 2013, um novo surto atingiu camelos, lhamas e cervos. O Ibama chegou a interditar o local, mas ele reabriu três meses depois.

“O parque vem desde 2012 reiteradamente descumprindo os próprios planos de controle dessa doença que eles nos apresentam”, explicou o médico veterinário do Ibama Paulo Wagner.

Em novembro de 2016, o Pampas Safari voltou a ser fechado, desta vez porque não cumpriu as medidas impostas pelo Ibama, como fazer exames para detectar tuberculose nos animais.

O Ibama diz que os animais seriam mortos de qualquer jeito, porque a lei, no Brasil, permite o abate dessa espécie de cervo para consumo humano, da mesma forma como é feito com o gado, por exemplo. O Ibama acrescenta que o abate dos animais para consumo humano era normal enquanto o Safari estava funcionando.

O Ibama garante que a prioridade é evitar que a tuberculose se espalhe, e que depois serão apuradas as responsabilidades dos donos do parque. Eles podem responder por crime ambiental, por deixarem os animais morrerem.

“O problema é uma questão de saúde pública. Quanto mais esses animais permanecem no local, é maior o risco para outros animais, para as pessoas que estão lá dentro, e para o meio ambiente como um todo”, acrescenta o médico do Ibama.

Os proprietários informaram que estão em viagem fora do país e vão se pronunciar sobre o assunto em setembro, quando retornarem.

Fonte: G1

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