Cadela tem olho retirado após ser atropelada por trem, se recupera e é adotada por veterinária no litoral de SP
Uma cadela adulta, que foi atropelada por um trem no fim do ano passado e precisou retirar um olho, acaba de ser adotada pela própria cuidadora, a veterinária Marina Lyra, de 29 anos. Apesar de não participar dos procedimentos cirúrgicos da cadela, a veterinária passou a recebê-la todos os dias, para que o animal não ficasse junto a outros bichos em recuperação.
O acidente quase fatal ocorreu na linha férrea de Cubatão (SP), com um trem de carga, em dezembro de 2020. ‘Neguinha’, como foi chamada pela ONG Viva Bicho, que a resgatou e a acolheu, foi atropelada pela composição e teve hemorragia, descolamento da pele na face e luxação da escápula. “Foi um milagre ela ter sobrevivido”, afirma a veterinária.
O animal passou por dois procedimentos cirúrgicos devido ao acidente. No primeiro, foi feita a fixação da pele da face e a enucleação – a retirada do olho direito, que foi completamente comprometido. Quando se recuperou, passou pela segunda operação, para corrigir a luxação da escápula. Ela também foi castrada.
Recuperada das cirurgias e com alta médica, Neguinha precisava de um lugar para ficar. Grande e carinhosa, foi no laboratório de uma clínica parceira da ONG, onde Marina trabalha, que as duas se encontraram pela primeira vez. “Deixamos ela ficar no laboratório, que é onde eu trabalho, sou patologista. Ela ficava o dia todo. Como é bem quietinha e não fazia bagunça, não atrapalhava em nada”, contou a veterinária.
As duas foram se aproximando conforme os dias passavam. “Nos horários de almoço, eu sentava com ela no chão e ficava. Até que ela começou a ficar mais agitada quando eu tinha que sair por algum motivo. Ficava andando atrás de mim”, diz a veterinária.
Os colegas de trabalho de Marina também deram um empurrãozinho para que as duas finalmente ficassem juntas, segundo ela mesmo admite. “Começaram as brincadeiras, com o pessoal falando que era minha filha, e que eu tinha que levar”, relembra. Contudo, havia a possibilidade de a cadela ser adotada por outra família.
“Eu quase morria quando via que alguma família poderia levá-la”, revela. “Mas, até o momento da [minha] decisão, nenhuma família tinha sido aprovada pela ONG para a adoção”, diz a veterinária.
Fim de semana ‘sem compromisso’
A adoção aconteceu de maneira natural, segundo Marina conta. Ela, que mora com o namorado e uma gata, decidiu levar Neguinha para casa para passar um fim de semana ‘sem compromisso’, como chama. “Eu realmente me apeguei. Vi que a Karina, minha gata, ficou bem com a presença dela em casa. Se comportou super bem dentro do apartamento, além de ser um dengo”, contou.
Assim, não houve escapatória para Marina: Neguinha entrou – oficialmente – para a sua família. Todos os dias, a cadela continua indo para a clínica com a veterinária, e passando o dia por lá. Só que, agora, ela fica aguardando o momento delas voltarem para casa juntas.
“É uma alegria. Ela virou minha companheira de todas as horas. Passo o dia fora de casa, e meus chefes permitem trazê-la comigo sempre”, diz. “Chegar em casa é sempre uma festa, hora do passeio, então, nem se fala. Ela realmente trouxe muito mais alegria e amor para a minha vida”.
Por Juliana Steil
Fonte: G1