Cadela se hospeda em hotelzinho de Belo Horizonte (MG) e tem a mandíbula fraturada

Os dias de férias da cadela Susi, uma minimaltês de 7 meses, que ficou hospedada em um petshop e hotel de cães na capital mineira enquanto seus tutores viajavam, na semana passada, terminaram em uma mesa de cirurgia. É que ela precisou ser submetida a um procedimento cirúrgico após ter sofrido uma fratura na mandíbula durante sua estada no local.
A família de Susi alega negligência do estabelecimento, a Perros Pet Shop, já que, segundo a gerente de vendas Alessandra Couto, tutora da cadela, a maltês foi colocada junto a outros cachorros, de portes maiores, conforme mostra um vídeo enviado pelo estabelecimento à família – e ao qual a reportagem teve acesso.
O espaço, localizado no bairro Santa Lúcia, na região Centro-Sul de BH, nega a falta de cuidado e afirma ter tomado todas as providências necessárias para oferecer o melhor tratamento a Susi tão logo o problema foi detectado. Segundo a advogada do local, Érica Souza, o pet shop e hotel arcou com todos os custos dos exames e da cirurgia, além da alimentação especial que o pós-operatório do animal exigirá nos próximos dias. “A gente preza pelo bem-estar animal”, disse ela, pontuando que esse tipo de acidente nunca havia acontecido no estabelecimento. “Estamos todos muito tristes e sentidos com essa situação. E não medimos esforços para oferecer o melhor tratamento a Susi a fim de que ela se recupere bem”, frisou a defensora.
A cadela foi operada em uma clínica situada no bairro Castelo, a SoulPet&Vet, indicada pela veterinária responsável pela Perros, Júlia Corrêa, que não soube explicar por que houve a fratura. “Se deu devido a um trauma que ela provavelmente sofreu. É possível que, ao caminhar, Susi tenha trombado em algum lugar e, como é muito frágil, acabou fraturando a mandíbula. É uma situação bem desagradável mesmo, mas tudo foi resolvido da melhor forma”, acrescenta ela, que diz ter acompanhado pessoalmente todos os exames e também a cirurgia.
A família também reclama de omissão e morosidade por parte da Perros. “Eles ficaram três dias sem me mandar vídeos e fotos da Susi. E o combinado era que me enviassem diariamente. Aí, resolvi fazer uma chamada de vídeo e pedi para vê-la. A veterinária atendeu com ela no colo, e fui eu quem detectou um probleminha na boca assim que a vi pela tela do celular. Meu sossego da viagem acabou ali”, conta Alessandra.
A veterinária da Perros explica que, até o momento da chamada de vídeo, que ocorreu na hora do almoço, estava tudo certo com Susi. “Pela manhã, eu a vi e não percebi nada. Ela não estava chorando nem reclamando. Assim que eu desliguei o telefone, detectei uma mobilidade no queixo dela e suspeitei de uma fratura, que se confirmou depois pelo raio-X”, relatou a profissional. Segundo ela, tão logo teve a confirmação, comunicou a situação aos tutores da cadela.
Com relação aos três dias em que a tutora de Susi alega não ter recebido notícias dela, o estabelecimento afirma que, por engano, estava encaminhando as imagens para o WhatsApp de outra pessoa com o mesmo nome de Alessandra.
A família promete acionar a Justiça pedindo indenização por danos morais e materiais. Mais do que isso, afirma querer fazer um alerta: “Ao revelarmos esse caso, queremos pedir que as pessoas tomem cuidado com os animais, considerados membros da família. Estamos falando de vidas. Além do trauma que Susi sofreu antes e durante a cirurgia, está tendo que tomar uma pilha de remédios e dificuldades para se alimentar. Estamos conseguindo apenas dar papinha, e só pela seringa. Sem contar que, daqui a 30 dias, ela terá que passar por outra cirurgia, com anestesia, e correndo risco de morte, para a retirada de uma placa que foi colocada entre o canino e o último dente na lateral direta”, revela Alessandra. “Entregamos Susi feliz e saltitante, e eles nos devolvem ela assim? Não havia monitores o tempo todo? Por que ficou perto de cachorros maiores?”, questiona.
Na avaliação de Val Consolação, ativista da causa animal há 18 anos e especializada em direito animal, houve negligência por parte do pet shop. “As pessoas que se dispõem a fazer esse tipo de trabalho, além de contar com uma equipe especializada em comportamento animal, têm que antever os riscos para evitar situações como essa que prejudicou a cadelinha Susi”, afirma Val.
Segundo a advogada da Perros Pet Shop, o local conta atualmente com 11 funcionários, sendo dois monitores se revezando de dia e um durante a noite. Além disso, há uma veterinária em tempo integral. “O tratamento que é dado aos animais aqui é de alta qualidade”, acrescentou Érica Souza, informando que, periodicamente, são realizados treinamentos com os funcionários, visando à segurança tanto dos animais quanto dos próprios colaboradores.
Outros Casos
Outros cães passaram por maus bocados durante a estada em pet shops de Minas, os quais foram noticiados pelo O TEMPO nos últimos meses. Em maio, o shith-tzu Beethoven, de 2 anos e 6 meses, passou por uma cirurgia para a retirada de seu olho esquerdo após um imprevisto na estada dele em um hotel e pet shop de Ipatinga, no Vale do Rio Doce.
No mês passado, a vítima foi a cadela Belinha, que levou 20 pontos na cabeça depois de ser levada para tomar um banho em um pet shop de Curvelo, na região Central de Minas.
Punição
A Lei Sansão (14.064/2020), de autoria do deputado federal Fred Costa (Patriota), endureceu a pena para quem maltrata animais de estimação no Brasil. A legislação estabelece pena de reclusão entre dois e cinco anos e multa e para que comete maus-tratos a animais. Antes, a reclusão prevista era de três meses a um ano.
Por Daniele Marzano
Fonte: Super Notícia