Bióloga vai abrigar macaco abandonado em unidade dos bombeiros de Joinville, SC

Bióloga vai abrigar macaco abandonado em unidade dos bombeiros de Joinville, SC
Macaco foi deixado em uma gaiola na unidade dos bombeiros. (Foto: Salmo Duarte, A Notícia)

Na quarta-feira à tarde, os bombeiros voluntários da unidade Boa Vista, na zona Leste de Joinville, foram surpreendidos com uma entrega inusitada: um macaco dentro de uma gaiola foi deixado no local, sob a argumentação de que teria sido encontrado em uma área de mata e imediatamente levado para os bombeiros. A emissora da notícia e da entrega não se identificou e foi embora, dando início a outra movimentação ainda mais inusitada: por 24 horas, o Corpo de Bombeiros Voluntários de Joinville permaneceu com o bichinho por não ter para onde encaminhá-lo.

A primeira tentativa foi por meio da Polícia Militar Ambiental, que informou que não recebe animais a não ser em caso de crime ambiental. Segundo o comandante Vitor Hugo da Silva, não há estrutura para estes animais na unidade regional.

— A Polícia Militar Ambiental me disse que era responsabilidade do IMA (Instituto do Meio Ambiente), mas que o centro onde esses animais eram recebidos não estava aceitando primatas há dois meses — contou o comandante dos Bombeiros Voluntários de Joinville, Carlos Kelme.

Em Santa Catarina, a destinação correta para animais silvestres é o encaminhamento para o Centro Estadual de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), em Florianópolis. A administração do local é feita pelo Instituto do Meio Ambiente, pela Polícia Militar Ambiental e por uma ONG. Até o fechamento desta edição, a reportagem não conseguiu um posicionamento oficial do órgão se a unidade está recebendo animais ou não.

A solução encontrada pelo órgão regional do IMA foi encaminhar o primata para uma bióloga voluntária que tem parceria com a Polícia Militar Ambiental. Por volta das 16 horas, o macaco foi levado para uma propriedade na Estrada da Tromba, na zona rural de Joinville. Lá, ficará em um espaço cercado maior do que a gaiola onde foi abandonado e será monitorado pela bióloga Gillian Rose da Silva. Um documento foi emitido pelo IMA para que ela seja a fiel depositária do macaco nas próximas semanas.

— Vamos acompanhá-lo para verificar se ele tem condições de ser reintroduzido na natureza. Às vezes, leva anos para que o animal se adapte novamente. Além disso, em uma primeira análise, ele não aparenta ser do nosso habitat. Se for o caso, não poderá ser solto aqui na região — explicou a bióloga.

A Vigilância Ambiental de Joinville havia colocado um veterinário à disposição para examinar o animal e, entre outros testes, verificar a contaminação pela febre amarela. No entanto, como a consulta não ocorreu até as 16 horas de horas de ontem, o macaco foi encaminhado para a propriedade da bióloga. Como, à primeira vista, ele aparenta estar saudável, a Vigilância só realizará exames se houver alguma mudança no comportamento do animal. Na semana, a bióloga responsável também deve levá-lo para consultas.

Crime ambiental

Ainda não há informações sobre a identidade da mulher que abandonou o macaco na unidade dos bombeiros. Apesar de ela ter afirmado que acabara de encontrar o animal, ele é dócil e não estranha o contato humano. Na gaiola, havia cobertor e brinquedos. Por isso, a principal hipótese é que ele passou por uma tentativa de domesticação.

Segundo Gilian, é comum que esse tipo de situação ocorra em Joinville. Um dos motivos é a presença de áreas de preservação ambiental em área urbana, onde há muitos animais silvestres. O principal, no entanto, é o comércio ilegal de animais silvestres.

— Muita gente adquire animais silvestres e depois desiste de cuidar deles. Então, os solta na mata. Hoje, temos uma superpopulação de saguis em Joinville e eles não fazem parte do nosso habitat, estão competindo com animais da nossa fauna — relata a bióloga.

É possível possuir um animal um animal silvestre legalizado, mas este deve ser adquirido em um criadouro autorizado pelo Ibama. Retirar um animal de seu habitat ou comprá-lo por meios ilícitos é considerado crime ambiental e há uma multa que varia de R$ 500 a R$ 5 mil por animal e detenção de seis meses a um ano.

Por Cláudia Morriesen

Fonte: NSC Total

Macaco domesticado é abandonado em unidade dos bombeiros de Joinville, SC

Os comentários abaixo não expressam a opinião da ONG Olhar Animal e são de responsabilidade exclusiva dos respectivos autores.