Cadela albina que não ouve, nem enxerga, é adotada depois de ter sido abandonada duas vezes em Cacoal, RO

Cadela albina que não ouve, nem enxerga, é adotada depois de ter sido abandonada duas vezes em Cacoal, RO
Pérola foi adotada depois de ter sido abandonada duas vezes — Foto: Bernadete/Arquivo Pessoal

Pérola é albina e nasceu sem enxergar ou ouvir. Depois de ter sido abandonada duas vezes no mesmo dia com um corte na cabeça e passar meses em um abrigo da ONG Vira-Lata, Vira Amor, em Cacoal (RO), a cadela finalmente encontrou um lar cheio de amor.

“Foi amor à primeira vista. Ela é linda por fora e por dentro”, conta o casal de tutores, Bernadete e Paulo Sérgio.

Abandonada duas vezes

Marília Santos, representante da ONG, contou ao g1 que em novembro de 2021 uma pessoa pediu ajuda alegando que tinha encontrado uma cadela próxima a uma rodovia, desnorteada. Como na época o abrigo estava em superlotação, eles se disponibilizaram a publicar nas redes sociais e encontrar um possível dono.

“Não demorou nem 30 minutos, a pessoa pegou a cadela, colocou no abrigo e simplesmente deixou lá, ignorando o que a gente tinha pedido. Amarrou a cadela lá e deixou. Ela foi abandonada duas vezes no mesmo dia”, relembra.

Comovidos, os voluntários do abrigo levaram a cadela até um veterinário. Ela estava com um corte grande na testa que precisou de pontos. Lá, os médicos também perceberam que ela é albina e nasceu sem ouvir nem enxergar.

Pérola foi resgatada com uma corte na testa — Foto: ONG Vira Lata, Vira Amor
Pérola foi resgatada com uma corte na testa — Foto: ONG Vira Lata, Vira Amor

De forma emergencial, os voluntários construíram um espaço especial no abrigo para a cadela – inicialmente nomeada de Branca.

“Além da baia dela ser acolchoada, a gente tinha que colocar a ração bem pertinho, pra ela entender. No começo ela ficava muito agitada porque não sabia o que estava acontecendo, aí a gente passava a mão pra ela sentir o cheiro e entender que estava tudo bem. Conforme passou o tempo, foi ficando muito mais fácil. Ela sabia sair e voltar tranquilamente”, conta Marília.

Por conta da necessidade de cuidados especiais que a Branca necessita – como evitar ao máximo ficar no sol – a ONG relata que encontrou muita dificuldade em encontrar para ela um lar.

“O pessoal ia no abrigo, gostava dela, achava ela linda, mas ficava com o pé atrás em relação a adotar. Todo mundo gostava dela, mas não ao ponto de adotá-la”.

Bernadete e Paulo Sérgio com a Pérola — Foto: Arquivo pessoal
Bernadete e Paulo Sérgio com a Pérola — Foto: Arquivo pessoal

Bernadete e Paulo Sérgio já tinham adotado outros animais do abrigo. Quando eles viram a Branca, ficaram apaixonados e decidiram levar ela para casa, inicialmente para fazer um teste, que ela passou muito facilmente.

“No começo ela ficou arisca. O pessoal falou pra eu dar a mão pra ela cheirar, porque ela não enxerga, então eu acho que ela deve ter sofrido muito. Qualquer pessoa que chegasse perto ela já ficava com medo. E aí eu comecei a dar carinho pra ela, hoje ela é meu grude”.

A cadela conseguiu conquistar toda a família dos novos tutores. Em um grupo de WhatsApp, eles fizeram uma competição: quem escolhesse para ela o nome mais original ganharia um prêmio. E foi assim que Branca se tornou Pérola.

“Na verdade é o seguinte: quem não adotou ela, não sabe o que perdeu. Essa cachorra, por ela não ter visão e nem ouvir, ficou muito sensível ao toque. Então ela não tem um pingo de agressividade, ela é muito dócil”, comentou Paulo Sérgio.
Agora, a única “dificuldade” que a Pérola enfrenta é o ciúmes das outras quatro cadelas e de uma gatinha que o casal de tutores tem.

“Ela é MA-RA-VI-LHOSA. Ela já conhece tudo aqui, todos os cantos. E as minhas cachorras morrem de ciúmes dela, porque a gente dá muita atenção pra ela, muito amor, muito carinho”.

Por Jaíne Quele Cruz

Fonte: g1

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