Brasil, o paraíso da tortura animal debocha de seus protetores
O Brasil despertou para o que há de pior em agressividade. Seja se consolidando com um dos países mais violentos do mundo contra o ser humano e contra as outras espécies, tanto na fauna urbana como silvestre. O solo nacional está literalmente encharcado de sangue. E a demonstração que essa escalada é progressiva veio no dia 04 deste mês, com a lei sancionada por Bolsonaro que cria o Dia do Rodeio. Basta dizer que a questão dos rodeios é emblemática para os defensores da causa animal.
Essa expressão da estupidez e do deboche surgiu de um projeto do deputado Capitão Augusto (PL-SP), aprovado pela Câmara em 2018 e pelo Senado no início de outubro passado. E que encontrou o ambiente perfeito para surgir como um ato de escárnio e de insanidade generalizada que domina o país em seu discurso de ódio.
Uma legião de protetores desta população silenciosa – que é sacrificada diariamente nesta imensa câmara de tortura e morte que vem se consolidando a cada instante no país – foi surpreendida essa lei, que pode ser considerada acintosa, desrespeitosa e uma afronta ao mais nobre dos movimentos pela existência digna e pela vida de todos os seres, sem distinção.
O Dia Mundial dos Animais, comemorado também na data do padroeiro da causa, São Francisco de Assis, está maculado no Brasil por ser o Dia do Rodeio. Algo que já foi inúmeras vezes condenado desde especialistas, ambientalistas e até mesmo pela própria Justiça.
O pior disto é que foi proposital, algo pensado para atacar gratuitamente as pessoas que tentam, as duras penas, salvar animais de maus-tratos e da morte. E que conseguem ainda resgatar e abrigar milhares numa rede de solidariedade – sentimento e atitude essa que se tornou um dos últimos redutos do que entendemos como bondade. Mas que é a tênue ligação que mantemos com as dimensões mais elevadas das forças que regem o planeta.
Segundo notícia da Agência Senado, “por ser mundialmente reconhecida como o Dia dos Animais e também o Dia de São Francisco de Assis, um dos santos mais queridos na comunidade católica e padroeiro dos animais”. O autor da lei, Capitão Augusto, é o líder da bancada da bala. Não há o que se dizer mais sobre esse parlamentar.
Um holocausto animal ocorre diariamente nestas plagas, as projeções de pesquisadores tanto da academia, como de entidades ambientais e de associações produtoras da indústria do abate, mostram que, em média, o Brasil mata diariamente cerca de 10 milhões de animais numa somatória geral. De longe, a indústria é a principal responsável seja com seus abates como no uso de agrotóxicos.
No território nacional habitam hoje 220 milhões de cabeças de gado, num rebanho inteiramente para o abate. Enquanto sua população humana é de 208 milhões de indivíduos. Somos sim um país de gado, mas gado marcado para morrer. Florestas sendo queimadas, a Amazônia se tornando uma terra sem lei, crimes ambientais sendo ignorados, ataques a entidades ambientalistas, prisão de brigadistas…
Realmente, o tal paraíso terrestre foi manchado por uma grande e grossa crosta de óleo bruto e uma repugnante nova ordem que privilegia a destruição, a tortura, a dor e a insanidade geral. Que São Francisco de Assis nos proteja!
Por Julio Ottoboni, jornalista, pós graduado em jornalismo científico, ambientalista e ativista na causa da proteção animal
Imagem: Novaes Oc
Fonte: Olhar Animal