Cachorro morre após ter pênis arrancado e patas quebradas em Vespasiano, MG

Cachorro morre após ter pênis arrancado e patas quebradas em Vespasiano, MG
Veterinária que atendeu o cachorro constatou inúmeras fraturas nas patas dele. Foto: ONG Bicho Loko/Divulgação

Cuidado à base de medicamentos que o pouparam da forte dor sentida por fraturas múltiplas nas patas e uma infecção generalizada causada pelo corte de seu pênis, um cachorro encontrado em situação de rua morreu na noite dessa quinta-feira (23) apesar dos esforços da ONG Bicho Loko para a sobrevivência dele. O animal que não teve sequer tempo para ganhar um nome foi retirado de uma rua em Vespasiano, na região metropolitana de Belo Horizonte, com parte do pênis necrosado após ter sido arrancado e as patas completamente quebradas.

Acredita-se que o vira-lata permaneceu uma semana sentindo dor pelos maus-tratos provocados até que recebesse atendimento veterinário. A médica que o atendeu pela ONG constatou que no momento do crime o cachorro já não tinha forças para correr ou caminhar. Uma lesão na coluna muito anterior, também causada por maus-tratos, o impossibilitava de andar – marcas nas patas comprovaram que o cachorro conseguia apenas se arrastar para se locomover.

“Esse cachorro tinha um olhar de compaixão que não sai da minha mente. Ele tinha um cheiro de podridão terrível. As patinhas dele quebradas. Nós não tivemos nem tempo de escolher o nome dele”, relata Lívia Almeida com o choro ainda preso à garganta após descobrir que o animal não resistiu à gravidade do estado de saúde. Protetora de animais e diretora da ONG Bicho Loko, Lívia recebeu um pedido de socorro para retirar o animal das ruas ainda na terça-feira à noite (21).

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Após muita discussão com a família que solicitou o resgate para o cachorro em um bairro periférico de Vespasiano, ela foi obrigada a cancelar os exames médicos do marido que está afastado por problemas de saúde para que ele dirigisse até lá e trouxesse o animal para a clínica veterinária.

“Eu recebi o contato de uma menina na terça-feira falando sobre o cachorro e pedi que ela o trouxesse. Fui tentando contato com ela que demorava a responder. Ela disse ter levado o animal até um veterinário que sugeriu eutanásia, mas queria outra opinião. Ofereci ajuda e atendimento médico para ele e pedi só que trouxessem o cachorro para nós com urgência porque ele estava sentindo muita dor. Ofereci para pagar combustível, tudo, e não trouxeram. Desmarcamos os exames do meu marido, porque eu não dirijo, e ele buscou correndo ontem (quinta-feira)”, relembra.

Quando encontrou o animal, ela disse ter entendido a gravidade do quadro de saúde dele. “Eu encostei na patinha dele e estava tudo quebradinho lá dentro. O pênis dele estava necrosado e o cachorro estava todo urinado. Nós só queríamos que ele não sentisse mais tanta dor”.

De acordo com ela, a veterinária confirmou o histórico de agressões sofridas pelo animal. “A dra. Raquel me ligou dizendo que o estado dele era muito, muito preocupante. Pouco depois da ligação ele morreu com uma infecção generalizada. Além das patas quebradas, ele não andava por conta de uma lesão antiga na coluna. Passa mil coisas na cabeça da gente”. Dado o estado de necrose constatado no cachorro, acredita-se que a violência tenha acontecido ainda na semana passada.

A ONG tentou ir atrás para descobrir quem teria cometido as agressões. Entretanto, não houve resposta. “Nós não conseguimos ir além. Falaram apenas que havia boatos de que alguém tinha cortado o pênis e quebrado as patas do cachorro. A gente vai colhendo uma informação aqui, outra ali, mas não sabemos mesmo o que ocorreu com ele”.

Para Lívia, a demora no atendimento do animal prolongou os momentos de dor sofridos por ele. “Dois dias fazem muita diferença em uma infecção generalizada. Ele passou esses dois dias sentindo muita dor. A moça que solicitou o resgate me contou que deu dipirona, mas isso não é nada, não faz a menor diferença perto da dor que ele sentia. Eles demoraram a trazê-lo, não sei se por medo ou pelo quê. Queríamos dar dignidade a ele”, conclui.

Por Lara Alves

Fonte: O Tempo

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