Bem-te-vi e grilo: animais que voam

Bem-te-vi e grilo: animais que voam

Por Sônia T. Felipe

A foto do bem-te-vi pousado sobre o livro Ética e experimentação animal: fundamentos abolicionistas, postada aqui e compartilhada, foi tirada pela Profa. Dra. Evely LIbanori, do Departamento de LIteratura da Universidade Estadual de Maringá. Só a Evely mesmo para ter essa graça! 

Eu, até agora, pousado, não sobre esse livro, mas então, sobre minha cabeça, só tive um grilo verde enorme, que voava e ficava na minha cabeça por horas enquanto eu escrevia, no ano de 2005, este livro, Ética e experimentação animal: fundamentos abolicionistas, editado em 2007, o segundo da trilogia ética animal (o primeiro, editado em 2003, foi o Por uma questão de princípios, que introduziu no Brasil o debate ético animalista no mundo acadêmico da Filosofia). 

O grilo verde enorme voou pela janela do banheiro, pousou nos azulejos e se deixou ficar lá por um ou dois dias, bem no alto, quase no teto. Ele não se movia. Temi que morresse de sede e de fome. Então lembrei de lhe oferecer uma folhinha de alface orgânica. Subi na borda da banheira e fiquei segurando a folhinha de alface para ver se ele se interessava. É algo emocionante ver de perto a carinha e as mãozinhas do grilo enquanto come. Pena que não sou hábil em imagens. Poderia ter feito uma foto dele. Sua fome era de dias. Ele comeu tanto que sua barriguinha ficou estufada. Daí, temi que morresse empanturrado e parei de dar o alface. Ele se moveu. Fui tomar meu banho. Saí do banheiro. Quando voltei ele bebia as gotinhas do vapor no azulejo. 

Fui para o computador escrever. Ele veio voando até mim, subiu pelo ombro e foi parar no topo da minha cabeça. Ali ficou se movendo suavemente, me fazendo cócegas com suas pernas nos fios dos meus cabelos. E eu escrevendo o Ética e experimentação animal: fundamentos abolicionistas. Assim vivemos juntos por quase uma semana. Eu dava folhinha de alface para ele e ficava olhando ele comer. Ele bebia a água do vapor do banho nos azulejos. Nos últimos dias ele não se interessava muito pelo alface. Saiu do banheiro e veio morar na saleta ao lado da minha sala de trabalho.

Ele veio para se despedir do mundo, segundo me explicou um veterinário a quem perguntei como fazer para o grilo seguir sua vida e comer o que lhe caberia. Ele já não ia mais seguir na vida, veio aqui para esperar o fim dela e me encantar em sua velhice enquanto eu escrevia um livro sobre os animais e sobre como é possível desaprovar moralmente qualquer experimento em animais, seja lá para qual finalidade for. A cura para as doenças humanas está na dieta vegana integral orgânica, não processada e não refinada. Não precisamos de medicamentos e os que precisamos para alguma cirurgia de emergência já foram suficientemente testados, e bastam! 

sonia-EsperancaE assim eu tive um grilo verde enorme por muitos dias. Então, de fato, para escrever o Ética e experimentação animal, que introduziu no mundo acadêmico o debate ético-filosófico contrário à vivissecção, eu tive na minha cabeça, literalmente, um grilo verde grande! 

Se ele falava, isso eu não sei. Meu cérebro e minha mente são muito toscos para entender a fala de um grilo. Mas que amei, amei!

E agora, com a foto da Profa. Evely da UEM, tenho o bem-te-vi pousado sobre o Ética e experimentação animal. 

Enfim, os seres voadores vieram para nos lembrar que animais somos todos, não importando se nosso ambiente de movimento é o solo, a água ou o ar. Se bem me quis, lindo grilo verde, bem-te-vi!


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