Um vídeo que mostra dois cães sendo levados com truculência pela equipe do Centro de Zoonoses de Teresina causou a maior polêmica na internet. No canil da autarquia municipal estão abrigados os animais que aparecem no vídeo até o domingo (1º), com acompanhamento de advogados da Comissão de Proteção e Defesa dos Animais da Ordem dos Advogados do Brasil seccional Piauí (OAB-PI).
É o que explica Larissa Marques, vice-presidente da comissão. “A partir do fato noticiado e o vídeo que viralizou, as ONGs se mobilizaram e pediram nosso auxílio para acompanhar as denúncias e boletins de ocorrência na Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente. Nós, enquanto OAB, acompanhamos as denúncias”, conta.

Os membros da Comissão acompanham o caso de perto. “Após isso, fomos encaminhados para o Centro de Zoonoses para verificar a situação dos cães, além do posicionamento de lá. Nesta oportunidade, fizemos uma mediação. Pelo fato ocorrido e o excesso no resgate, pedimos a retirada dos cães de lá”, acrescenta a advogada.

No entanto, a Zoonoses pediu para os cães permanecerem lá até domingo (1º). “Tivemos acesso a eles, que no momento tinham água e ração. Nos garantiram que no domingo os cães seriam entregues para a adoção, e que não seriam eutanasiados. Mas vamos acompanhar até domingo os quatro cães. A parte boa é que a visibilidade do caso já fez com muitas pessoas se interessem em adotar. Precisamos de um tutor responsável. Estamos esperando os resultados de exames”, explica a vice-presidente da Comissão.
Militantes da causa animal reagem à vídeos
Na noite desta quinta-feira (28) houve uma manifestação da porta do Centro de Zoonoses de Teresina, no bairro Acarape, zona Norte de Teresina. Para Thanandra Stefani, do Sarapatinhas, houve excesso e falta de sensibilidade por parte do poder municipal.

Thanandra diz que vários protetores foram ao local. “Todo mundo está indo atrás e a diretora e o povo colocando banca para fazer exame de calazar. Sabe-se lá se eles não fraudar os testes. Não querem deixar os cachorros saírem, só com 72h e se tiver para onde ir, aquele negócio todo. Fui atrás dos cães e eles estavam em um lugar imundo de sujo. Quando as ONGs chegarem limparam o local para tirarem fotos. Mas temos fotos de quando estava sujo”, explica.

A militante conta que não há justificativa para manter os cães presos. “Eram animais mansos e muita gente gostava e alimentava. Parece que o diretor de uma empresa que mandou levarem, sendo que tinha um senhor que cuidava deles. Fizeram a maior coisa, amarraram, estressaram eles, sendo que os cachorros super mansos e todo mundo pegava neles”, aponta.
O outro lado
Oriana Bezerra, médica veterinária e gerente de Zoonoses da Fundação Municipal de Saúde, conta o procedimento foi feito com base em uma solicitação formal. “Recebemos um documento dizendo que os cães estavam agredindo as pessoas. A gerência de zoonoses atendeu a uma demanda solicitada por escrito. Foi uma empresa, mas não vou dizer quem foi, não vou expor. O importante é que atendemos”, relata.
Sobre os vídeos, Oriana conta que houve excesso em ambos lados. “A equipe também foi hostilizada. Em um momento desses pode haver estresse generalizado. Conversei com a equipe, tanto que dois animais foram recolhidos sem problema, até que começaram os diálogos entre todos que estavam lá. Como somos servidores públicos, é de praxe averiguar por processo administrativo. Vamos ouvir os inquérito e a comissão de processos administrativos vai avaliar”, acrescenta a gerente de Zoonoses.
No entanto, a boa notícia é que os animais estão sendo bem tratados. “Os cães estão bem. Várias ONGs foram lá e comprovaram que não haviam sinais de lesões. Eles estão em um canil, de dimensão razoável, de mais ou menos um 3 ou 4 m². Eles estão como todos os cães abrigados lá. De forma alguma eles são maltratados. Devemos aguardar um prazo de 72h, cumprindo o prazo estabelecido, como diz a legislação”, finaliza Oriana Bezerra.
Fonte: Meionorte
Vídeo registra supostos maus-tratos a animais por agentes da Zoonoses de Teresina, PI