Aumento de maus-tratos a cavalos na região de Belo Horizonte preocupa protetores de animais

Aumento de maus-tratos a cavalos na região de Belo Horizonte preocupa protetores de animais
Foto: Arquivo pessoal

Em apenas 48 horas foram registradas três ocorrências envolvendo cavalos em Belo Horizonte e na região metropolitana. O empresário Rodrigo Oliveira, 36, levou um susto ao passar pela rua do Garibalde, no bairro Caiçara, na região Noroeste de Belo Horizonte, na manhã dessa quarta-feira (7). Na via, ele se deparou com um potro com as patas dianteiras amarradas. Ao avistar o animal, o empresário desceu do carro, desamarrou a corda e pediu ajuda. 

“Ele estava amarrado com as duas patas da frente no meio da rua. Ele não consegui caminhar por estar preso. Tinha um ferimento na pata traseira. Foi então que liguei para a Zoonoses e fiquei aguardando o caminhão chegar para levarem ele. O resgate demorou cerca de 1h30”, explica. 

A ativista e presidente da ONG Vida Animal Livre, Val Consolação, esteve na rua e também auxiliou no resgate do potro. “Eu falei com ele (Rodrigo) que era pra soltar o animal, ele já tinha soltado. E ali naquela região aonde estava esse potro é comum esse tipo de abandono. Moradores do local falam que os carroceiros abandonam dessa forma  quando os animais ficam doentes. Eles simplesmente largam e não levam no veterinário”, pontuou.

Por meio de nota a Secretaria Municipal de Saúde, informou que o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) fez o recolhimento do animal na quarta-feira, dia 7, e encaminhou relatório à Guarda Municipal. O animal já foi resgatado pelo tutor.

Casos na RMBH

Na última terça-feira (6), um homem de 31 anos foi preso pela Guarda Municipal em Betim, na região metropolitana, suspeito de cometer maus-tratos contra animais. No local, os agentes encontraram dois animais mortos – uma égua e um potro –, além das covas onde eles seriam enterrados. O homem contou aos guardas que teria matado os animais com golpes de machado na cabeça, porque eles estariam doentes. O suspeito foi levado para a Delegacia de Plantão de Betim. 

Também nessa quarta-feira (7), um cavalo precisou ser sacrificado por um policial militar em Nova Lima, na região metropolitana, após ser atropelado por um caminhão no bairro Cascalho e ficar gravemente ferido. A cena gerou comoção entre os presentes. A ação foi acompanhada por um veterinário da prefeitura da cidade. 

Aumento de maus-tratos e abandono de cavalos é percebido em BH

De acordo com a presidente da ONG Vida Animal Livre, Val Consolação, que também atua no resgate de animais, a demanda de recolhimento de cavalos nas ruas de Belo Horizonte aumentou cerca de 30% neste ano. Ela aponta que o abando e maus-tratos desses animais já é reflexo da aprovação da Lei Municipal 11.285 que prevê o fim do uso de cavalos em carroças em até dez anos em Belo Horizonte. 

“Muitos carroceiros já começaram a abandonar os animais. Tanto que a prefeitura vai construir um abrigo para esses animais, mas a gente espera um aumento ainda maior desses abandonos. Eu resgato muito cavalos. Do início do ano pra cá a minha demanda aumento mais de 30% os pedidos de animais de cavalos. Hoje estamos com quatro para adoção”, disse.  

A coordenadora do Movimento Mineiro dos Direitos Animais (MMDA), Adriana Araújo cobra que prefeitos e vereadores se envolvam na causa para acabar com o uso de animais em meios urbanos.

“O que falta é o comprometimento real do poder público, principalmente de prefeitos e vereadores, para que haja a conscientização da população, por meio da educação de respeito aos animais, quanto leis proibitivas quanto a animais para carroças e charretes, quanto para montaria no meio urbano”, aponta.

Zoonoses

Por meio de nota a Secretaria Municipal de Saúde de Belo Horizonte informou que o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) faz o recolhimento de animais encontrados soltos nas vias e logradouros públicos, sem a presença de responsável. O trabalho é realizado por meio de solicitação da população, pelo telefone 3277-7411 ou 7413, presencialmente ou por meio da Polícia Militar, Civil, Rodoviária e Corpo de Bombeiros.

No caso de cavalos, conforme regulamentação vigente, o tutor tem o direito de resgatar o animal apreendido no prazo de até cinco dias úteis, após o pagamento das taxas de apreensão e diária. Após este prazo, o animal é encaminhado para organizações não governamentais.

Dados

A Prefeitura de Belo Horizonte informou que em 2019 o CCZ recolheu 62 equinos. Em 2020 foram 73 e em 2021, até o momento, 12. No que se refere à eutanásia, em 2019 foram 12, em 2020 foram 10 e em 2021, até o momento, 1.

“A Prefeitura de Belo Horizonte desenvolve políticas, em várias frentes, para evitar o abandono, o tratamento inadequado e doenças transmitidas por animais. As ações são voltadas, principalmente, para a guarda responsável, castração, vacinação e mudança de comportamento das pessoas em relação aos animais”, diz a nota. 

Casos de maus-tratos podem ser denunciados na Delegacia Especializada de Investigação de Crimes Contra a Fauna de Minas Gerais. 

Por Bruno Menezes

Fonte: O Tempo

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